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Carta ao leitor.
Pelo cinema paulista e esquecendo brigas e discordâncias.

Desde o seu primeiro número, esta publicação pioneira vem retomando de maneira brilhante e empolgante os preceitos estabelecidos por Rubem Biáfora. Os preceitos de defesa de um cinema popular e industrial, de brasileiros para brasileiros.

Como não estivemos na Mostra de Tiradentes, não podemos aqui julgar as posições tanto de grupos conflitantes como os do “Estado de São Paulo” com os de Contracampo, Paisá, Teorema, Cinética. O embate e conflito forte entre diferentes grupos é uma babaquice: quem perde é o cinema brasileiro. Felizmente, diferenças existem. Entre nós próprios da Zingu!, existem diversas diferenças. Quem me conhece e o meu principal sócio nesta grande e formidável brincadeira, Gabriel Carneiro sabe das nossas grandes diferenças. Mesmo com pessoas que estão presentes desde a primeira edição como Sérgio Andrade, Marcelo Carrard, as minhas diferenças de gosto pessoal são imensos. Mas isso não impede que sermos amigos e vivermos a vida cinematográfica junto, de um diálogo constante.

Não tenho nada pessoal contra as pessoas de “O Estado de São Paulo”, “Folha de São Paulo”, Contracampo, Cinética, etc. Temos diferenças. Como tenho com pessoas aqui da mesma publicação ou com pessoas da minha própria família. (E você amigo leitor, não tem diferenças de opinião com a namorada, namorado, amigos, familiares ?). O problema é que a briga que acaba levando as pessoas a esquecerem a verdadeira paixão em comum: o cinema. E ainda mais, esquecer que somos todos brasileiros e devemos proteger, fiscalizar e amar o cinema do nosso país. Essa é a verdade

Mas deixemos essa infeliz briga e conflito pra lá. O grande problema é que a crítica e o cinema paulista continuam ignorados.

Para defendê-lo, estamos aqui redescobrindo e falando da obra do “marginal dos marginais” (como bem definiu Jairo Ferreira), Ozualdo Candeias. Morrendo no mês de fevereiro, teve em mais de quarenta anos de cinema paulista ao qual está aqui divulgado de alguma maneira por esse dossiê de março. Essa edição da nossa Zingu! é dedicada a ele. Por isso, destrinchamos quase toda a obra deste inquieto artista e realizador, que infelizmente não pudemos entrevistar.

Estou aqui deixando claro que apesar de outras revistas eletrônicas terem feito brilhantes estudos e dossiês sobre a obra de Candeias, eu queria também deixar a nossa marca, falando sobre ele da nossa maneira.

Quero deixar claro: esse verdadeiro de bangue-bangue de jornalistas e críticos tupiniquins prejudicam todos nós: realizadores, técnicos, atores, críticos, pesquisadores e principalmente os cinéfilos. Um cinema forte, se faz de união. União de diferentes grupos. Nos anos 70, apesar das discordâncias, cineastas de Bocas, Becos e de empresas estatais lutavam pela mesma bandeira. Hoje parece, que críticos de publicações diferentes esquecem essa bandeira.

Esses são meus sentimos, em 1000% de Biáfora way of life,
Matheus Trunk.
Editor-chefe da Zingu!



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