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Musas Eternas...
PORQUE O QUE É BOM, É ETERNO...

Alba Valéria

Por Matheus Trunk

Que a pornochanchada trouxe lindas mulheres aos filmes, todos nós sabemos. Uma pena um gênero como esse ter terminado, afinal as belas atrizes de hoje acabam ficando reduzidas a novelas babacas.

Uma das melhores musas ou talvez a melhor tenha sido a carioca Alba Valéria. Com esse nome, ela só poderia ter sido uma vestal da primeira metade da “década perdida”.

Em 1979, Alba iniciou carreira fazendo comerciais de televisão. Depois, foi garota propaganda de programas como “Moacyr Franco É Show” da Rede Bandeirantes. Também era modelo e manequim. Estreou no filme “Tudo Acontece Em Copacabana”de 1980 de Erasto Filho, onde protagonizou o filme ao lado da grande personalidade internacional de Sérgio Mallandro, hoje personagem influente nos meios acadêmicos brasileiros.

Porém, sua segunda produção já é um filme notável e que tem grande participação dela. O filme infantil “Paspalhões Em Pinóquio 2000” dirigido pelo veterano e poeta Victor Lima. Na verdade, uma tentativa de imitar os Trapalhões quando estes já faziam grandes bilheterias. Produção de Carlo Mossy, em que Alba faz a namoradinha do herói amigo-ajudante dos Paspalhões. Mas não uma namoradinha qualquer, diga-se de passagem. É talvez o trabalho em que Alba mais aparece vestida, com seu belo visual anos 80 naqueles “vestidos modernos”.

Em seguida, ela participa da sua única produção na Boca do Lixo.Talvez o maior filme já feito no Brasil: “O Gosto do Pecado”, também de 1980. A direção é de Cláudio Cunha, talvez o maior cineasta vivo da nação e com roteiro do crítico Inácio Araújo. Embora os holofotes desse filme seja mais para a também talentosa e bela Simone Carvalho, mulher de Cunha na época (e hoje evangélica), Alba demonstra seu charme como coadjuvante em diversas seqüências. Aliás é um dos poucos filmes dela pode comprovar seu talento como atriz.

“Crazy Day- Um Dia Muito Louco”, o filme seguinte da moça é mais um filme da produtora de Mossy. Dirigida mais uma vez pelo ex-chanchadeiro Victor Lima, tem em seu elenco a musa das musas ou a Julia Roberts da pornochanchada: Helena Ramos. Filme rodado sem dinheiro algum, seja pelo lado trash ou pela habilidade de Lima, tornam ele uma obra-prima. Outro grande ator presente nesse filme é Helber Rangel, um autêntico gigante do cinema brasileiro completamente esquecido.

Após uma participação no “Álbum de Família”, adaptação de Nelson Rodrigues pelo mineiro Braz Chediak, Alba seria mais uma vez estrela de uma produção do Beco da Fome.

De novo na empresa do galã/ator/diretor Mossy, participou da produção mais audaciosa dele: a fita “Giselle”. Esse é com certeza, o trabalho mais marcante e mais conhecido da atriz na história do cinema brasileiro. A fita ficou muito tempo presa na Censura, porém após diversas batalhas na Justiça, o filme acabou liberado.

Baseada nos padrões de grandes filmes eróticos internacionais como “Emmanuelle”, foi um grande sucesso de bilheteria. Cerca de nove milhões de pessoas viram essa fita no Brasil em 1983 e ainda conseguiram vender o filme para 40 países.Com seu grande trabalho, a atriz viajou pelo mundo com a fita, sendo levada a lugares como Londres e Paris, onde nunca tinha ido anteriormente.

A trama gira em torno da decadência de uma família burguesa em grande estilo, o filme conta com um grande elenco: o próprio produtor/ator Carlo Mossy, Nildo Parente, Maria Lúcia Dahl (ex-mulher do hoje presidente da Agência Nacional de Cinema, Gustavo Dahl) e a infelizmente sumida Monique Lafond.

Valendo citar de tudo, desde sadomasoquismo até Mão Tse-Tung, “Giselle” tem Alba no papel-título de moça liberal que vem do estrangeiro em busca de rever a família. Acaba se relacionando a um capataz, a madrasta, ao filho desta e até mesmo a uma ativista política. Pra se ter uma idéia de como “Giselle” tornou-se cult o mundo agora é que o portal Amazon.com negocia vendas de fitas VHS com legendas em inglês e alemão da fita.

A carreira da atriz também se manteve na televisão. Participou da novela das seis “O Homem Proibido” da Rede Globo durante o ano de 1982, ao lado de atores como Stephan Nercessian e da também musa Lídia Brondi. Depois fez ainda outra novela global, “Voltei Pra Você” e de programas populares como Chico Anysio. Também fez parte do elenco de duas minisséries: “A Máfia No Brasil” e “Tereza Batista Cansada de Guerra”. Sua popularidade foi tamanha na época, que chegou a ser jurada do Chacrinha.

De todos os filmes que participou, ao menos três (“O Gosto do Pecado”, “Giselle” e “Crazy Day”) são obras-primas esquecidas pelos escribas do cinema nacional.

Afastada do meio cinematográfico há diversos anos, essa musa das musas continua atuando como apresentadora de um programa de TV, em Cabo Frio, litoral fluminense. Infelizmente, ela está compromissada e no seu quarto casamento, dessa vez com um holandês.

O tipo interpretado por Alba Valéria foi sempre de uma moça frágil e extremamente doce. Seu tipo brejeiro, morena bem brasileira e de garota irresistível, foi seu grande apelo. A garota anos 80 por excelência, musa que tinha um raro talento como atriz e merecia estar presente nas telas brasileiras mais uma vez. Afinal, toda sua carreira foi dedicada ao cinema, coisa que hoje as jovens atrizes parecem deixar pra segundo plano.

TRABALHOS NO CINEMA:
1983- Giselle de Victor di Mello
1981- Álbum de Família de Braz Chediak
1981- Crazy Day- Um Dia Muito Louco de Victor Lima
1980- O Gosto do Pecado de Cláudio Cunha
1980- Os Paspalhões Em Pinóquio 2000 de Victor Lima
1980- Tudo Acontece Em Copacabana



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