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Cantinho do Aguilar...

Os astros no céu, na tela e no palco

Por Eduardo Aguilar


Elas Cantam Eles espetáculo musical
dirigido por Alex Olobardi

“A dúvida nos liberta para múltiplas visões e possibilidades. A certeza absoluta, esta sim nos retira a inteligência”.

Incapaz de perceber o grande mérito das librianas, eu fui um severo e estúpido crítico da maior qualidade do grande amor que atravessou a minha vida, pois entendia a “dúvida” e a busca pelo senso de justiça que lhes é peculiar como tão somente uma fonte de indecisão. Esse olhar mesquinho e apequenado me fez deixar de vivenciar de forma mais intensa o privilégio de estar ao lado da inteligência especial do signo mais charmoso e sensual do zodíaco, mas a vida segue...

E eis que depois de um intenso e rápido romance com alguém do signo de Áries, me dou conta de uma nova percepção sobre as coisas: não há razão para pressionar o outro, pode ser difícil para um canceriano, mas é preciso aprender a se entregar sem esperar nada em troca. Se tiver que ser, será! Porém, outros olhares femininos se aproximam do meu e por isso eu faço questão de avisar que estou “aprendendo”. Podem acreditar!

Mas “amores” a parte, o nó é que o editor-chefe da Zingu! é de Áries, logo, um turbilhão de idéias e impetuosidade, difícil dar conta da demanda do amigo Matheus Trunk, e pelo menos por enquanto, eu resolvi agir um pouco como ele e os ariadnos (dizem que essa é a forma correta de designar quem é de Áries, pois evita confundir com a questão nazista), ou seja, vou de cara descumprir o combinado, fazendo que pelo menos por essa edição, a coluna não seja bimestral e sim: mensal! Em seguida vou falar de A a Z, meio como num bate papo com um ariadno, aliás, essa característica também é geminiana, com a diferença que em se tratando dos ariadnos, tudo é sempre a 1000 km por hora, o que traduzindo para a escrita fica um pouco difícil de manter o padrão – rsrsrsrs.

Bom, começo por uma nova paixão, mas não se trata de nenhuma mulher e sim a paixão pelo teatro, dessa forma vamos anarquizando o foco central da pauta da Zingu!

Alguns dias atrás assisti a peça “Elas Cantam Eles”, o espetáculo ocorreu na Câmara de Cultura Antonio Assumpção em São Bernardo do Campo. Trata-se de uma colcha de retalhos a partir de músicas de determinados autores como Chico Buarque e também trechos de textos de alguns escritores como Mário Quintana. No palco “quase” em forma de arena com platéia em 03 dos lados deixando o fundo para a coxia, revezam-se mulheres que combinam coreografias simples, despojadas, porém não menos belas em razão disso. Em um dos cantos contrapostos ao palco principal, havia um 2.° palco onde se encontravam alguns músicos responsáveis pelo acompanhamento musical, trazendo uma certa sofisticação à apresentação.

O diretor Alex Olobardi equilibra com extrema sensibilidade diferentes olhares masculinos sobre o feminino sem nunca se perder ou mesmo permitir que o público se perca do que se está falando, mantendo sempre a mulher no centro de tudo, com a sua multiplicidade, o seu mistério, a sua entrega, a sua intensidade, e claro, a sua dor!

O elenco composto de jovens atrizes que eu ainda não conhecia, traduz a mesma “entrega” feminina abordada na peça, confirmando a máxima de que se um diretor de cinema quer encontrar novas e talentosas atrizes, ele tem que freqüentar o teatro, mas é difícil não destacar 02 dessas atrizes: Anália Martins e Elaine Eco. Anália entre múltiplas criações como a da mãe que aparece no início da peça e a fabulosa “Gilda”, trás a cena uma energia, uma força arrebatadora enquanto Elaine Eco entre outros momentos intensos interpretou a dificílima e belíssima música “Atrás da Porta” de Chico Buarque e Francis Hime que já foi ouvida na voz de Elis Regina, ou seja, uma parada indigesta, mas independente das qualidades vocais (e elas existem), o que sobressaí na interpretação de Elaine Eco é a entrega tão necessária, em uma palavra: emocionante!!!

A peça terá novas sessões em março. Imperdível!!!

ELAS CANTAM ELES

LOCAL: Teatro Cacilda Becker
Praça Samuel Sabatini, s/nº – Paço Municipal – São Bernardo do Campo
Fone: 4348-1081

SESSÕES:
09 de março (21h), 10 de março (20h),11 de março (19h)
INGRESSOS:
Grátis (retirar ingresso uma hora antes do espetáculo).

CONTATO: (11) 4331-1534/9785-9595 com Alex Olobardi


Sinopse: O universo de pesquisa apresentado no espetáculo é a poesia e a música brasileira, celebrando nomes de poetas como Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Murilo Mendes e Vinícius de Moraes, e compositores como Lenine, José Miguel Wisnik e Chico Buarque.Elenco: Aline Anfilo, Anália Martins, Elaine Eco, Mariele de Souza e Sonia Höfer.Músicos: Bruno Askinis, Helder Capuzzo e Sandro Fernandes.Preparação corporal: Patrícia RitaDireção de Alex Olobardi.

Agora, um pouco de cinema, acho que quase ninguém lembra da história de quando Eddie Murphy estava entre os apresentadores do Oscar na mesma edição em que Denzel concorria por “Um Grito de Liberdade”, logo após a não premiação de Denzel, Eddie foi contundente, tomou a palavra e antecipando que nem mesmo seu agente e obviamente a academia iriam gostar do que tinha pra falar, e consciente de que nunca mais o chamariam para a festa, Eddie apontou o racismo da Academia frente a atuação brilhante de Denzel que merecia a estatueta, salvo engano, Eddie falou em migalhas que seriam as indicações. Não preciso dizer que se eu já admirava esse ator passei a considerá-lo além de ótimo ator, um cara de “culhões”!

Pois bem, Eddie deveria levar a estatueta de ator coadjuvante esse ano, pois sua interpretação em “Dreamgirls – Em Busca de um Sonho” é não menos que brilhante! Conversando com o amigo Michel Simões do blog cinenetcom, constatamos o óbvio, aquele plano em que Eddie lança um olhar deflagrador sobre os demais que estão próximos dele, aquilo é “arte”! Vale muito mais que 01 ingresso, é o sentido e a diferença de um grande ator para o ator medíocre. Mas preveni o Michel (que pode confirmar a história) que a academia nunca engoliu o desaforo de Eddie.

Bem, eu preciso entregar esse texto e não consegui acompanhar a premiação via TV, sei por ora do resultado de ator coadjuvante via Internet, por isso não tenho idéia se Eddie compareceu a festa e como reagiu. Na minha opinião, ele deveria ter dado o “cano”, mas é possível que pressionado pelos “marketeiros” de plantão ele tenha comparecido, no entanto, seria bem bacana se tivesse optado por uma atitude de desprezo ao prêmio. E eu curto muito Alan Arkin, mas “vamos combinar” que sua atuação é pouco significativa em “Pequena Miss Sunshine”, but...

Sobre o filme em sim, ao contrário de alguns amigos, eu gostei muito. Reconheço que há senões como a tentativa de encontrar um final cor-de-rosa e alguns apelos que surgem aqui e ali, mas nada que tire a força e os méritos dos envolvidos, a câmera que volta e meia gira ao redor dos personagens é ao meu ver uma bela sacada para os números musicais aonde a coreografia é menos importante do que a carga emocional que envolve as cenas. Grande filme! Ao menos a fantástica Jennifer Hudson saiu da festa com sua estatueta.

Fechando, há 02 coisas ainda sobre o filme, eu sou um fã apaixonado da virginiana Beyoncé, não a acho “apenas” linda e maravilhosa, aliás, Beyoncé foi capaz de me tirar de um momento baixo astral terrível! O remédio era simples: olhava o papel de parede do meu micro com sua imagem e depois ouvia “Ring The Alarm” ou “Check on it”, isso era suficiente para o astral levantar e encarar o dia com as energias recompostas. Mas muito além da sua beleza, eu acho que Beyoncé é talentosa e muito talentosa, gosto de sua presença, gosto de sua voz e de algumas músicas de seu repertório, mas ainda que não gostasse de nada disso, seria difícil não me tornar um admirador dela após o filme. É inegável que ela é uma mulher inteligente, logo, é muito corajoso e despojado da parte dela participar de 01 filme onde seu papel é o de uma coadjuvante e a personagem central faz um incomodo paralelo com a questão da imagem/beleza que se sobrepõe ao talento quase (!?) que trabalhando num nível metalingüístico com a vida real e Beyoncé tira tudo isso de letra. Outra questão que me ocorre, é que ainda que seja evidente que Eddie Murphy se inspirou em James Brown para compor seu personagem, nada me tira da cabeça que há muito também de Marvin Gaye, uma pista para isso é o famoso gorro de Marvin e a incrível semelhança da música que a personagem de Beyoncé canta em sua homenagem lembrando a clássica “Missing You” de Lionel Ritche cantada por Diana Ross.

Eu ainda pretendia comentar o filme “A Noite do Desejo” de Fauzi Mansur, uma versão ‘perifa’ de “Noite Vazia” do Khouri, até por que o filme foi fotografado por Ozualdo Candeias, o homenageado desta edição, mas acho que já me estiquei demais, então fica pra próxima edição, mas já adianto, o filme é ótimo!

Ah! Dica youtube: procure o vídeo clipe do “The Cars” com a música “Drive” dirigido pelo excelente ator Timothy Hutton, o clipe é um hit dos anos 80, além de matar as saudades dessa bela música, vai ficar difícil entender por que o leonino Hutton não investiu mais nessa seara, pois a mise’en’scène é de cair o queixo, temos aqui um verdadeiro clássico no gênero.

Mas antes de encerrar, um pouco de futilidade, segue a minha seleção de todos os tempos do glorioso tricolor paulista, vale dizer, eu comecei a acompanhar futebol a partir dos 07 anos, então existem muitas lacunas, mas vamos lá:

No gol:

Zetti – desculpem-me os fãs de Ceni, eu até mudei minha opinião sobre o cara, mas convenhamos, Zetti além de defesas milagrosas, está por trás dos títulos mais importantes conquistados pelo tricolor.

-Nas laterais:

Nelsinho Batista e Junior – a idéia foi misturar um pouco de saudosismo num estilo mais conservador com o estilo moderno de um jogador que vai muito além de um “ala”.

-Na zaga:

“Don” Dario Pereira e “Don” Diego Lugano – e quem fica na sobra? Dane-se!

-No meio campo:

Mineiro; “Don” Pedro Virgílio Rocha; Renato “pé murcho” e Pita – sim, Pita e Pedro Rocha vão bater cabeça, mas dane-se ‘again’, eu adoraria vê-los jogar juntos e aqui está valendo menos o olhar tático e mais o plástico.

-No ataque:

Muller e Careca – que dupla infernal!!

-O técnico: Telê Santana.

E vamos rir um pouco com o São Paulo dos pesadelos eleito através de votação. (cortesia Michel Simões) Os votos dos são- paulinos foram bem focados, e assim o time tem os dois jogadores mais votados até aqui. Uma honra duvidosa.

O segundo mais votado entre todos os jogadores de todos os clubes foi o goleiro Alencar ("média de 6,55 gols por jogo", "Qualquer bola na direção do gol entra, logo, os zagueiros não podem recuar pro goleiro").

À frente do arqueiro de média invejável, os tricolores ergueram uma muralha (esburacada) com três zagueiros: Wilson, Nem ("para o time acabar sempre com 10 jogadores") e Paulão Desmaiei-na-apresentação.

À frente deles, Axel e Carabali ("lembra dele?").

Nas alas, Jura (que também estará na seleção do Bahia) e Lino.


Para armar as jogadas: Sierra ("a enganação que veio de fora e por cima, lembra?", "chegou de helicóptero no CT, vê se pode!"). No ataque: Dill (lembrado por várias torcidas) e o nosso campeão de votos, Rondon, que devia ter um lema parecido com o do seu antepassado, o Marechal Rondon. O do Marechal era: "Morrer se for preciso, matar, nunca!". O do atacante poderia ser: "Morrer se for preciso, marcar gol, nunca!" Para dirigente, venceu Fernando Casal Del Rey ("que jurou que o Cafu nunca jogaria pelo Palmeiras/Parmalat e tinha "tudo certo" com Renato Gaúcho e Edmundo").

E para técnico, depois de um apertada disputa entre Mário Sérgio, Parreira e Nelsinho Baptista ("tomou duas vezes de 7"), ganhou Oswaldinho de Oliveira.



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