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Zingu!NEWS
Por Matheus Trunk e Gabriel Carneiro

FRASE PHODA
“A coisa mais nobre que um telespectador pode fazer num filme meu é se masturbar”
Ivan Cardoso

MOMENTO PHODA
O patrão Paulo César Pereio para o modormo Roberto Bataglin:
- Repita comigo Pacheco: eu sou um merda !
- Mas doutor...
- Repita Pacheco: eu sou um merda !
- Eu sou um merda..
- Repita comigo Pacheco: eu sou um merda chifrudo !
- Chifrudo é o senhor !
Momento do filme “O Bom Marido” de 1997 de Antônio Calmon

CARLOS REICHENBACH INICIA SEU NOVO FILME: “FALSA LOURA”

O cineasta gaúcho radicado em São Paulo Carlos Reichenbach, já iniciou as filmagens de seu novo projeto: o longa “Falsa Loura”. O filme conta a história da operária Silmara (interpretada pela bela Rossane Holland). Trabalhando para sustentar o pai Antero (João Bourbonnais), um ex-presidiário fisicamente deformado pelo fogo, ela tenta fazer o irmão caçula e cabelereiro Tê (Léo Áquila) reatar relações com o pai. Ela se envolverá com o ídolo e cantor Bruno de André (Cauã Reymond), o que causará grande estardalhaço com as amigas. Mas elas mal suspeitam que Bruno a tratou como uma prostituta qualquer. Apesar da bruta lição de desprezo aprendida com o ídolo pop, ela irá repetir o mesmo trajeto abissal com o maior cantor da música romântica brasileira, Luís Ronaldo (Maurício Mattar). Ela será punida de forma surpreendente pelas colegas. Produzido mais uma vez pela empresa Dezenove Sons e Imagens e pela produtora Sara Silveira, o filme foi definido por seu diretor como: “Em Falsa Loura, mergulho novamente no universo das mulheres proletárias e classe média brasileiras, no ambiente de trabalho e tempo livre, tendo a cidade de São Paulo como cenário e personagem. As semelhanças com “Lílian M”, “Amor, Palavra Prostituta”, “Anjos do Arrabalde” e “Garotas do ABC” terminam no aspecto social e econômico abordado. Neste filme o olhar do diretor se torna menos condescendente com a ingenuidade de sua protagonista. De certa maneira, “Falsa Loura” pode ser considerado o mais político dos meus filmes femininos”. Lembrando também que o filme tem montagem mais uma vez de Cristina Amaral (colaboradora de Carlão desde Alma Corsária), e no elenco nomes como Bertrand Duarte, Suzana Alves, Vanessa Prieto, Djin Sganzerla, entre outros. Todo time da Zingu! damos boa sorte ao mestre Reichenbach em mais essa empreitada e que em breve possamos ver mais esse filme nacional nas telas dos cinemas mais próximos.

BLOGS INTERESSANTES
- O jornalista e escritor cearense Thiago de Góes, ligado no mundo da música brega criou um blog somente para o gênero musical: o Contos Bregas. Ele pode ser visto em http://www.contosbregas.zip.net/, trazendo posts interessantes e também com algumas histórias do escritor.
- Quem viu a Mostra em São Paulo, deve ter se deparado em algum momento com o cinéfilo Michel Simões. Correndo de um lado pro outro, ele conseguiu ver mais de 40 filmes. O resultado pode ser visto no seu ótimo blog Cinetcom: http://cinenetcom.blogspot.com/

BOCA DO LIXO REVISTA EM LIVRO
O pesquisador Nuno César Abreu revê a Boca do Lixo paulistana em “Boca do Lixo- Cinema e Classes Populares”. Tema de seu doutorado na Unicamp, o professor e cineasta Nuno César Abreu, fez um estudo bem interessante e que dá uma boa dimensão do que foi esse importante pólo de produção paulista. Além de se basear em livros, documentos e nos próprios filmes, Abreu colheu depoimentos de atores, atrizes, produtores, cineastas e técnicos, o que torna o estudo mais rico. Pra quem é obcecado pelo período, personagens e tudo mais como eu, o livro torna-se um item obrigatório. Porém, é bom ter algum conhecimento básico desse assunto. Afinal, pra quem não tem nenhum idéia o ideal é ver alguns filmes, ler e pesquisar um pouco e só depois ver um estudo pesado e forte como esse. Mesmo assim, altamente recomendável pra quem quer conhecer mais da cultura brasileira não escrita por escribas e coisas do gênero.
Livro: Boca do Lixo- Cinema e Classes Populares
Autor: Nuno César Abreu
Editora: Unicamp
Preço médio: R$ 33,90

MORRE JACK PALANCE
Novembro foi um mês péssimo para os grandes nomes do cinema. O astro de Hollywood, Jack Palance, foi o primeiro a nos deixar, no dia 10. Aos 87 anos, Palance (1919-2006) estreou no cinema com Pânico nas Ruas, em 1950, e desde então trilhou uma carreira marcada por papéis de vilão e por vários faroestes no currículo.

Em seus filmes, Palance geralmente fazia o papel do machão, forte, com seus 1m91 de altura. Seu começo de carreira foi um tanto promissor, com performances ao lado de Joan Crawford em Precipícios D’Alma (1952), em que recebeu sua primeira indicação ao Oscar. Em 1953, fez talvez seu filme mais marcante, Os Brutos Também Amam, marcado pelo vilão Jack Wilson, papel por qual recebeu sua segunda indicação ao Oscar.

Porém, foi sói em 1991 que Jack recebeu o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante por Amigos, Sempre Amigos, em que personifica um caubói numa comédia de época. Aos 73 anos, mostrou todo seu vigor na Cerimônia, fazendo flexões com apenas um braço.

Para muitos, Jack Palance imortalizou os faroestes.

No Brasil, Palance ficou famoso com o programa de Tv Acredite se Quiser [1982-1986].

MORRE ROBERT ALTMAN
Um dos diretores mais cultuados, o americano Robert Altman morreu no último dia 25. Com 81 anos (1925-2006), fez desde cinema até TV e teatro, lugares para onde ia quando recusado após fracassos no cinema. Isso porque Altman sempre manteve sua integridade e nunca se tornou um produto do sistema industrial de Hollywood.

Altman começou timidamente na década de 50, com produções de baixo custo como The Builders (1954) e Os Delinqüentes (1957), que obtiveram retorno financeiro. Porém é apenas na década de 70 que Altman se tornaria o nome que é, e a obra é M.A.S.H. (1970), filme irreverente que satiriza a guerra, tornar-se-ia cult por todo o mundo e sendo ainda hoje um parâmetro de qualidade. Entre seus principais recursos está a ironia, a descontinuidade e fragmentação narrativa.

Indicado 5 vezes ao Oscar de direção (M.A.S.H., Nashville, O Jogador, Shortcuts – Cenas da Vida e O Assassinato em Gosford Park), Altman só receberia tal honra em 2006, como prêmio pela carreira. Em seu último filme, A Última Noite – ainda em cartaz -, parece prenunciar seus últimos dias, homenageando a última noite do programa de rádio A Prairie Home Companion.

MORRE PHILIPPE NOIRET
Na mesma semana de Altman, apenas 3 dias depois [dia 23], morreu o grande ator francês, Philippe Noiret, aos 76 anos (1930-2006). Noiret começou cedo nos cinemas, ainda na década 50, e ao longo de sua carreira participou de mais de 140 filmes. A versatilidade do ator o levou a trabalhar com os mais diversos nomes, estilos e gerações do cinema. Seu primeiro grande destaque foi o primeiro longa de Agnès Varda, La Pointe Courte (1956). Mas somente em 1960, com Louis Malle e seu Zazie no Metrô é que receberia certo reconhecimento.

Alfred Hitchcock (Topázio), Patrice Leconte (Tango), Robert Enrico (O Velho Fuzil) e Jean-Paul Rappeneau (La Vie de Château) são alguns dos diretores com quem Noiret trabalhou, além de inúmeras participações em filmes de Bertrand Tavernier.

Noiret reaparece como grande força do cinema em 1989, com a homenagem de Giuseppe Tornatore ao cinema, com Cinema Paradiso [foto], interpretando o resmungão Alfredo. Em 1994, viria a viver o poeta chileno Pablo Neruda, em sua estadia na Itália, em O Carteiro e o Poeta.

Ganhou dois César e dois David di Donatello (O Velho Fuzil, A Vida e Nada Mais), além do Bafta por Cinema Paradiso. A sua última aparição nos cinemas brasileiros foi com Pais, Filhos & Etc. (2003). Em Três Amigos (2006), Noiret encerrou sua carreira, num filme a ser lançado ainda na França.



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