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Vampiras Lésbicas
Vampiras Lésbicas
Por Sérgio Andrade
Os filmes com vampiras lésbicas baseiam-se principalmente em duas fontes: a novela Carmilla de Sheridan Le Fanu e a lenda da Condessa Bathory, que se banhava no sangue de virgens para manter a juventude.
No entanto o primeiro filme a mostrar uma vampira mais interessada num pescoço feminino foi “A Filha de Drácula”, de 1936 baseado em Bram Stoker e dirigido pelo competente mas pouquíssimo valorizado Lambert Hillier.O lesbianismo era apenas insinuado, claro, mas o filme é bastante atmosférico, poético, sugestivo, sensual e assustador.
No entanto o primeiro filme a mostrar uma vampira mais interessada num pescoço feminino foi “A Filha de Drácula”, de 1936 baseado em Bram Stoker e dirigido pelo competente mas pouquíssimo valorizado Lambert Hillier.O lesbianismo era apenas insinuado, claro, mas o filme é bastante atmosférico, poético, sugestivo, sensual e assustador.
A primeira adaptação da novela de Le Fanu para o cinema foi Rosas de Sangue (Et Mourir de Plaisir) de Roger Vadim, em 1960, com sua então mulher Annette (Stroyberg) Vadim no papel de Carmilla Karnstein.
Nos anos 70 a Hammer inglesa produziria 3 filmes em seguida baseados na novela: Os Amantes Vampiros (The Vampire Lovers) de Roy Ward Baker; Luxúria de Vampiros (Lust for a Vampire) de Jimmy Sangster e As Filhas de Drácula (Twins of Evil) de John Hough. No papel da vampira mulheres fascinantes como Ingrid Pitt (no primeiro) e a dinamarquesa Yutte Stensgaard (no segundo). No terceiro as irmãs gêmeas Madeleine e Mary Collinson, ex-Playmates da Playboy, eram as vítimas da maldição da família Karnstein.
Já a Condessa Erzsebet Bathory inspirou, entre outros, A Condessa Drácula (Countess Dracula), de Peter Sasdy, com Ingrid Pitt (sempre ela!), e um episódio dos “Contos Imorais” de Walerian Borowczyk, com a filha de Picasso, Paloma, banhando-se no sangue virginal.
Nos anos 70 a Hammer inglesa produziria 3 filmes em seguida baseados na novela: Os Amantes Vampiros (The Vampire Lovers) de Roy Ward Baker; Luxúria de Vampiros (Lust for a Vampire) de Jimmy Sangster e As Filhas de Drácula (Twins of Evil) de John Hough. No papel da vampira mulheres fascinantes como Ingrid Pitt (no primeiro) e a dinamarquesa Yutte Stensgaard (no segundo). No terceiro as irmãs gêmeas Madeleine e Mary Collinson, ex-Playmates da Playboy, eram as vítimas da maldição da família Karnstein.
Já a Condessa Erzsebet Bathory inspirou, entre outros, A Condessa Drácula (Countess Dracula), de Peter Sasdy, com Ingrid Pitt (sempre ela!), e um episódio dos “Contos Imorais” de Walerian Borowczyk, com a filha de Picasso, Paloma, banhando-se no sangue virginal.
Recentemente tive a oportunidade de conferir três dos melhores exemplares desse subgênero. Vamos à eles:
Vampyres (1974)
Logo no início duas amantes são mortas a tiros na cama. Por quem? Algum tempo depois (quanto?) um executivo se hospeda no hotel da região onde ocorreu o crime. Ao mesmo tempo um casal em viagem avista as duas moças paradas próximas da estrada. Eles estacionam seu trailer perto do castelo local. Aos poucos esses três personagens acabarão sendo envolvidos numa espiral de sangue promovida pelas 2 estranhas mulheres.
Essas vampiras são um tanto atípicas: elas caminham à luz do dia, não tem dentes pontiagudos, não atacam preferencialmente a jugular, mas qualquer veia que esteja disponível (do braço, da perna, do pescoço claro, etc.), não dormem em caixões. Na verdade, nada faz muito sentido, o que conta aqui são as cenas de sexo. E nesta versão uncut elas são abundantes. O fato do diretor ser espanhol, José Ramón Lorraz, ajuda a entender porque em “Vampyres” talvez haja mais cenas de sexo do que em todas as produções da Hammer juntas. Destaque-se também algumas seqüências tão violentas como sensuais, como as cenas que exibem a ferocidade com que as vampiras atacam suas vítimas e depois se beijam lascivamente.
Alucarda, la hija de las tinieblas (1978)
Bem mais interessante é este filme mexicano dirigido por Juan López Moctezuma, vagamente inspirado pela novela Carmilla, de Sheridan Le Fanu.
Justine, uma jovem órfã de pai e mãe, interna-se num convento, onde vem a fazer amizade com Alucarda, uma garota misteriosa, sempre vestida de preto e com inclinações demoníacas. Há um claro jogo de espelho entre as duas jovens, a bondosa Justine que acabará sendo influenciada pela malvada Alucarda. As duas farão um pacto diabólico (com direito a cenas de lesbianismo), participarão de rituais pagãos e invocarão Satã durante uma aula de catecismo. Um forte sentimento anti-clerical percorre toda a película. As freiras, por exemplo, se vestem com roupas que lembram as bandagens das múmias. O interior do convento se assemelha com grutas e no teto da capela enfileiram-se enormes, estilizados Cristos crucificados. Um excelente trabalho de direção de arte!
É difícil enquadrar o filme num gênero específico. A princípio parece ser um nunexploitation, depois torna-se filme de bruxas, mais para frente uma morta levanta-se do caixão para atacar o pescoço duma freira e no final torna-se um suspense a la Carrie, a Estranha.
No elenco, é impressionante a intensidade com que Tina Romero (Alucarda) e Susana Kamini (Justine) se entregam a seus papéis, assim como as atrizes que interpretam as freiras. E tem também o buñueliano Claudio Brook (foi o inesquecível “Simon del Desierto”) num papel duplo, como o médico do vilarejo e um cigano bem bizarro
Escravas do Desejo (Les Lèvres Rouges) – (1971)
Talvez o grande filme desse subgênero. A versão a que tive acesso é o “director’s cut” de Harry Kümel. Nessa cópia brilhando de nova fica mais evidente toda a sofisticação pretendida pelo diretor para contar sua estória de vampiras lésbicas.
O trem onde viajavam os noivos Stefan e Valerie apresenta um problema, e os dois são obrigados a se hospedar num hotel que se encontra vazio por não ser temporada. O acontecido mostra-se bem providencial para Stefan, que demonstra pouco interesse em apresentar sua “mãe” à noiva (é bom não falar muito para não estragar a surpresa de quem ainda não viu o filme).
Mas os dois não ficarão muito tempo sozinhos, pois logo chegam ao hotel uma bela e elegante loira acompanhada de sua pupila. O gerente do hotel leva um choque ao ver a mulher, pois ela é idêntica a uma hóspede que ele teve 40 anos atrás. Tudo fica claro quando ela diz seu nome: Elizabeth Bathory.
Logo depois diversas mulheres começam a aparecer mortas na cidadezinha, com um detalhe macabro: os corpos são encontrados sem uma gota de sangue!
No papel da Condessa Bathory é impossível imaginar outra atriz que não Delphine Seyrig, que esbanja sedução, beleza, empatia.
Toda a parte técnica (direção de arte, figurino, música, etc.) é excepcional, evocando a obra de diretores como Hitchcock, Von Sternberg, Wyler. A fotografia, em especial, tende para os tons vermelhos.
Violência e sexo são mostradas de modo bem sutil. O mais importante de “Escravas do Desejo” é o embate psicológico que se dá entre seus personagens. Uma obra-prima!
Procurem conhecer também Vampiros Lesbos, de Jess Franco; a trilogia vampiresca de Jean Rollin; La Novia Ensangrentada, de Vicente Aranda, entre outras obras que exploram esse universo tão fascinante quanto sensual das vampiras lésbicas.
Obs.: Agradeço ao amigo Marcelo Carrard pelo empréstimo dos 3 filmes
Vampyres (1974)
Logo no início duas amantes são mortas a tiros na cama. Por quem? Algum tempo depois (quanto?) um executivo se hospeda no hotel da região onde ocorreu o crime. Ao mesmo tempo um casal em viagem avista as duas moças paradas próximas da estrada. Eles estacionam seu trailer perto do castelo local. Aos poucos esses três personagens acabarão sendo envolvidos numa espiral de sangue promovida pelas 2 estranhas mulheres.
Essas vampiras são um tanto atípicas: elas caminham à luz do dia, não tem dentes pontiagudos, não atacam preferencialmente a jugular, mas qualquer veia que esteja disponível (do braço, da perna, do pescoço claro, etc.), não dormem em caixões. Na verdade, nada faz muito sentido, o que conta aqui são as cenas de sexo. E nesta versão uncut elas são abundantes. O fato do diretor ser espanhol, José Ramón Lorraz, ajuda a entender porque em “Vampyres” talvez haja mais cenas de sexo do que em todas as produções da Hammer juntas. Destaque-se também algumas seqüências tão violentas como sensuais, como as cenas que exibem a ferocidade com que as vampiras atacam suas vítimas e depois se beijam lascivamente.
Alucarda, la hija de las tinieblas (1978)
Bem mais interessante é este filme mexicano dirigido por Juan López Moctezuma, vagamente inspirado pela novela Carmilla, de Sheridan Le Fanu.
Justine, uma jovem órfã de pai e mãe, interna-se num convento, onde vem a fazer amizade com Alucarda, uma garota misteriosa, sempre vestida de preto e com inclinações demoníacas. Há um claro jogo de espelho entre as duas jovens, a bondosa Justine que acabará sendo influenciada pela malvada Alucarda. As duas farão um pacto diabólico (com direito a cenas de lesbianismo), participarão de rituais pagãos e invocarão Satã durante uma aula de catecismo. Um forte sentimento anti-clerical percorre toda a película. As freiras, por exemplo, se vestem com roupas que lembram as bandagens das múmias. O interior do convento se assemelha com grutas e no teto da capela enfileiram-se enormes, estilizados Cristos crucificados. Um excelente trabalho de direção de arte!
É difícil enquadrar o filme num gênero específico. A princípio parece ser um nunexploitation, depois torna-se filme de bruxas, mais para frente uma morta levanta-se do caixão para atacar o pescoço duma freira e no final torna-se um suspense a la Carrie, a Estranha.
No elenco, é impressionante a intensidade com que Tina Romero (Alucarda) e Susana Kamini (Justine) se entregam a seus papéis, assim como as atrizes que interpretam as freiras. E tem também o buñueliano Claudio Brook (foi o inesquecível “Simon del Desierto”) num papel duplo, como o médico do vilarejo e um cigano bem bizarro
Escravas do Desejo (Les Lèvres Rouges) – (1971)
Talvez o grande filme desse subgênero. A versão a que tive acesso é o “director’s cut” de Harry Kümel. Nessa cópia brilhando de nova fica mais evidente toda a sofisticação pretendida pelo diretor para contar sua estória de vampiras lésbicas.
O trem onde viajavam os noivos Stefan e Valerie apresenta um problema, e os dois são obrigados a se hospedar num hotel que se encontra vazio por não ser temporada. O acontecido mostra-se bem providencial para Stefan, que demonstra pouco interesse em apresentar sua “mãe” à noiva (é bom não falar muito para não estragar a surpresa de quem ainda não viu o filme).
Mas os dois não ficarão muito tempo sozinhos, pois logo chegam ao hotel uma bela e elegante loira acompanhada de sua pupila. O gerente do hotel leva um choque ao ver a mulher, pois ela é idêntica a uma hóspede que ele teve 40 anos atrás. Tudo fica claro quando ela diz seu nome: Elizabeth Bathory.
Logo depois diversas mulheres começam a aparecer mortas na cidadezinha, com um detalhe macabro: os corpos são encontrados sem uma gota de sangue!
No papel da Condessa Bathory é impossível imaginar outra atriz que não Delphine Seyrig, que esbanja sedução, beleza, empatia.
Toda a parte técnica (direção de arte, figurino, música, etc.) é excepcional, evocando a obra de diretores como Hitchcock, Von Sternberg, Wyler. A fotografia, em especial, tende para os tons vermelhos.
Violência e sexo são mostradas de modo bem sutil. O mais importante de “Escravas do Desejo” é o embate psicológico que se dá entre seus personagens. Uma obra-prima!
Procurem conhecer também Vampiros Lesbos, de Jess Franco; a trilogia vampiresca de Jean Rollin; La Novia Ensangrentada, de Vicente Aranda, entre outras obras que exploram esse universo tão fascinante quanto sensual das vampiras lésbicas.
Obs.: Agradeço ao amigo Marcelo Carrard pelo empréstimo dos 3 filmes