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Anti-musas

Daniela Cicarelli

Por Melody Westenra

Tenho certeza que todos nós e todos vocês, apesar de não assistirmos, não gostarmos e não nos influenciarmos pela MTV, lembramo-nos com certa nostalgia da época em que a deslumbrante e carismática Fernanda Lima nos divertia com sua presença no programa que era a personificação de todas as nossas vontades sexuais, o Fica Comigo. Fernanda Lima estreou o que pode ser chamado de era das modelos-apresentadoras, e até mesmo eu, que tive minhas últimas dúvidas sexuais esclarecidas quando descobri, na maravilhosa internet, outras tantas mulheres heterossexuais admiradoras de Jennifer Connely, suspirava quando Fernanda, ao chamar os comerciais, me olhava nos olhos e dizia: “E você... fica comigo”.

Fernandinha sempre foi maior que o canal adolescente, e logo o abandonou. A MTV, em alguma espécie de golpe desesperado, na falta da modelo-apresentadora tão essencial nos dias de hoje, presenteou os espectadores com uma tal de Daniela Cicarelli. Veja bem, eu nunca tinha ouvido falar dela antes de ver uma propaganda de seu, então, futuro programa – Daniela no País da MTV. O nome – e muito provavelmente a proposta – do programa era tão imbecil quanto sua apresentadora. Mas o mundo ainda não sabia disso.

Imagino os suspiros de desapontamento dos marmanjos ao ligar a TV e se depararem com uma monstruosidade de quase dois metros de altura, desajeitada, com mãos gigantescas, cabelo desmilingüido, boca de bagre e os olhos de Yzma, a vilã mais cadavérica da Disney (infelizmente, após alguns minutos de meditação profunda, não consegui comparação melhor – embora agora me tenha vindo à mente a imagem de um camaleão com cílios).

Cicarelli tem o talento de gravar sua imagem horrenda nas nossas cabeças – e como se isso não bastasse para causar impacto o bastante, ela é colocada em programas em que precisa falar. Não falar um pouquinho, o suficiente para que nós entendamos o que está acontecendo. A modelo fala, fala, fala.... E não cala mais a boca. Não me incomodaria, se ela falasse coisa com coisa. Ou se ela tivesse uma voz envolvente, agradável, musical.

Eis o problema: Daniela poderia ser só um rostinho bonito. Compreendo que, apesar das minhas opiniões e da minha essência pérfida, existam seres que realmente a considerem uma musa – como a qualquer outra que eu vituperei nessa coluna. Mas todos – TODOS – precisam concordar comigo em um ponto-chave. A mulher é uma chata, para não dizer mula acéfala (nada contra mulas).

Cada vez que vejo aquela bocarra desproporcional evocando algum som, minhas entranhas doem, meus ombros se contraem, meu nariz se repuxa. Eu me pergunto que tipo de pessoa, em sã consciência, contrataria alguém com uma voz daquela para apresentar, eu repito, a-pre-sen-tar qualquer coisa que seja.

Apresentadores precisam ser capazes de envolver o telespectador, devem atraí-lo, não afugentá-lo. Cicarelli não tem ao menos um quê de sensualidade nos modos, nas entonações, na presença. Nem trepando em público ela parece sensual, só causadora de alvoroço.

Porque, tenha dó, dar para o namorado na praia é uma coisa. Agir do mesmo modo quando você é famoso e sabe que será flagrado é outra bem diferente. Ignorando o fato que quem deveria ser processada é ela, por indecência pública – e, mais tarde, por agir contra os direitos civis de liberdade de informação dos brasileiros –, a senhorita Einstein inventa de abrir um processo que a volta contra milhões de usuários da internet, porque faz um dos sites mais acessados do momento ser bloqueado. Seria incrível se a população convencesse a Telefônica (e todos os provedores obrigados a bloquear o sinal do Youtube) e o governo Espanhol a lançarem uma ação contra a modelo. Adoraria ver aqueles beiços retorcidos choramingando por aí que estão sendo processados injustamente.

Enquanto isso não ocorre, Cica continua por aí destilando imbecilidade, rindo deselegantemente, caminhando curvada pelos corredores da MTV, quando não pelas passarelas de pobres e desafortunados estilistas.

Dani, my darling, consideremos os fatos. Você não é lá uma grande modelo. Não faz muito bem sendo apresentadora. Age de todos os modos possíveis para acabar com sua imagem pública perante os seus supostos fãs. Seu único mérito foi acionar a justiça brasileira com uma rapidez incomparável – e com isso causar a ira de todo nós pobres mortais. Eu sei que falando assim parece que não sobra nada que você possa fazer, mas tenho algumas sugestões: Inscreva-se em um curso para aprender a conter seu período de cio quando em público. Freqüente uma fonoaudióloga. Faça aulas de etiqueta. Evite a tortura de nossas pobres almas mantendo seu rosto desagradável longe das câmeras de TV.

No final das contas, você pode sempre se juntar a um circo itinerante e ser apresentada numa gaiola como a incrível mulher-bagre de seis dedos.





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