Dossiê Ivan Cardoso
Os Bons Tempos Voltaram Vamos Gozar Outra Vez (episódio “Sábado Quente”)
Direção: Ivan Cardoso
Brasil, 1985.
Por Matheus Trunk
Dividido em dois episódios “Os Bons Tempos Voltaram” é uma fita feita quando o sexo explícito já havia chegado ao Brasil. Porém, a Cinearte do poderoso produtor Massaini ainda tentava investir em filmes de sexo bem acabados, ainda na linha das pornochanchadas italianas da época. Para se comunicar com o público jovem e fazer um trabalho artesanal bem-feito, o produtor Aníbal Massaini Neto convocou dois bons diretores, um para cada episódio.
Ivan Cardoso vinha de um grande sucesso de público e de crítica, “O Segredo da Múmia”, que acabou o qualificando no meio cinematográfico. Isso justificou para Massaini convocar o carioca a fazer uma fita para a Boca, porém todo filmado no Rio. O outro episódio coube ao genial John Herbert, que filmou em São Paulo, vindo como Ivan de dois grandes sucessos de público e crítica: “Ariella” e “Tessa, A Gata”, os dois apoiados pela musa problemática Nicole Puzzi. É bom lembrar que Herbert já tinha trabalhado com Massaini quando ele ainda tinha somente a Cinedistri, fazendo episódios para os longas “Cada Um Dá O Que Tem” e “Já Não Se Faz Amor Como Antigamente”.
Confiando em Ivan no primeiro episódio, que se passa no Rio dos anos 50. Os carros de época, lambretas, rocks românticos estão lá e principalmente a mão de um bom diretor, no caso Ivan aqui na sua única incursão artesanal.
A trama gira em torno da jovem Soninha (Carla Camurati, no auge da beleza exterior). Filha de um militar de reserva, ela decide inventar aos pais que está doente, para não viajar com os coroas para Petrópolis e poder finalmente, ter sua primeira relação.
O primeiro que ela tenta se oferecer é justamente o noivo atlético e bom moço, interpretado pelo ator Paulo César Grande. O jovem a deseja, porém, crê ser uma grande pressão e acaba negando fogo.
Soninha tem de apelar ao machão e metido a sabichão Bruno (Alexandre Frota. Este, nos anos 80 ainda estava longe do ator que seria astro de filmes da Brasileirinhas). Eles marcam de se encontrar a noite na Praia do Diabo (título sugestivo não ?).
Bruno convence seu amigo Bilú (Pedro Cardoso, em um dos seus primeiros trabalhos), primo de Soninha a ir junto. Para isso, Bruno deixa ele no porta-malas de seu carro, onde irá ter a relação com a jovem na Praia do Diabo.
Porém, por ironia do destino Bruno também se diz não estar a altura da moça. O nervossismo e a emoção esfriarão o ânimo do rapaz. Soninha andará nua pela praia, quando Bruno antes de fugir, abrirá o porta-malas do carro informando a Bilú que chegou a vez dele. O encontro inusitado não esfriará nem os desejos da jovem e muito menos os sonhos do primo de finalmente, poder possuir a prima.
O filme nada mais é que uma pornochanchada, extremamente bem cuidada. Deve-se lembrar também que esse filme foi encomendado pelo produtor Aníbal Massaini para Ivan, que fez o episódio como um artesão.
Tentando cercar-se de profissionais talentosos (Éder Mazzini na montagem, Carlos Egsberto como fotógrafo e mesmo Oscar Ramos como diretor de arte), “Sábado Quente” não faz feio, embora não seja nem sombra da obra-prima “As Sete Vampiras” feita logo em seguida.
Mesmo assim há grandes marcas do cinema ivancardosiano como a representação do Rio dos anos 50; o uso recorrente de atores da chanchada (José Lewgoy, John Herbert, Wilson Grey, Zezé Macedo, Colé Santana) e mesmo de colaboradores freqüentes em participações especiais (Tião Macalé, Consuelo Leandro, entre outros). Mas o melhor de tudo é as músicas que tocam entre um caso amoroso e outro, feitas por um programa de rádio que nunca existiu. Esse programa inventado é apresentado pelo homem multimídia Carlos Imperial, em participação mais que especial. Essa mesma técnica seria usada alguns anos mais tarde por Quentin Tarantino em seu melhor filme “Cães de Aluguel” (1992).
Carla Camurati se arrepende desse trabalho com Ivan, embora eu não saiba o porquê. O resultado final não é nada fora do que a Boca do Lixo paulistana produzia e pela qual ela esteve presente em alguns filmes.
O segundo episódio “Primeiro de Abril”, dirigido por John Herbert (que também atua no primeiro) é bem mais engraçado que o primeiro, tendo uma grande atuação de Dionísio Azevedo. Curiosidade: o fotógrafo desse episódio é o cineasta Carlos Reichenbach.
Os Bons Tempos Voltaram Vamos Gozar Outra Vez (episódio “Sábado Quente”)
Direção: Ivan Cardoso
Brasil, 1985.
Por Matheus Trunk
Dividido em dois episódios “Os Bons Tempos Voltaram” é uma fita feita quando o sexo explícito já havia chegado ao Brasil. Porém, a Cinearte do poderoso produtor Massaini ainda tentava investir em filmes de sexo bem acabados, ainda na linha das pornochanchadas italianas da época. Para se comunicar com o público jovem e fazer um trabalho artesanal bem-feito, o produtor Aníbal Massaini Neto convocou dois bons diretores, um para cada episódio.
Ivan Cardoso vinha de um grande sucesso de público e de crítica, “O Segredo da Múmia”, que acabou o qualificando no meio cinematográfico. Isso justificou para Massaini convocar o carioca a fazer uma fita para a Boca, porém todo filmado no Rio. O outro episódio coube ao genial John Herbert, que filmou em São Paulo, vindo como Ivan de dois grandes sucessos de público e crítica: “Ariella” e “Tessa, A Gata”, os dois apoiados pela musa problemática Nicole Puzzi. É bom lembrar que Herbert já tinha trabalhado com Massaini quando ele ainda tinha somente a Cinedistri, fazendo episódios para os longas “Cada Um Dá O Que Tem” e “Já Não Se Faz Amor Como Antigamente”.
Confiando em Ivan no primeiro episódio, que se passa no Rio dos anos 50. Os carros de época, lambretas, rocks românticos estão lá e principalmente a mão de um bom diretor, no caso Ivan aqui na sua única incursão artesanal.
A trama gira em torno da jovem Soninha (Carla Camurati, no auge da beleza exterior). Filha de um militar de reserva, ela decide inventar aos pais que está doente, para não viajar com os coroas para Petrópolis e poder finalmente, ter sua primeira relação.
O primeiro que ela tenta se oferecer é justamente o noivo atlético e bom moço, interpretado pelo ator Paulo César Grande. O jovem a deseja, porém, crê ser uma grande pressão e acaba negando fogo.
Soninha tem de apelar ao machão e metido a sabichão Bruno (Alexandre Frota. Este, nos anos 80 ainda estava longe do ator que seria astro de filmes da Brasileirinhas). Eles marcam de se encontrar a noite na Praia do Diabo (título sugestivo não ?).
Bruno convence seu amigo Bilú (Pedro Cardoso, em um dos seus primeiros trabalhos), primo de Soninha a ir junto. Para isso, Bruno deixa ele no porta-malas de seu carro, onde irá ter a relação com a jovem na Praia do Diabo.
Porém, por ironia do destino Bruno também se diz não estar a altura da moça. O nervossismo e a emoção esfriarão o ânimo do rapaz. Soninha andará nua pela praia, quando Bruno antes de fugir, abrirá o porta-malas do carro informando a Bilú que chegou a vez dele. O encontro inusitado não esfriará nem os desejos da jovem e muito menos os sonhos do primo de finalmente, poder possuir a prima.
O filme nada mais é que uma pornochanchada, extremamente bem cuidada. Deve-se lembrar também que esse filme foi encomendado pelo produtor Aníbal Massaini para Ivan, que fez o episódio como um artesão.
Tentando cercar-se de profissionais talentosos (Éder Mazzini na montagem, Carlos Egsberto como fotógrafo e mesmo Oscar Ramos como diretor de arte), “Sábado Quente” não faz feio, embora não seja nem sombra da obra-prima “As Sete Vampiras” feita logo em seguida.
Mesmo assim há grandes marcas do cinema ivancardosiano como a representação do Rio dos anos 50; o uso recorrente de atores da chanchada (José Lewgoy, John Herbert, Wilson Grey, Zezé Macedo, Colé Santana) e mesmo de colaboradores freqüentes em participações especiais (Tião Macalé, Consuelo Leandro, entre outros). Mas o melhor de tudo é as músicas que tocam entre um caso amoroso e outro, feitas por um programa de rádio que nunca existiu. Esse programa inventado é apresentado pelo homem multimídia Carlos Imperial, em participação mais que especial. Essa mesma técnica seria usada alguns anos mais tarde por Quentin Tarantino em seu melhor filme “Cães de Aluguel” (1992).
Carla Camurati se arrepende desse trabalho com Ivan, embora eu não saiba o porquê. O resultado final não é nada fora do que a Boca do Lixo paulistana produzia e pela qual ela esteve presente em alguns filmes.
O segundo episódio “Primeiro de Abril”, dirigido por John Herbert (que também atua no primeiro) é bem mais engraçado que o primeiro, tendo uma grande atuação de Dionísio Azevedo. Curiosidade: o fotógrafo desse episódio é o cineasta Carlos Reichenbach.