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Musas Eternas...
PORQUE O QUE É BOM, É ETERNO...

Edwige Fenech

Por Marcelo Carrard

Recentemente soube através do Blog Viver e Morrer no Cinema do antenado Leandro Caraça, que o jovem Diretor norte-americano Eli Roth, havia escalado para uma participação muito especial em sua seqüência de HOSTEL aka O ALBERGUE, a cultuada atriz argelina EDWIGE FENECH. Esse resgate do cinéfilo cineasta Roth me trouxe uma série de lembranças dessa bela mulher de pele branca como o marfim e cabelos negros, nascida em 24 de dezembro de 1948, fruto da união de uma siciliana com um cidadão da Ilha de Malta. Seu nome de batismo é Edwige Sfenek, e ao cruzar o Mediterrâneo em direção a Itália acabou se tornando um símbolo sexual Cult, ao protagonizar filmes de gênero que hoje tem sido redescobertos por críticos e cinéfilos mundo afora.

Nesse passeio de Edwige por diversos gêneros e subgêneros cinematográficos italianos, começo destacando suas aparições nas clássicas Comédias Eróticas produzidas na Itália do final dos anos 60, passando pelos anos 70, comédias essas que foram forte influência para as nossas conhecidas “Pornochanchadas”. Alguns filmes protagonizados por Edwige Fenech, onde o erotismo e a comédia se mesclavam em produções de forte apelo popular, viraram Cult Movies como:QUELL GRAN PEZZO DELL’UBALDA TUTTA NUDA E TUTTA CALDA, 1972, de MARIANO LAURENTI, a série erótica LA POLIZIOTTA FA CARRIERA, iniciada em 1975 e no filme dirigido em 1976 pelo Mestre LUCIO FULCI, LA PRETORA, onde a nudez de Fenech é mostrada de maneira mais explícita, frontal.

A magnética presença em cena da morena de pele de marfim, com olhos expressivos e lábios lascivos e que ao mesmo tempo tinha uma pureza e uma delicadeza desconcertantes, fizeram de Edwige Fenech a Musa perfeita para os cultuados filmes gialli feitos na Itália na década de 60 e 70, Fase de Ouro desse subgênero do Horror Cinematográfico Italiano. Ela trabalhou com o Mestre MARIO BAVA em CINQUE BAMBOLE PER LA LUNA D’AGOSTO aka FIVE DOLLS FOR NA AUGUST MOON, uma delirante e psicodélica visão de uma história sobre crimes que ocorrem em torno de uma mansão próxima do mar, com cores e imagens vivas e contrastantes onde Edwige se inseriu muito bem como figura marcante dessa trama rocambolesca de mistério. Em 1972 ela protagonizou meu filme favorito de toda sua filmografia: TUTTI I COLORI DEL BUIO aka ALL THE COLORS OF THE DARK, dirigida pelo cunhado, na época, SERGIO MARTINO, um dos grandes diretores italianos desse período, responsável por vários clássicos cultuados até hoje como I CORPI PRESENTANO TRACCE Di VIOLENZA CARNALE aka TORSO e LO STRANO VIZIO DELLA SIGNORA WARDH, que contou com a participação de Fenech no elenco.

Em TUTTI I COLORI DEL BUIO, Edwige Fenech protagoniza a clássica personagem da bela mulher com problemas de frigidez que tem como fonte de seu problema sexual um trauma de infância. Esse modelo de personagem feminina pode ser observado em outros filmes gialli e faz um interessante paralelo com a trama de MULHER OBJETO, filme brasileiro estrelado pela Musa HELENA RAMOS, que, diga-se de passagem, é muito parecida com Fenech. A ambientação da trama de Tutti i Colori Del Buio na cidade de Londres em 1972, trabalha com o imaginário da época onde a psicodelia presente na cultura Pop, se misturava com o crescente número de cultos pagãos ligados ao satanismo e a libertação do corpo através do sexo livre e sem preconceitos. A personagem de Fenech é levada para um desses cultos e após beber sangue de um animal entra em transe numa orgia regada a uma trilha sonora psicodélica com cantos antigos em uma seqüência memorável. O filme todo tem grandes momentos, alucinações bizarras, atmosferas de intenso suspense e muita nudez de Fenech, com suas curvas esculpidas pela natureza com maestria divina.

Seguindo essa mesma linha de uma personagem com experiências sexuais traumáticas em um filme Giallo com conexões ritualísticas, Edwige Fenech protagonizou também em 1972 outro cult de sua carreira: PERCHÉ QUELLE STRANE GOCCE DI SANGUE SUL CORPO DI JENNIFER? Aka THE CASE OF THE BLOODY IRIS. A personagem de Fenech nesse filme pertenceu a um culto ligado a prática do amor livre e agora acredita estar sendo perseguida por um maníaco que está matando suas belas vizinhas, a primeira delas em um elevador, anos antes de Brian De Palma “assassinar” sua protagonista em Vestida Para Matar. Mais uma vez a nudez de Fenech se destaca no filme, consagrando-a definitivamente como Símbolo Sexual em uma vasta filmografia tanto no Cinema como na Televisão, além de trabalhos como produtora também.

De todas as Musas dos Filmes Gialli como: Florinda Bolkan Carole Bouchet e Suzy Kendall, nenhuma conseguiu expressar uma sexualidade de tamanha força e tamanha fragilidade como Edwige Fenech. Seu retorno em O ALBERGUE 2 é uma homenagem mais do que merecida e Eli Roth está de parabéns por esse resgate. Vamos aguardar o retorno da Diva no papel de uma Professora. Que as jovens atrizes escaladas por Roth, aprendam com a Mestra.

FILMOGRAFIA DE EDWIGE FENECH:

Toutes folles de lui (1967)
Samoa, regina della giungla (1968)
Il figlio di Aquila Nera (1968)
Susanna... ed i suoi dolci vizi alla corte del re (Frau Wirtin hat auch einen Grafen) (1968)
Testa o croce (1969)
Le manguste (Komm, liebe Maid und mache) (1969)
Don Franco e Don Ciccio nell'anno della contestazione (1969)
Top Sensation (1969)
Il trionfo della casta Susanna (Frau Wirtin hat auch eine Nichte) (1969)
Mia nipote... la vergine (Madame und ihre Nichte) (1969)
L'uomo dal pennello d'oro (Der Mann mit dem goldenen Pinsel) (1969)
Desideri voglie pazze di tre insaziabili ragazze (Alle Kätzchen naschen gern) (1969)
I peccati di Madame Bovary (Die Nackte Bovary) (1969)
Satiricosissimo (1970)
Le Mans scorciatoia per l'inferno (1970)
5 bambole per la luna d'agosto (1970)
Deserto di fuoco (1971)
Lo strano vizio della Signora Wardh (1971)
Le calde notti di Don Giovanni (1971)
Tutti i colori del buio (1972)
Il tuo vizio è una stanza chiusa e solo io ne ho la chiave (1972)
Perché quelle strane gocce di sangue sul corpo di Jennifer? (1972)
Quando le donne si chiamavano Madonne (1972)
La bella Antonia, prima Monica e poi Dimonia (1972)
Quel gran pezzo dell'Ubalda tutta nuda e tutta calda (1972)
Giovannona coscialunga, disonorata con onore (1973)
Dio, sei proprio un padreterno! (1973)
Fuori uno sotto un altro arriva il passatore (1973)
Anna, quel particolare piacere (1973)
La vedova inconsolabile ringrazia quanti la consolarono (1974)
La signora gioca bene a scopa? (1974)
Innocenza senza turbamento (1974)
Il vizio di famiglia (1975)
Scandali in provincia (1975)
La poliziotta fa carriera (1975)
La moglie vergine (1975)
L'insegnante (1975)
Grazie... nonna (1975)




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