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Dossiê Sady Baby

Entrevista com Sady Baby

Por Matheus Trunk


Sady Baby se negando a aparecer na foto tirada pela reportagem da Zingu!

“Eu nunca gostei de dinheiro. Eu faço as coisas por tesão”, assim se define Sady Baby, 53 anos, cineasta, produtor e ator de filmes e peças pornográficas.

Com uma ficha criminal enorme e procurado pela Justiça, Sady recebeu a reportagem da Zingu! com uma série de exigências. Cumprimos todas e ele nos deu, a tão sonhada entrevista, nos tratando de maneira educada e bastante cordial. Os assessores de imprensa do produtor acompanharam toda a entrevista, ao lado de seu estimado mestre.

A conversa foi num lugar reservado na cidade de São Paulo, onde de vez em quando esse obscuro e polêmico personagem da nossa cinematografia aparece. Ele apareceu no dia combinado com sua famosa camiseta de dois cachorrinhos. Porém o leitor não poderá ver o detalhe das vestes de Sady: um cachorrinho estava em cima do outro, demonstrando claramente o ato sexual. Até as fotos tiradas nessa entrevista foram poucas, seguindo a orientação direta de Sady e de sua Assessoria de Imprensa.

Eterno conquistador de musas como Zilda Mayo e Matilde Mastrangi, Sady reconta sua paixão pelas mulheres e também loucas histórias de seu famoso ônibus itinerante que percorreu a América do Sul promovendo shows de sexo explícito.

Personagem eterno das colunas de cinema de Edu Janks nas revistas “Big Man Internacional” e no jornal popular “Notícias Populares”, o realizador fala dos bastidores de seus filmes próprios, especialmente os famosos “Emoções Sexuais de Um Jegue” e “Ônibus da Suruba II”. Também são abordadas pessoas que colaboraram diretamente em seu processo de criação como o fotógrafo e câmera Renalto Alves e o ator Feijoada.

Se definindo hoje como o “cineasta da juventude”, Baby comenta seus próximos projetos: a fita do Maomé bissexual, “Lugar Proibido” sobre transas somente em lugares proibidos e “Tesão dos Crentes” sobre a sexualidade dos evangélicos. E também claro, de sua biografia, que está sendo escrita a quatro mãos pelos jornalistas Fausto Salvatori e Gio Mendes.

Renegado pela intelectualidade e esquecido pela crítica convencional, Sady Baby teve aqui pela primeira vez a oportunidade de dar seu depoimento a uma revista eletrônica. Para sermos mais fiéis ao estilo do entrevistado, não houve por parte da nossa reportagem, nenhum tipo de corte a palavra ou expressão dita pelo entrevistado.

Z- A sua idéia de produzir filmes veio depois que você não conseguiu ser jogador de futebol?

SB- É. Uma coisa eu acho que você não sabe, hoje tem nome mas na época não tinha. Eu me criei com uma família muito bem no Sul, hoje veio pra cá e são muito conhecidos em São Paulo. Eu nem gosto de citar o nome. Quando chegamos em São Paulo, foi no Jaçanã, aí eu morava com eles e era como filho deles. Eu dos 13 anos aos 28 fiquei com eles, só que eu queria ter a minha independência: eu tinha um carro zero, dinheiro, mas eu queria outra coisa. Não era aquilo o meu mundo. O meu mundo é: estar filmando, criando e tendo buceta. O meu negócio se chama bu-ce-ta.

Z- Por isso o senhor partiu pro cinema, achou que era um meio...

SB- Não me chama de senhor !

Z- Não, você...

SB- É você, cacete ! Porra !

Z- Você partiu pro cinema por isso ?

SB- É. Eu nunca fui obcecado por dinheiro, não. Eu sempre fui obcecado por fazer uma coisa que eu gosto porque você não ganha nada nessa vida sem ser fazer uma coisa gratificante com você. Porque se você faz o que você gosta, você é feliz com você. Na época, não tinha muitas condições pra fazer o filme que eu queria no caso. Os dois últimos filmes que eu fiz “O Ônibus da Suruba I” e o “Ônibus da Suruba II” eu já tinha mais condições, só que aí acabou as salas de cinema pra exibir. Entendeu ? E agora eu quero entrar no mercado que quase não tem. O que é ? Gente bonita, uma produção legal com história de começo, meio e fim. Não só sexo. Sexo vai ter a metade mais ou menos dos outros. Tipo Cine Privé da Bandeirantes que passa de sábado pra domingo. Aquilo que eu quero fazer mas eu sou obcecado por estar filmando o dia inteiro olhando pra buceta. Eu não sei porque eu sou obcecado porra ! É a minha vida, disso que eu gosto.

Z- Qual dos seus filmes que deu mais sucesso ?

SB- O que deu mais sucesso, mais retorno no caso foi “O Ônibus da Suruba II”.

Z- No final já ?

SB- No final, em 92. Eu fiz cenas de sexo explícito numa rodovia federal a uma hora da tarde. Estou falando sério e com gente pelada no meio da estrada. Um bando de loucura, é esse meu mundo. Eu fui lá pra fora viajar pela América do Sul e eu fui lá fazer teatro. Quero fazer sexo no gelo, na Cordilheira dos Andes um monte de coisas que eu quero fazer, um monte de projeto mas deixa eu começar. Agora já está na reta final pra começar. Uma das coisas que eu vou fazer que vai dar muita confusão e eu sei que vai dar muita confusão mas eu vou fazer o filme do Maomé.

Z- Pelo que sei você ainda não definiu quem será o ator que fará o Maomé. Qual principal característica que ele vai precisar ter ?

SB- O cara que fizer o Maomé tem que ser bi. Tem que comer dos dois lados.

Z- Você embora seja heterossexual, nos seus filmes tenta mostrar todos os lados do sexo. De onde vem essa idéia ?

SB- Há vinte anos atrás eu estava na cabeça dessas distribuidoras quando botava um gay no filme os caras me enchiam o saco porque eu botava veado. Mas eu sabia que o caminho era esse porque hoje está sendo isso. Mas eu botava porque é uma realidade, eles não queriam aceitar isso. Porque essas pessoas não vê o lado profissional, vê só o lado comercial das coisas. Eu sabia que o gay ia tomar conta e hoje conversando com os europeus de dez filmes eles querem oito de gay. É assim está o mercado, que não vou fazer filme só pra consumo nacional eu vou fazer nacional e lá fora. É essa a minha jogada porque quando for o momento pra lançar eu quero já estar bombando legal, filmar com a minha filha inclusive. Tem até o nome do filme, se chama “Atração Sexual” onde essa filha minha, filha legítima vai transar no filme porque eu quero entrar sempre em cima de polêmica sem pegar estrela. Tem espaço pra isso e é só ter cabeça porque eu me sinto feliz fazendo um filme que o povo gosta, o que importa pra mim é o cara falar: “Pô assisti sua fita, muito legal”. Isso me vale.

Z- Não é o dinheiro ?

SB- Não ! Pouco me importa essa porra. Eu tenho uma coisa que eu mais agradeço Deus que se chama saúde. Pra você ter uma idéia eu vou falar e talvez ninguém acredite mas a última vez que eu tomei uma injeção foi quando eu quebrei a perna há vinte cinco anos atrás. Eu não tenho uma dor de cabeça, nunca sinto nada. A única coisa que eu sinto é tesão por buceta.

Z- O primeiro filme que você produziu “Escândalo na Sociedade” não era um filme de sexo explícito.

SB- Não.

Z- Mas ele se tornou depois por pressão do mercado exibidor ?

SB- Eu lancei no Marabá, gastei um monte e não deu retorno nenhum. Aí parti pro segundo filme “Paraíso da Sacanagem” que foi lançado aqui no Cine Dom José, ficando duas semanas em cartaz e aí começou. Aí eu fiz o filme do garoto deu um bafafá do caralho, veio polícia atrás de mim direto, deu um processo e aí eu fui caminhando. Foi legal enquanto eu fiz. Só pra resumir: se digamos eu tivesse que morar no Morumbi e sair de BMW todo dia e comendo buceta o dia inteiro e não fazer o que eu gosto, eu prefiro morar num quarto de uma pensão, andar de bicicleta e fazer o cinema que eu gosto. Isso eu posso dizer. Eu estando num local principalmente se for fechado e tiver buceta o dia inteiro nem sendo fudida, não tem problema. Aquilo me alimenta, buceta é meu alimento.


Sady em lugar não identificado de São Paulo


Z- Desses seus filmes seus tem algum favorito ?

SB- Uma das coisas que eu mais gosto se chama “Emoções Sexuais de Um Cavalo”, que foi o primeiro filme que eu dirigi e que deu um retorno muito bom. Uma pena que os trambiqueiros não fizeram em DVD, porque a maioria desses filmes que estão em DVD eu nem sabia que fizeram isso. Mas normal faz parte da vida e não estou nem aí. Deixa os caras.

Z- Desses processos algum foi mais complicado ?

SB- Tem processo complicado. Porque eu vendi meu teatro em Balneário do Camburiu ? Porque eu tive a infelicidade dos caras construírem um fórum duas quadras do teatro. Nos últimos três meses que fiquei lá nem pude sair mais do teatro. Estava fechado o teatro mas eu morava lá na parte de cima porque tinha muito oficial de Justiça atrás de mim e um me deu um conselho de amigo: “Sady, você sempre foi um cara legal comigo quando tem teatro você me dá camarote, tudo. Se eu tiver que vim aqui eu vou ter que intimar você e você vai ter que ir lá e o processo vai começar. Se você não estiver aqui, você não vai ser intimido e ninguém vai atrás de você, porque você não é bandido”. Eu tenho esses processos, mas nenhum está em andamento...por que ? Porque não me acharam. Tinha três opções: ou vendia o teatro, ou pagava propina pra todo mundo ou ia pra cadeia. Como pra cadeia eu já fui e não gostei muito de lá apesar de ter ficado pouco tempo, foram dois dias mas não gostei não. É de graça mas não gosto não (risos). Agora, a cadeia mais filha da puta que eu tive foi Antofagasta, norte do Chile divisa com o Peru que eu fiz um show pra 2.500 pessoas, muito legal e lá não podia transar. O máximo que eu podia tirar era a minha calça, a camisa e ficar de sunga. Da mulher, eu podia chupar os peitos dela. Chupei os peitos, chupei a buceta e passei a vara na mulher. Acabou o show eu fui em cana e fiquei num frio desgraçado lá, duas noites num canto de pé porque falei: “Eu não dei a bunda no Brasil vou dar a bunda aqui no Chile agora meu !”. Então, lá foi difícil...48 horas incomunicável mas saí numa boa mas foi complicado. Acabou o show, me algemaram na boa não me bateram, me trataram até bem. Eu sabia disso, eu fiz porque eu quis me deu tesão, eu plantei a vara. O povo gostou, eu também gostei só que eu sofri as conseqüências: depois fiquei 48 horas incomunicável. Foi a cadeia mais ruim que eu tive, não comi nada, não dormi fiquei lá nego querendo me faturar ali ? É foda. Numa boa e tal, mas são coisas que eu passei que me serviram de experiência. Nos países que eu estive aqui fora, eu fiquei quatro meses fazendo show no Uruguai, seis meses no Chile. De Santiago a Arica, que é a divisa com o Peru dois mil e tantos quilômetros que é a parte mais seca do mundo, mais seca que o Saara. Faz cinqüenta anos que não chove, Atacama, tudo ali nada chove. Então, a gente foi fazendo show de cidade em cidade, só que aquele povo pobre tudo era interessante, aquilo era gostoso de fazer. Claro que a gente não estava ganhando muito...tinha dinheiro pra comer mas era uma aventura e eu gosto de aventura porra ! Falaram assim pra mim: “Na Colômbia vão dar tiro”, passei pela Colômbia, eu tenho foto com mulher pelada na rodovia da Colômbia. Tranqüilo, na boa porque tinha duas mulheres muito bonitas que viajavam comigo e eles nunca revistavam o meu ônibus. Quando a gente parava em aduaneira, divisa de países os caras falavam assim: “Que lindas, que ricas”. Porque lá tem muita gente feia, no Peru. Deus quando passou no Peru deve ter castigado, porque o que tem de gente feia naquela porra. O país que eu mais gostei foi a Venezuela, tem muita gente bonita. Então, eu passei por todos esses países e foram experiências que eu tive, uma coisa gostosa e todos os países que eu passei eu tinha que comer uma buceta. Mas onde eu quebrei a cara foi em Iquique, antes de Arica divisa com o Peru...

Z- Como foi isso ?

SB- Nesse dia eu cheguei num telefone antes de meio dia, mais ou menos, e eu ia telefonar pro Brasil. Cheguei lá, nunca esqueço: tinha três telefones. Peguei a chave e fui lá telefonar. Quando eu saí da cabine já estava fechado o escritório, só tinha ela: “Brasileño, me gusta muito de brasileño, si bueno o que se passa a cá ?”. Ela estava assim perguntando o que eu fazia ali e eu: “Show erótico”. Ela: “Oh ! Show erótico, muy caliente ?”, e claro que eu não perdi a chance:“Si, claro. La concha, tudo”. Ela ficou espantada: “Tudo ?”, eu: “Si”. Aí começou aquele papo, resumindo: a mulher mais gorda que eu tive na minha vida, ela pesava uns 160 quilos. A hora que aquela mulher tirou tudo aquilo ali debaixo eu só vi aquela escuridão, aquele bafo subiu mas tudo bem mandei ver. Foi a pior coisa que eu fiz na minha vida (gargalhadas), oh meu Deus do céu !

Z- Mas você não se arrepende ?

SB- Não, não me arrependo de nada. Se tivesse que fazer eu fazia tudo de novo...mas foi uma aventura. Quando veio aquela idéia na minha cabeça, eu não me conformo: tudo cabeludo com aquela cabeleira assim. Aquela roupa não parava de subir, porque a roupa que eles usam lá no Chile é tudo fechadinho. Eles são puritanos, pra tu ter uma idéia pra você ir numa locadora pra pegar um filme pornô o cara não vai dar pra você, tem que ir um chileno amigo seu que já conheça o cara e pega a fita. É complicado lá...pra você ter uma idéia na época que eu estive lá, faz dezoito anos...estava passando aquela novela “Pantanal”, mas eles passavam de madrugada. Mulher não mostra nem o peito na televisão. Lá é complicado, muito complicado...Uruguai que é a divisa ali sai de Rio Grande já é complicado ! É outra cabeça ! Aqui nós temos liberdade de expressão muito grande. Eu agradeço a Deus por ser brasileiro porra, porque aqui tem liberdade demais. Aqui tem tudo, ladrão, tudo que você puder imaginar. Aqui é bom demais, um clima gostoso...pra você ter uma idéia no deserto de Atacama no Chile, quando era quatro horas da tarde tinha vinte graus de calor, quando não é vinte graus abaixo de zero a tua pele ficava mais seca do que se você passar gasolina na própria pele. Por isso, eles tem a pele fudida, tudo assim negócio não agüenta. Começou a me dar uma dor de barriga e eu pensei que estava com AIDS...é complicado. Vou te contar uma passagem muito interessante: uma gaúcha que eu conheci em Bagé veio assistir ao espetáculo, ela e o noivo dela. Muito linda e ela se ligou em mim...o cara trabalhava comigo dali ele veio pra Porto Alegre e contou pra mim que saiu com outra menina. Ela estava afim de deixar o cara, desquitou, deixou o noivo e veio ficar comigo. Aí ele teve uma filha com ela tudo...mas quando eu fui viajar pro Chile, eu já estava com outra menina. Quando nós chegamos em Santiago do Chile, essa minha ex-mulher que teve um filho que era noiva do cara fugiu. Quem levou nós pra lá foi um chileno de circo e ele foi pra casa dos pais deles e nós ficamos no meu ônibus, estacionado num posto de gasolina. No segundo dia, ela sumiu e a gente precisávamos dela pro espetáculo, era eu, o anão e mais três meninas só. Eu liguei pro chileno e falei: “Roberto, a Luli sumiu e levou os passaportes”. Eu tive uma idéia graças a Deus...bicho, um país diferente você fica esperto pra caralho. Eu peguei todos os passaportes, botei num plástico e botei embaixo do carro dela que tinha atrás do posto de gasolina onde nós estávamos. Eu falei pro chileno que ela tinha ido embora com os nossos passaportes e tinha que prender ela na Cordilheira dos Andes. De Santiago até a Cordilheira que é a divisa, ou com a Argentina são duzentos quilômetros. Aí ele ligou pra Polícia Internacional e eles falaram que ela seria presa na Cordilheira dos Andes, onde ela foi mesmo. Chegamos na Polícia, eles não podiam prender ela lá porque ela não tinha os passaportes, aí eu comecei a ficar muito louco lá dentro e comecei a gritar: “Mas que país é esse ?”. Lá na época a anos atrás, você não saia sem passaporte...como eu ia sair daquele país ? O país é um O. Então o que acontece: prenderam a menina, levaram pra Santiago do Chile aí de manhã cedo pegaram ela. O policial falou pro Roberto, que é o chileno que foi com nós: “O rubio está com o passaporte”. Aí foram no meu ônibus e revistaram todo ele e não acharam os documentos. A noite eu dei um cacete naquela menina, lógico porque nós íamos passar fome lá, país de fora. Ela ficou com umas marcas: “Por que você fez isso comigo ? Você está com outra”, eu estava com outra mulher, eu sempre fui assim. Eu pensei na hora que seu eu soltasse ela, eu ia em cana lá a lei é a lei e a lei é foda. O que eu fiz ? Peguei uma corrente amarrei na perna dela, amarrei na minha perna botei um cadeado e peguei a chave e amarrei no pentelho porque o único dia de eu dormir quinze dias foi amarrado com essa menina. Foi a sobrevivência nossa, então o que acontece: eu fazendo show, fiz toda a parte do show. Aí um outro caso muito interessante: um chileno...eu estava em Antofagasta, norte do Chile...nós estávamos parados num posto de gasolina, aí veio um motorista chileno casado com uma brasileira, que conhecia o chileno que estava me levando. Ele falou assim: “Esse chileno vai te levar pro México, vai jogar você num rio, vai levar o seu ônibus e vai embora. Tu muda a rota”. E agora ? Eu ia subir Peru, Colômbia, Venezuela, Equador e ir embora. Eu não tava nem aí, se precisasse vender o ônibus nem estava preocupado. Aí eu só escutei, o cara falou isso pra mim e pensei como que eu ia voltar ? Eu não podia me separar do cara, porque eu dependia dele só que se eu ficasse com ele, ele ia me levar pra outro caminho e ele estava querendo jogar as outras pessoas contra mim. Aí o anão ficou a favor dele, não era cabeça pequena. O anão que fazia show comigo tinha 80 centímetros de altura e 27 de pau...

Z- (surpreso) O que é isso ?

SB- Não, não se assusta não. Aí a tua cabeça tem que funcionar nessa hora...ele era apaixonado por uma menina que estava no elenco, eram três: as duas e essa loirinha. Amiguinho, aí a tua cabeça tem que funcionar lá as leis são diferentes daqui. Eu peguei uma essa que ele gostava falei: “Eu vou pra boate, no puteiro lá da estrada com o anão, com esse chileno e eu vou ficar até cinco da manhã mais ou menos. Você tem que pegar essa menina, botar no ônibus atravessar o país e ela tem que ir embora”. Quando chegamos nos puteiros fudidos lá, que lá tem o exame da cida. Para tudo o som, se a mulher não tiver a carteirinha é presa, é complicado. Quando chegamos cinco horas da manhã no ônibus, ele foi dormir cada um no seu quarto. Quando chegou dez horas da manhã e ele levantou e não viu a menina, ele começou a gritar: “Cadê a menina ?. Aí ele quis brigar comigo, e eu: “Então vamos brigar”. Amigo é complicado ! Eu estava no país do cara rapaz, eles falam a mesma língua e falam tão rápido que você não entende porra nenhuma. Se ele falar de vagar você entende, se rápido não entende bosta nenhuma. Eu falei: “Roberto quer pelejar comigo, eu vou pelejar contigo. Só que Angelita está grávida de você”. Angelita era a menina que ele gostava. Aí ele se surpreendeu e mudemos a rota da Venezuela voltamos e quando chegou no Brasil, eu falei: “Ah gringo ! Agora é comigo gringo. Senta no pau, filho da puta. Agora eu vou cortar o seu pau fora !”. Eu sou muito louco da cabeça, eu ia cortar o pau do chileno fora. Lógico: lá no Chile ele fez eu passar o pão que o Diabo amassou e agora ele ia se ver comigo, estava no meu país. Eu falava: “Vou cortar seu pau fora ! Eu vou te matar desgraçado !”, e ele: “No !”, se ajoelhou e tudo. “Pega essas roupas e vai embora desgraçado, cai fora”. Lógico é complicado...eu nunca comi tanto pojo na minha vida. Pojo é frango...cara você não sabe o que eu passei por lá. Mas tudo foi experiência, sou mais patriota hoje entendeu ? O país que tem mais gente...o melhor povo de todos os países que eu tive é o povo uruguaio. Muito hospitaleiro...

Z- Você chegou a ir na Argentina ?

SB- Argentina eu só atravessei. Depois eu te conto a história: no Uruguai eu me encontrei com uma advogada chilena e tive uma coisa muito gostosa na minha vida...uma coisa interessante. Eu acho que eu não devo bater bem da cabeça, que eu não bato bem eu já sei. Mas nós fomos no escritório junto com uns caras de uma boate, os caras estavam fazendo show na boate e a gente estava tentando armar um lance pra entrar com sexo explícito no Uruguai, Montividéu. Aí chegamos no escritório do advogado, conversamos com o cara lá e marcou de um outro dia a gente ir lá. Fomos no outro dia mas era uma advogada muito gostosa assim, de minissaia, toda boa assim...ela sentou assim num sofá com aqueles pernões...eu fiquei olhando pra ela, me dando bola. Eu quase dei um beijo na boca dela, aí eu tive que sair de Montividéu pra vir a São Paulo buscar um casal. Aí eu estava na rodoviária que eu não gosto muito de avião, liguei pra ela. Na volta, eu fiquei quatro meses lá e vivi um romance muito legal com ela. O tesão dela era transar no meio da avenida 19 de Julho numa caminhonete dela, uma Nissan. Ela separou do marido dela porque ela gostava de ter uma relação anal e o cara falou que não era pra aquilo, os caras são muito caretas. Uruguaio é muito careta nesse lado. Fiz esse lado pra ela, ela se apaixonou...viemos pra São Paulo, eu estava num hotel na Alameda Santos. Um dia ela me mostrou uma pistola automática e falou: “É meu, se você me trair eu pego essa pistola e disparo na sua cabeça”. Aqui em São Paulo, ela estava maluca. Por isso, eu vim embora e nunca mais vi ela...mas nós tínhamos uma coisa muito gostosa, a gente transou dentro do carro numa madrugada. O pai dela era juiz...um lance muito louco, ela era muito louca e eu era maluco e foi um negócio muito legal. Todo o elenco foi embora e eu fiquei lá três meses curtindo, Punta del Leste, Uruguai o maior barato. Fiquei amigo dos dois filhos dela, um de sete e outro de oito anos. Ela era prima do Daryo Pereira na época que ele era treinador do São Paulo, um grande romance muito louco só que ela se apaixonou de uma forma...lá eles levam muito a sério o casamento. O brasileiro não está nem aí, hoje está com outra é normal mas lá eles não tem essa coisa, levam muito a sério esse lado. Terminou, terminou e pronto e a gente não é assim, eu não sou assim. Aqui nós temos uma liberdade muito grande pra isso, lá não é assim eles levam muito a sério.

Z- Isso você só percebeu quando viajou ?

SB- Não, eu já estava percebendo lá. Mas enquanto estava gostoso ela gostava, ficava louca, gritava: “Ai meu culo”. Gente bem, não é porque ela é gente bem...mas é uma pessoa legal, alegre, ela me falou: “Sady, você me deu uma alegria que eu não tive. Eu tenho trinta anos hoje e não tinha uma alegria que eu queria ter, o meu marido não me dava isso”. O cara era advogado, já tinha separado a um ano e pouco por causa dele não ter uma cabeça aberta pra esses lances sexuais...Ele só transava no escuro. Tem muita gente com cabeça fechada, não é só lá aqui também tem. O que acontece ? Não dá certo, você precisa ter uma liberdade, uma expressão, uma liberdade de se expressar com o companheiro, a companheira. Então, esse lado eu aprendi com o tempo e ela se soltou comigo, só que ficou censurada, falando: “Você é meu !”. O caralho ! Eu não sou de ninguém e isso eu falei em rede nacional, falei que o meu futuro vai ser morar debaixo da ponte com os cachorros. Mas isso é normal, pelo menos pra mim é normal.

Z- Embora você tenha feito teatro, você prefere o cinema ?

SB- Eu não gosto de teatro. Teatro foi uma opção porque quando o cinema aqui o cinema de São Paulo começou a decair muito em 90, eu tive uma idéia de comprar um ônibus e fazer. O ônibus que eu tive era muito louco, eu tive idéia e comprei um ônibus do jeito que eu quis. O teatro quando eu fiz, o arquiteto não sabia fazer a estrutura do teatro e eu ia falando: “É assim, assim que você vai fazer”. Porque a minha cabeça viaja muito...se eu vejo um casal, eu logo penso neles pelados ou transando como eles se gostariam de se sentir. A minha cabeça é assim...só que eu respeito todo mundo. Outro dia um cara estava no meu escritório: “Poxa Sady, a fulana que trabalhou com você e você nunca deu bola”. Eu respondi: “Eu respeito as pessoas”. Eu gosto, mas não é porque eu gosto que eu vou atacar alguém...eu gosto de respeitar as pessoas que trabalham comigo, as pessoas que convivem comigo. Porque você dando respeito, você recebe respeito também só que eu gosto de achar os porra loucas que bate com a minha cabeça. Está cheio de pessoas aí que tem aquela vontade de se expressar e fazer, só que tem medo de falar pra pessoa, tem medo de se expressar, de se abrir. Se a menina quer se abrir, contar um lance que curte o cara pode pensar que ela é uma puta. Está cheio de bundão, não vou falar que eu sou um esperto, eu sou mais um. Mas está cheio de cara caretão, eu acho que você tem que fazer o que se sente bem e o que te dá vontade de fazer. Quando eu boto um negócio na minha cabeça, eu vou fazer. Vai dar problema ? Foda-se. O importante é que eu vou fazer. Vai dar cadeia ? Não importa, eu vou lá fazer.

Z- Nem dinheiro ?

SB- Não ! Eu não me preocupo com dinheiro, o caralho. Se eu morrer um dia, o dia que eu morrer se eu tiver um monte nego vai brigar pra pegar o que é meu. Irão pensar: “Porra esse velho do caralho não morre nunca ?”. Então, eu quero curtir, quero comer buceta, buceta que eu vou montar apartamento...


No filme Come Tudo, produzido por Sady,
em que um menino de 7 anos praticou cenas de sexo explícito.

Z- Com quantos anos você perdeu a virgindade ?

SB- Eu comecei com galinha ou com gente ? (risos). Você sabe a história da galinha ? É o maior barato. O primeiro serviço que eu tinha era num galinheiro, eu tinha que pegar as galinhas pra botar o dinheiro nos cu delas pra ver quais tinham ovo. Então, separava, aí vi uma com um cu legal e comecei a comer galinha (gargalhadas). Ali eu comecei, mas com mulher foi com onze, doze anos. Aí eu comecei, peguei um facão e fui pra cima e falei: “Ou dá ou eu te corto”. Sou eu, isso é tudo coisa da minha cabeça. Pegara um caminhão, botaram uma mulher dentro numa cabine e falaram: “Dá um picote”. Nossa, quando eu dei o primeiro picote da minha vida eu me senti o máximo, achei que podia comer todo mundo. Comecei a comer a empregada de um médico na minha cidade, o médico deu um monte de tiro nas minhas costas. É um rolo do caralho...bicho, se não fosse por causa de buceta hoje eu era um cara milionário. O que adianta ser milionário se eu não posso fazer o que eu sempre quis fazer ? Sou feliz porque eu faço o que gosto. A maior felicidade que eu tenho é a liberdade de sair na rua, de cabeça erguida, ter as pessoas que eu conheço, me conhecem e fazer o que eu gosto. O que importa você ter um monte de grana e não fazer o que você gosta ? Eu não tenho um monte de grana mas faço o que gosto. Sou feliz porque faço o que gosto. A coisa mais importante é de fazer e de se expressar porque esse país é tão livre, de falar tudo que você sente e em canal de televisão também, porque nesses países aí fora você não tem essa liberdade que você tem aqui. Então, a maior felicidade que eu tenho são essas lindas mulheres que tem no Brasil.

Z- A sua primeira real parceria de direção foi com o José Adauto Cardoso. Como foi isso ?

SB- Foi porque eu não sabia dirigir. Eu sabia dirigir um carro, mas não sabia dirigir um filme. E foi em contatos daqui, contatos dali. O cara mais louco que dirigiu filme pra mim chama-se Arlindo Barreto, hoje ele é pastor de uma igreja lá em São José dos Campos. Esses dias eu fui lá pra ver os negócios de um ônibus e encontrei ele. Ele falou: “Esses crentes do caralho, esses bundões dos caralho”. Ele é um puta porra louca, continua meio porra louca fazendo as partes dele lá. E o Zé Adauto é um cara legal, gosto muito dele inclusive falei com ele esses dias. Ele tá uma bolinha.

Z- Mas ele dirigia os filmes que vinham na sua cabeça ?

SB- Mas ele ia muito na parte dele, entendeu ? Inclusive aquele filme do garoto, foi ele que dirigiu (Sady refere-se ao filme “Come Tudo” em que uma atriz maior de idade faz cenas de sexo explícito com um garoto menor de cinco anos de idade). Eu dei a idéia, mas foi ele que dirigiu. Só que estourou na minha, eu falei: “Deixa que eu compro essa bronca aí”. Quando eu fui viajar o processo estava continuando e eu deixei o processo correr, não estava nem aí. Lá no Sul um cara me ligou: “Olha Sady, você foi condenado a três anos e nove meses”. Fiquei bem comportadinho, dirigi o ônibus, fiz espetáculos, tal. Em Balneário de Cambúriu, quatro anos atrás um funcionário meu se envolveu com uma menor em uma panfletagem. Levaram pra delegacia e a delegada me ligou: “Você pode vir aqui ?”. Eu perguntei: “Se é pra ir preso eu já vou com a roupa” (risos). Ela falou: “Não”. Cheguei lá era uma intimação, e eu falei que o cara trabalha muito tempo comigo, não sabia que ele estava se envolvendo com uma menor e saí. Isso foi as duas e pouco da tarde, quando chegou as seis e pouco da tarde eu estava tomando banho no meu apartamento que era em cima do teatro. A menina que estava fazendo o almoço me falou: “Sady, tem um cara querendo falar contigo. Respondi: “Se for polícia manda esperar”. E não era que era polícia rapaz ? Um guarda-roupa, um elefante lá embaixo...e caralho. Cheguei lá embaixo ele falou assim: “Você pode me acompanhar ?”. Eu perguntei: “Pode ser no meu carro ?”. Ele simplesmente respondeu: “Não, tem que ser comigo”. Pensei que eu já estava preso, me algemaram por trás como bandido, sabe que por trás é bandido ? Chegando lá, eu falei pra delegada: “Sabe delegada, eu tenho direito a uma ligação”. Mas aí tocou meu telefone na hora e olha aqui o que está escrito no telefone: bucetão ! (rindo). Eu sei que quando ela pegou no meu telefone, a vontade dela era pegar o telefone e enfiar dentro da minha boca. Mas como tinha mais gente, ela não pode fazer isso, me liberou, eu liguei pra um advogado e eu quis ligar pro diretor do presídio, que era meu amigo pra arrumar um lugar legal pra mim lá. Resumindo: eu cheguei no presídio o meu amigo estava de férias mas ligaram pro cara e ele me liberou. Eu fiquei dois dias em cana por conta desse processo aqui em São Paulo do garoto, não fiquei os três dias, paguei um monte e saí. Então, esses conhecimentos foi importante entendeu ? Esse filme do garoto foi um erro que foi feito mas um erro que todo mundo fez de boa vontade, ninguém fez nada forçado. O pai do garoto estava junto, então são coisas que aconteceram.

Z- Não foi premeditado ?

SB- Não, aconteceu. Se me falarem que vai dar problema não tem problema. A gente se informa e eu não me arrepende de nada que eu faço. Nada, nada. Só pra resumir: aquele teatro pra mim era uma aposentadoria porque toda temporada eu podia livrar sessenta, setenta paus numa boa ou mais, líquido. Fiquei só três meses lá mas aquilo é só a tijolo e ferro que fica lá, você vai terminar em cana. Prefiro a liberdade que é a coisa mais gostosa do mundo, com um monte de buceta pra comer. Ficar em cana o cara vai pensar até em dar a bunda porque não tem buceta pra comer. Se ficar sem buceta eu morro ! Deus me livre. Se eu ficar...Nossa Senhora ?

Z- É a sua filosofia ?

SB- É o meu alimento. Meu alimento. Se eu tiver que ficar um mês sem comer e ainda ter de optar por comer ou ter uma buceta, eu quero morrer dentro de uma buceta. Não se importa se gorda, magra, branca não tem. O importante é ter buceta, o meu prato gosto e pronto, acabou.

Z- Você tem idéia de quantas mulheres você namorou ?

SB- Ah...Eu vou completar um número redondo agora no final do ano. Eu tenho uma média tinha que comer duas por semana, duas ou três por semana diferentes. Então, doze por mês, cento e quarenta e quatro por ano...aquele negócio até 2009 vai dar umas seis mil pessoas, esse é o meu limite. Depois, o que vier é lucro...sei lá, eu gosto.

Z- Como é a sua relação com o David Cardoso ?

SB- O primeiro filme que eu fiz eu peguei equipamento alugado do David Cardoso. Eu peguei alugado, paguei tudo direitinho pra ele, um cara muito legal, gosto dele, admiro ele. Só que hoje ele está muito mal de cabeça, está bebendo. A partir do momento que você entra nesse meio, você tem problema por ficar parado. Se eu não ficasse em Balneário do Camburiu por não estar mais viajando eu ia ficar neurótico, neuro. Não, não é isso, não tem nada haver estou administrando aquilo que eu tenho pra fazer uma estrutura legal pra aqui e pra fora. Estou com tudo na mão agora, o mais difícil já foi, graças a Deus está tudo comprado e eu vou fazer umas produções diferentes em cima daquilo que eu gosto de fazer que é o cinema, é o pornô, é as mulheres, uma coisa diferenciada e vai dar certo. Vai ter que plantar uma bandeira, no ano que vem eu vou estar na Feira Erótica com o “Soltando a Franga”.

Z- Que tipo de público os seus filmes atingiam na época ?

SB- Eu acho uma coisa interessante que na época eu atingi um nível assim povão. Hoje eu saio muito na rua, de carro ou a pé e a juventude me acompanha, que eles não viram os filmes meus. Não sei, acho que foi da televisão que eles me acompanharam da forma que eu sou, de me expressar, falar tudo que eu sinto. Porque normalmente as pessoas que fazem pornô não querem assumir: “Não, não fiz. Não, não sei”. Fala que fez por dinheiro, ninguém quer assumir nem os donos de produtora chegam em televisão e falam que são donos de produtora: “Não, eu tenho um negócio lá” e bate um testa de ferro e não quer assumir. Eu acho sexo uma coisa bonita porra ! Não tem nada haver se o cara dá a bunda é problema do cara, mas assuma o que tu faz então é essa facilidade de expressão que tema juventude. Não tenho nada contra ninguém, que fique bem claro isso mas eu estou pegando uma fatia da juventude. A partir do momento que eu lançar o filme no mercado, eles vão entrar de cabeça comigo porque eu falo a língua deles. O que eles gostam ? Gostam de liberdade porra ! Festa, eles não estão preocupados com o que vai acontecer amanhã, se vai dar filho, se não vai eles querem vincar o pau. É o que eu gosto.

Z- Você acha que com o Renalto Alves você estabeleceu uma parceria maior do que com o Zé Adauto ?

SB- Veja bem:o Adauto era diretor e o Renalto é câmera, ele ajudava na direção mas o negócio dele é câmera. Ele vai é meu câmera até hoje, inclusive está com um material novo meu fazendo teste que eu comprei pra pegar todos os dados, direitinho, como que vai ser feito, manuseio. Porque hoje é uma outra linguagem, não é 35 mm, é DVD, é diferente com menos luz. O Renalto vai continuar comigo.

Z- É seu maior parceiro em cinema ?

SB- Ah sim. É o meu maior parceiro meu porque faz o que gosta. Eu sempre trabalho com pessoas que fazem o que gostam, não pode fazer só por dinheiro porque se fizer porque gosta sai com tesão, amor. Tudo tem que ter tesão: é que nem uma foda, a mesma coisa. Se você gosta de fazer isso, vai fazer com tesão então vai fazer bem feito. Ou senão, vai tentar chegar ao melhor. Ele é um cara que eu nunca briguei, nunca discuti, um cara legal, cabeça e meu amigo. Amigos são poucos e ele é um deles.

Z- Onde você conheceu o pessoal que fazia filmes com você ? Porque era um elenco quase fixo: Feijoada, X-Tayla...Onde você conhecia essas pessoas ?

SB- Eles apareciam no meu escritório como apareceu o Zé do Cheque, apareceu muitas pessoas. A primeira vez eu não dava trela, mas a pessoa tinha que insistir, insistir pra dar papel porque aparecia tanta gente, muita gente. Então, eu só pegava os fixos, os Feijoada da vida, pessoas que trabalhavam comigo porque eu precisava ter uma equipe boa. Eu só olhava pro cara e ele já sabia o que eu queria, então isso é bom pra você estar numa equipe: você olha pro cara e ele já sabe o que você quer. Isso é o mais interessante porque você não faz nada sozinho, eu dependo das pessoas. O Feijoada é um cara que sempre dei conselho pra ele: “Feijoada, você é um baita cara legal, gosto de você mas para de beber, não pode beber”. Pegou um carro, deu contra um poste matou dois amigos e ficou cego das duas vistas. Fazer o que ? A gente dá a letra se o cara quis. Eu quero morrer afogado dentro de uma buceta, o cara quis dentro de um poste.

Z- Como é a sua dieta ? Porque me falaram que você se alimenta a base de banana.

SB- Eu se for no zoológico eu brigo com macaco porque eu gosto muito de banana. Eu sempre fui assim, nunca fiz dieta. Eu sempre tive tendência de engordar, mas eu nunca engordei sempre tive o mesmo peso desde o tempo que eu jogava futebol. Eu não como muito, passo fome. Eu como muita fruta, fruta eu como todo dia. Jantar, eu nunca janto, como fruta e a sobremesa é sempre buceta, o mais importante. Agora eu não gosto de ficar em churrasco, essas coisas não é comigo não.


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Z- Mesmo assim, você está com 53 anos e funciona normalmente ?

SB- Graças a Deus. É lógico, normal...bicho, eu penso dessa forma: eu nunca fumei, eu nunca bebi e isso me ajudou muito. Nunca fiquei doente, me alimento legal e você sabe que você tem que dormir legal pra você transar legal e eu estou dormindo muito pouco, nervosismo. Mas quando me dá sono eu tenho que trepar, aí eu trepo, me dá sono e vou dormir. Eu não sei, lógico quando eu tinha vinte anos dava sete, oito fodas hoje posso diminuir duas, três mas continuo normal todo dia. Eu se não transar todo dia, eu tenho que bater uma punheta. Eu sou um punheteiro, por isso eu admiro os moleques punheteiros porque eu sou um punheteiro.

Z- Por isso você quer falar com esse público ?

SB- Mas esse é o meu público porque a maioria das pessoas da minha época eles até se lembram de mim mas eles são meio restritos. Ou viraram caretas ou eu continuei porque hoje em dia você tem que acompanhar a evolução da tecnologia e da juventude senão você vai ficar pra trás. Eu não estou aqui pra discriminar ninguém, nem a idade de ninguém, nem a classe social da pessoas mas sim a divulgação do sexo mais livre. Antes, não tinha esse espaço na televisão, rádio ou mídia mas hoje tem, então eu falo. Eu falo porque as pessoas, a juventude tem que saber disso porque tem poucas pessoas que vão na frente da televisão e falam e acho que eu vou transmitir via filme o que eles tem que fazer. Eu acho que um filme que eu quero mostrar muito pra juventude é o “Local Proibido”, esse filme vai ser rodado tudo em lugar proibido, tudo. Eu sei que vai dar problema, eu sei que vou pra cadeia, vou me complicar mas eu vou filmar “Local Proibido”, porque tudo que é lugar proibido eles vão trepar porque juventude não tem lugar pra dar uma foda, eles querem fuder, eles querem enfiar o pau, eles querem gozar. Eles não querem saber se a mulher gozou, eles querem eles gozar. Mas fazer o que ? Nem todo mundo tem essa expressão, então eu acho que tem que mostrar que é assim que é feito, normal. Eu quero entrar na língua deles.

Z- Como funciona essa determinação sua ? Que quando você quer fazer uma coisa você faz, não importando as conseqüências...

SB- Eu acho que foi porque com doze anos eu fiquei sem pai, sem mãe, sem irmão, sem irmã não tinha ninguém. E desde os doze anos eu tinha determinação por mim, eu fui aprendendo com determinado tempo. Geralmente, quando as pessoas ficam sozinhas, ficam abandonadas, vai pra estrada da vida ou vai roubar, mas eu aprendi a trabalhar. E com dezesseis anos eu tinha carro na mão e você com carro na mão, a maioria das mulheres é Maria Gasolina, e eu aprendi um caminho que se chama buceta. Então, carro, buceta, casa. Aí o que acontece: eu comecei a me determinar sozinho. Eu não dependia de ninguém, de trocar idéia com ninguém ou o conselho de ninguém. Eu fui continuando com as coisas da minha cabeça. Pra você ter uma idéia quando foi pra comprar o ônibus aqui a dezesseis anos atrás, os caras disseram pra mim: “Você vai bater a cara”. Se conselho fosse bom era vendido, se desse errado era problema meu e se desse certo também era problema meu. Então, quando eu tenho uma idéia na minha cabeça- como quando construí aquele teatro. Peguei todo meu investimento e construí, deu certo. Só parei porque os meus problemas de pensão alimentícia, então quando tem um negócio na minha cabeça eu cobro de mim. A minha expressão...acho que a liberdade é a melhor coisa do ser humano chama-se liberdade e eu sempre lutei pela minha liberdade.

Z- E a dos outros também ?

SB- Sim, exatamente. Ajudar as pessoas que eu puder ajudar. Se eu puder ajudar uma pessoa, eu ajudo com o maior prazer do mundo eu ajudo. Eu acho que eu não vou levar nada dessa vida no dia em que eu for embora. Então, porque eu não vou ser legal com as pessoas ? Se eu puder ajudar, eu ajudo mas não serve pra dialogar comigo as pessoas careta, aí não casa, não vira, eles falam que eu sou louco, então deixa pra lá. Se eu sou louco eu não sei, mas eu gosto e admiro as pessoas que tem liberdade de expressão.

Z- Você quando novo ia muito em cinema ?

SB- Sempre, sempre. Eu sempre fui em cinema, eu jogava futebol e ia no cinema. Eu me lembro que em Erechim que fui assistir uma vez um filme do Mazzaropi, nunca esqueço aquele filme. Ele pegava uma mala de dinheiro e queimava aquele dinheiro. Aí eu fiquei triste pra caralho, eu chorei de noite pensando que ele era burro, mas eu era mais burro ainda por não sabe que era um filme. Eu sabia que era filme mas não sabia que o dinheiro que estava queimando não era de verdade. Então, são coisas de criança mas eu sempre gostei de cinema. Eu sou fã do Sylvester Stallone.

Z- Até hoje você vê filme de vez em quando ?

SB- De vez em quando não, eu assisto filme todo o dia. Ontem a noite até assisti “O Fugitivo”, com o Harrison Ford, eu gosto desse tipo de filme, assim. Eu queria estar numa Hollywood da vida, lá os caras se arrebentam todo, tem estrutura. Mas nesses países que não tem, você tem que fazer o que é possível. Não dá pra fazer uma superprodução daquelas...eu quando vejo um monte de câmeras é o meu mundo, meu mundo é isso.

Z- Por isso nos seus filmes você bota um pouco de ação ?

SB- Ação ! Ação porque tu tem que não ter só sexo. Se você vai ver um filme começa com sexo, termina com sexo fica decadente, repetitivo, bota a mulher de quatro...quatro cenas de sexo, cinco cenas de sexo num filme fica tudo igual. Eu quero fazer diferente, agora vou entrar numa linha diferenciada e legal. Nos primeiros filmes, eu posso até errar alguma coisa por não ter uma equipe legal mas com o tempo eu vou ter uma equipe legal e vou chegar onde eu quero. Eu vou ser feliz, eu sou feliz até hoje porque eu tenho expressão, estou livre porque a cadeia é ruim pra caralho (rindo).

Z- Sady, dos seus filmes qual foi mais complicado você rodar ?

SB- Vários, assim. Mas eu acho que “Emoções Sexuais de Um Cavalo” complicou um pouco mais a minha cabeça porque foi o primeiro filme que eu fui dirigir, então aí me complicou um pouco. Eu fiquei sem alicerce, foi um desafio e eu caprichei mais naquele filme e foi um sucesso, foi legal. Um filme muito legal que o Feijoada era um cachaceiro e pegava as pessoas na rua, eu gosto de filmar na multidão, eu gosto de filmar externa com um monte de gente, eu me sinto bem. E aquele foi um desafio, agora o “Ônibus da Suruba II”, também foi complicado que a Polícia Federal me pegou, me prendeu, então foi complicações que eu tive. Mas eu fiz sabendo que ia acontecer...mas foi gratificante.

Z- Por exemplo, você fez uma continuação do “Ônibus da Suruba”. Você pretende outros filmes fazer outros assim ?

SB- Não. Eu tenho uns dezoito roteiros de títulos prontos e eu espero começar com “Atração Sexual” que é com a minha filha, senão eu vou começar com outro. “Local Proibido”...mas eu tenho várias, quando eu começar vai ser um atrás do outro, na paulera porque hoje vai ser diferente de antes. Antes demorava um mês e quarenta dias pra filmar e seis meses pra lançar, hoje não. Os caras estão fazendo um filme por dia, mas eu vou fazer um por semana, a cada dez dias fazer um filme tentar caprichar um pouco.

Z- O que você está achando dos jornalistas Fausto Salvatori e do Gio Mendes estarem fazendo a sua biografia ?

SB- Ah, eu acho muito legal. Eles tiraram isso da minha cabeça e eu liguei pra eles, e o Gio me falou: “Pô, nós estávamos afim de falar contigo pra fazer um livro”. E eu dei a idéia do título, não sei se você sabe o título do livro.

Z- Não sei.

SB- Ah ! Não sabe ?

Z- Não sei.

SB- O título que eu criei e não sei se eles vão fazer é “Toda Buceta Tem Um Preço” (gargalhadas). Se tu parar pra analisar todas elas tem um preço, elas não vem de graça. Se ela vem de graça hoje, amanhã ela vai complicar contigo, amanhã vai ter um filho com você ou vai te cobrar alguma coisa. Se tu casar, tem que conviver com ela, todas elas tem um preço. Se for sair com uma garota de programa, você tem que pagar pela buceta. Porque não vai lá pela pessoa, você vai lá por um fincão pela buceta, então toda buceta tem um preço.

Z- Você já foi apaixonado por alguma mulher ?

SB- Não, nunca. Eu nunca fui apaixonado. Os caras dizem que eu sou muito gelado, muito frio nesse lado mas eu sou apaixonado por uma foda, por uma buceta tipo por essa morena que está vindo (Sady aponta para uma mulher que passa pela reportagem da Zingu! no mesmo momento). Não sei, eu sou assim. Eu sou apaixonado pelo ato, pela mulher. Mas paixão assim que nem os caras não dormem, se matam por causa da mulher ? Ora, dá um tempo cara...Oh brother ! Eu acho muita burrice dessa parte. Porque eu respeito os amigos e as pessoas que trabalham comigo, principalmente os caras que tem namorada, tudo porque eu acho que um amigo é difícil você ter e mulher tem um monte por aí. Eu não misturo as coisas porque mulher é o que mais tem pra dar. Então, se você se apaixona por uma pessoa você vai conviver só com ela, eu não posso cumprir a minha meta. Como eu vou ter uma mulher em casa e sair por aí trepando com as outras ? Então, eu sou um cara que gosto de dormir com uma hoje, dormir no apartamento da outra amanhã, dormir num motel ali, no carro, seja onde for. Eu gosto de liberdade, chama-se liberdade sexual.

Z- Da sua época você namorou a Zilda Mayo, mas teve outra que se tornou famosa ?

SB- Não, eu tive um rolo com a Matilde Mastrangi e aí foi a separação da Zilda. Mas umas por ai que nem cito, que nem estão no mercado faz tempo. Mas é uma buceta a mais, não muda nada. A única frase que ficou da Matilde Mastrangi pra mim é uma frase: “Homem é que nem papel higiênico, a gente usa e joga fora”. Boa, gostei, boa. A frase está comigo até hoje.

Z- Qual o tipo de mulher que você mais gosta ?

SB- Gosto de loira, alta, peitão, grandona. Maior que eu. Eu sempre gostei de mulher maior que eu. Eu tenho uma frase: “Pequeno chega eu e o meu ordenado” (rindo). Eu gosto de mulher alta, peitão. Eu não gosto de vaca, mais gosto de peito grande.

Z- Na época dos seus filmes na Boca, nos anos 80 você aparecia muito no “Notícias Populares”. Como isso acontecia ? Você gostava de aparecer ou eles corriam atrás de você ?

SB- Não, eles que corriam atrás de mim, eles nunca vinham atrás de mim tipo televisão agora que deu esses problemas todos. Até esses dias eles me ligaram pra ir fazer o “Super Pop” de novo, mas eu falei: “Deixa eu começar a filmar que eu vou de novo”. Eu nunca fui de correr atrás, eu faço um trabalho e se acontecer, normal. Mas eu era um pouco diferenciado naquela época e por isso eles me procuraram. Porque tem muita gente que faz um pequeno trabalho e quer dar uma de metido, não dá bola pras pessoas. E eu não sempre fui legal com os repórteres, pessoas que me queiram entrevistar e isso é uma coisa que você ganha das pessoas. Você não ganha mais que ninguém, eu sou um ser humano igual a todos os outros, não tem nada haver. Eu nunca fui dar uma de metido, eu sempre fui humilde. Eu me sinto bem sendo assim, tem muitas pessoas que me perguntam: “Por que você é assim ?”. Mas eu sou assim e vou procurar continuar sendo assim, eu gosto de ser assim. Eu não sou mais que ninguém, então é aí que a imprensa corta muito essas pessoas e é aí que o espaço que sobra pra mim.

Z- Você acha que de cinema de sexo extremo da Boca você foi o único realizador ?

SB- Não, eu não posso me classificar, eu acho que são as pessoas que podem me classificar, me julgar. Mas cada um tem um segmento, uma cabeça, um lado profissional que vai prum lado, vai pra outro. Mas eu sempre tentei ser diferente e eu gosto de ser diferente.

Z- E você gostava de ver os filmes de pornochanchada da época ?

SB- Gostava, lógico. Eu quando entrei em São Paulo, no mercado eu ia assistir, fazer participação na “Família Bozo” que eu levava bolha e água na cara todo dia, eu ficava feliz da vida por levar bolha e água na cara. Carlinhos Aguiar quando trabalhava comigo é meu irmão, meu brother o que faz as pegadinhas, meu amigão. Então, eu me sentia bem com aquilo e eu ia assistir filmes das pornochanchadas e já me imaginava na tela.

Z- Já se imaginava na tela ?

SB- Já, por isso eu me desliguei do mercado e falei: “Esse é o meu caminho”. Eu sempre procurei o meu caminho porque eu acho que você tem que procurar, porque ninguém vem atrás de você pra te dar oportunidade. Você tem que correr atrás dela e sabe por que eu me sinto bem ? Porque eu vivo num país de cento e oitenta e cinco milhões de brasileiros. E pra tu viver num país de cento e oitenta e cinco milhões de brasileiros e você ser alguém tendo destaque você tem que ser um pouco diferente, você tem que correr atrás dela. Por isso, eu admiro um jovem como você com a cabeça que você tem porque já me falaram que você é muito inteligente. Se fosse burro, estava fazendo outra coisa.

Z- Por exemplo, o David Cardoso nos filmes dele gosta dele pegar a mulher, participar das cenas eróticas, fazer o ato. Nos seus filmes, você mais incita as pessoas a fazerem.

SB- Eu sempre fazia um tipo assim, um vilão porque ás vezes eu não tinha um ator bom do meu lado, então ás vezes me prejudicava na minha cena porque eu estava ensinando a pessoa com outra que estava contracenando comigo e me preocupar em cortar a cena. Isso me prejudicou o meu trabalho...você estar do lado de um fera, de um bom ator, a tua interpretação vai ser melhor, então se você se ocupa muito de ficar com mulher foge o outro lado. Eu tinha que ter cabeça, a história tinha que ter cabeça. Eu sempre fui nesse lado, uma coisa que eu me sinto bem nisso.

Z- Como você conseguiu juntar dinheiro pra ser produtor ?

SB- Quando eu me desliguei dos meus pais adotivos e naqueles anos de casa eu fiz meu acerto e caí fora. Eles falaram pra mim: “Você vai voltar”. Eu sabia que ia, mas não voltava porque você tem que ter uma força de vontade muito grande pra tu vencer porque esse mundo, é um mundo cão que ninguém é amigo de ninguém nesse mercado. É um mercado muito podre, mas amigo: esse mundo é um país de cobra, então tem que se virar no meio delas. Fui eu que procurei esse caminho, então eu tenho que me virar nelas.

Z- Qual era a maior dificuldade na época ao fazer um filme explícito ? Distribuição ? O que era ?

SB- A parte chata e delicada é essa parte. Porque você fazia o filme, entregava na distribuidora e você não tinha o controle de quantas cópias...quer dizer, as cópias você sabia: uma estava aqui, outra na Bahia, no Nordeste, no Sul ou no Mato Grosso. Você não sabia se no Nordeste veio dez milhões ou veio cinco...Pra resumir tudo isso: depois que todo roubava sobrava pra mim. É complicado, mas eu fazia porque gostava. Hoje o controle já é diferente, então por isso que hoje eu estou montando a minha distribuidora, além da produtora uma distribuidora. Por isso, estou demorando um pouco, pra entrar a pessoa certa e cada uma pegar o seu lado e fazer. Então, acontece o seguinte: hoje tu vai ter mais controle, mas nem tanto porque tem a pirataria. De uma forma ou de outra, você sempre vai ser roubado. Mas sempre sobra algo pra mim. O importante é as bucetas.

Z- Mas na época você sabia que era roubado ?

SB- Lógico, eu sabia que era roubado. Eu chegava na distribuidora e dizia: “Depois que todo mundo roubou, quanto sobrou pra mim ?” (risos).

Z- Sady, o que era mais difícil: ser ator, diretor ou produtor ?


SB- Difícil não tinha nada. Porque quando você faz um negócio que você gosta, você faz com tesão, então não tem dificuldade nenhuma. Então, nada era difícil porque eu não acho dificuldade nessas coisas, porque você faz o que gosta. Acho que a coisa mais gostosa é isso: fazer o que eu gostava que pra mim era ótimo.

Z- Você se descobriu no cinema ? É a coisa que você mais gosta de fazer ?

SB- Sim, é o meu rumo, minha vida. Eu já tive oportunidade de ter outros negócios, mas eu falei: “Não, porque vou fazer uma coisa que eu não gosto ?”. Não é a parte financeira, é aquilo que eu acabei de falar pra você, eu poderia ser milionário mas o que me adiantaria ? Eu seria infeliz. A minha felicidade é estar com você, falando com você que é jovem, garoto que está aprendendo, se descobrindo e uma das coisas mais felizes que a gente tem na vida porque o tempo passa. O que adianta eu chegar lá com setenta anos, rico e me perguntar porque eu não fiz aquilo lá ? Já foi amigo, aproveita hoje e amanhã já era meu. Então, eu aproveito e se eu morro hoje, morro feliz.

Z- Você é religioso?

SB- Sou, sou católico.


A primeira comunhão do mestre do explícito extremo.
Rio Grande do Sul, 1963

Z- Você freqüenta igreja?

SB- Vou, vou. Não é sempre, mas esses dias eu estava numa igreja na Consolação mas quando fui marcar no carro duas senhoras falaram assim: “Olha ali, mas é um cara de pau”. Eu não ia discutir com as duas senhoras, não importa as cabeças delas, não vou discutir, explicar nada mas eu sou católico. E não sou contra quem é crente, quem tem uma religião diferente.




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