Coluna do Biáfora
As Fugitivas Insaciáveis
Direção: Osvaldo de Oliveira
Brasil, 1978.
Por Rubem Biáfora, artigo selecionado por Sérgio Andrade
O técnico de equipe Antônio Pólo Galante ao passar a produtor, embora tenha tido em seu ativo boa participação em fitas de empenho como “Lance Maior”, “A Guerra dos Pelados”, “A Mulher de Todos”, “As Armas”, “As Gatinhas”, “As Deusas”, “O Último Êxtase”, recentemente ao enveredar por uma política mais ativa de produção mesmo trabalhando nas condições mais habituais do cinema paulista (nenhum apoio mas até perseguição da crítica, nenhuma ajuda na televisão, nenhum “cats paw” do PC ou dos “intelectuais” de escolinhas, clubinhos e outras igrejinhas, sem o apoio interessado e descarado de candidatos a cineastas “geniais”) mesmo não apregoando gato por lebre, mesmo sem desculpas nem mistificações, e sim, declarando abertamente suas intenções puramente comerciais, mesmo assim e com tudo isso tem feito o que ninguém mais tem conseguido: espontaneamente colocado alguns valores de realização e, sobretudo, de elenco em fitas que ele planeja, realiza e exibe com a maior presteza e eficiência possível. Só no ano passado realizou e apresentou cerca de cinco – a metade do que hoje está produzindo qualquer um dos ex-sete grandes estúdios de Hollywood. Pois chega-nos agora mais esta aventura, sem veleidades àquela mistificação, aquela mentira que os astutos rotulam de “compromisso com a nossa realidade”, chega esta obra diretamente violenta, com claros apelos ao sexo, à linearidade. Mas, mais requintada e ousada em certos pontos do que a quase totalidade do “cinema sério” que o “engagement” endeusa, pois vem com a coragem, por exemplo, de colocar no papel de um cáften e alcagüete, um tipo com o nível e a finura, mas há também a perfeita capacidade para convencer de um Pedro Stepanenko, além de dar o primeiro papel masculino a sempre proverbial grandeza cênica de Sérgio Hingst e de colocar nos papéis femininos novas presenças como a da bonita “nissei” Suely Aoki ou uma espécie de Mercedes McCambridge Rua do Triunfo como Zélia Martins. Fotografia, direção e ação tem a garanti-las – lado adventício da própria proposição à parte – a prática de Oswaldo de Oliveira.
As Fugitivas Insaciáveis
Direção: Osvaldo de Oliveira
Brasil, 1978.
Por Rubem Biáfora, artigo selecionado por Sérgio Andrade
O técnico de equipe Antônio Pólo Galante ao passar a produtor, embora tenha tido em seu ativo boa participação em fitas de empenho como “Lance Maior”, “A Guerra dos Pelados”, “A Mulher de Todos”, “As Armas”, “As Gatinhas”, “As Deusas”, “O Último Êxtase”, recentemente ao enveredar por uma política mais ativa de produção mesmo trabalhando nas condições mais habituais do cinema paulista (nenhum apoio mas até perseguição da crítica, nenhuma ajuda na televisão, nenhum “cats paw” do PC ou dos “intelectuais” de escolinhas, clubinhos e outras igrejinhas, sem o apoio interessado e descarado de candidatos a cineastas “geniais”) mesmo não apregoando gato por lebre, mesmo sem desculpas nem mistificações, e sim, declarando abertamente suas intenções puramente comerciais, mesmo assim e com tudo isso tem feito o que ninguém mais tem conseguido: espontaneamente colocado alguns valores de realização e, sobretudo, de elenco em fitas que ele planeja, realiza e exibe com a maior presteza e eficiência possível. Só no ano passado realizou e apresentou cerca de cinco – a metade do que hoje está produzindo qualquer um dos ex-sete grandes estúdios de Hollywood. Pois chega-nos agora mais esta aventura, sem veleidades àquela mistificação, aquela mentira que os astutos rotulam de “compromisso com a nossa realidade”, chega esta obra diretamente violenta, com claros apelos ao sexo, à linearidade. Mas, mais requintada e ousada em certos pontos do que a quase totalidade do “cinema sério” que o “engagement” endeusa, pois vem com a coragem, por exemplo, de colocar no papel de um cáften e alcagüete, um tipo com o nível e a finura, mas há também a perfeita capacidade para convencer de um Pedro Stepanenko, além de dar o primeiro papel masculino a sempre proverbial grandeza cênica de Sérgio Hingst e de colocar nos papéis femininos novas presenças como a da bonita “nissei” Suely Aoki ou uma espécie de Mercedes McCambridge Rua do Triunfo como Zélia Martins. Fotografia, direção e ação tem a garanti-las – lado adventício da própria proposição à parte – a prática de Oswaldo de Oliveira.