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Dossiê Edu Janks

Arte & Tesão Nas Produções de Filmes Pornôs

Por Edward Janks

Se “sexo também é cultura”, como afirma um ator no filme Viciado em C..., apadrinhado pelo galã David Cardoso, podemos imaginar a difícil “arte” de se fazer um filme de sexo explícito. São necessárias concentração, boa forma física e, principalmente, tesão.

Nem sempre, porém, as coisas acontecem no local da filmagem do jeito que nós, espectadores, vemos nas telas. Para fazer qualquer filme são necessários técnicos, câmeras, diretor, maquiadores...Agora imagine só se esse filme for de sexo explícito. A coisa na coisa. Trepar ouvindo “agora agarre os seios da garota” ou “chupe o pau do cara sem fazer careta” ou “não goza ainda” ou “goza agora”, “abre mais as pernas”, “fecha mais as pernas”, “levanta a coxa”...não, amigos, não é mole trepar ouvindo os gritos do diretor. Ou com as luzes fortíssimas diretas no pau do ator ou na xoxota da atriz. Como também não é fácil conseguir manter a ereção no meio de gente cochichando, andando pelo quarto. É claro que pintam situações hilariantes, sufocantes, broxantes.

E é por essas e outras que muitas vezes aparece o “doublé”. Sim, não são apenas as cenas de perigo do cinema americano que precisam de corajosos heróis para poupar a pele dos atores. Muitas vezes, para garantir o sucesso da trepada, os diretores precisam recorrer a cacetes potentes, de outros atores. Foi o que aconteceu, entre outros, no filme do diretor Levi Salgado: Rabo Quente. Três curradores perigosos comiam todas as gatas do pedaço. Violentos e maus, eles não dispensavam uma xoxota...Isso no filme. Porque na hora de filmar, os três valentes bandidos brocharam. O que provocou em Levi a seguinte reação: a ameaça de deixar no filme, a linda cena dos três cacetudos de pau murcho...o que ia dar o que falar, quando o filmes estivesse em cartaz. Como o diretor resolveu o problema ? Simples. Ele tinha ao seu alcance o supermacho Elias Breda, que, além de cacetudamente resolver as cenas em que aparecia, ainda dublava com perfeição as trepadas alheias...

Esse negócio de broxar nas cenas de sexo é delicado. É por isso que outro diretor prefere checar antes as preferências de seus atores. Para não acontecer o que aconteceu em um filme seu: ele arrumou uma garota negra para transar com um rapaz negro. O rapaz broxou. Papo daqui, acerto dali, o diretor descobriu que o rapaz era chegado em loira. Pronto! Foi o diretor trocar a mulata por uma loira que o cacete do crioulo reagiu vigoroso e ele fez uma das mais quentes cenas do cinema nacional.

Outra saída para os diretores é contratar atores de pau firme, que já provaram nos seus inúmeros filmes que trepar é com eles mesmo. É o caso do campeoníssimo Oásis Minitti (chegou a dar 36 trepadas num espaço de 14 horas!). Ou do garanhão Silvio Jr. ou do não menos potente Jaime Cardoso.

Sílvio Jr. pe tão “profissional” que certa vez, foi motivo de escândalo em uma praia sossegada de Ubatuba. Algumas senhoras distintas, passando pelo local tiveram o prazer de ver o bonitão Sílvio se preparando para entrar em cena, fazendo a sua concentração. Ora, concentração em teatro é um negócio sério: o ator quer ficar sozinho, imagina-se na pele do personagem, dar-lhe corpo. No caso de Sílvio, a concentração também era séria. Ele abaixou a pequena sunga e lascou a briga dos “cinco contra um” começou uma bela punheta. É verdade que as senhoras se escandalizaram, mas bem que não fizeram nada para deixar o local nos 40 minutos que durou a cena de amor á beira-mar onde Sílvio Jr. dava pa sua quinta trepada do dia.

Jaime Cardoso é famoso também pela sua potência e bom humor. Que o digam as atrizes que contracenaram com ele no filme A B... Profunda. O ator é tão potente que, nas horas de figa do filme, em vez de descansar ficava beliscando as pernas das garotas, exibindo uma “mala” erguida e viril, por longos minutos.

Mas não só de potência e impotência vive o glorioso cinema erótico nacional. Porque um homem, afinal de contas se excita vendo uma gostosa xoxota ou recebendo uma “ajuda” de suas colegas de trabalho, como “chupetinha” ou masturbação. Mas, e os bichos, atores tão freqüentes nas telas ? Como é que um cavalo vai se excitar vendo mulher, ou um cachorro vai gostar de lamber xoxota ? É um mistério...

LEITE CONDENSADO: PARA O CÃO LAMBER XOXOTA

Não tão misterioso, em alguns casos. O diretor Alfredo Sternheim explica como fez a cena do cachorrinho lamber uma xoxota em Borboletas e Garanhões. Ele usou um efeito especial bem simples: encheu de leite condensado o grelo da atriz. Aí o bichinho foi lá, adoçar a boca, para a delícia dos espectadores que acham que o melhor amigo do homem também pode ser o melhor amante da mulher.

Um problema parecido teve o diretor Juan Bajon, em Sexo e Chantili. Ao final de uma seqüência em que atores e atrizes só fizeram comer (comida e sexo), e orgia terminava com algumas congestões e um ator acabava com o cacete atolado em um frango assado. O diretor queria que um gato fosse até lá e começasse a comer o frango. Tinha gato a dar com pau no local da filmagem, mas nenhum deles queria comer o frango. Finalmente, Bajon convenceu um gatinho, com um punhado de carne moída. Foi levado o gato, farejando a carne, até o ator e aí o gatinho experimentou o frango. Pronto! A cena se resolveu do jeito que ele queria.

Filmar com bicho, porém, nem sempre dá certo. Pelo menos é o que o infeliz câmera do filme 1001 Maneiras de... de Sady Baby, deve pensar. A cena ia bonita, com o ator Pedro Terra transando com uma pônei. Pra melhor focalizar a cena, o câmera estava debaixo das pernas do animal, enquanto Pedro levantava o rabo da bichinha e ia bonito no vaivém. O que ninguém esperava é que o pônei gostasse tanto de cacete de gente. Felicíssima, na hora em que Pedro esporreou, a bichinha soltou seu gozo, além de mijar. Já imaginaram o que aconteceu com o coitado do câmera, bem debaixo da transa ? Não perguntem se ele continua na profissão...

Dificuldades como essas acontecem mesmo. Filmar sexo explícito é difícil, tem de contar com garanhões potentes e garotas lindas e dispostas. E é nesse momento em que eu falei das gatas que a coisa esquenta. Como é que é, podem querer saber os espectadores. Artista de explícito transa com qualquer um que pintar na filmagem ? Gosta do que faz ? Não gosta, está nessa só por uns tempos ?

Claro, nunca dá pra generalizar. Mas se depender da Sandra Midori, uma das mais lindas gatas nissei do cinema nacional, dá pra afirmar que a garota curte o seu trabalho. Tanto é que numa filmagem demorada, em que pintaram muitos problemas técnicos e algumas cenas demoraram mais do que o previsto, a moça não teve dúvida. Pegou o telefone, e ligou para sua mãe. E fez questão de falar bem alto, para o diretor ouvir que “era um absurdo. Ela estava lá há oito horas no estúdio e ainda não havia feito nenhuma cena de sexo explícito”...

NA EREÇÃO, A ATRIZ PRECISA DAR UMA MÃOZINHA

Outro infeliz diretor passou por um problema parecido. A equipe estava pronta pra viajar a um sítio, onde iria filmar, quando uma das atrizes se virou, toda desconsolada e disse achar uma pena que seu noivo não chegara para ir junto. O diretor perguntou por que, e ela respondeu dizendo que havia convidado o rapaz para ver a filmagem. E concluía: “Bem, até melhor que ele não vá. Ele é ciumento, daqueles que andam armado, briguento. E depois, ele nem sabe que eu faço sexo explícito, acredita que eu sou santa”. Já imaginaram o que ia acontecer se o noivo aparecesse no pedaço?

Se não foi com o noivo raivoso, Sady baby contou com outro problema, durante uma filmagem. Era uma cena forte, em que a moça precisava gritar, apavorada quando o ator a violentasse. Porém a atriz parecia gostar muito da idéia de ser currada e o máximo que conseguia soltar era um “ooooh!” dos mais fraquinhos. Filmara uma, duas vezes. Na terceira vez, vendo negativo do filme sendo gasto à toa e vendo que o grito apavorado que desejava não ia pintar. Sady não teve dúvida: na hora em que gritou “agora!”, ele meteu a mão na bunda da moça, desceu um tapão nela. E dessa vez, sim, o grito saiu forte e claro, com todo o medo que Sady desejava imprimir à cena.

Mas não se pode criticar as atrizes, por sua ingenuidade em algumas ocasiões. Afinal, o diretor Alfredo Sternheim descreve um fato ocorrido no começo de sua carreira. Sternheim era assistente de direção do famoso diretor Walter Hugo Khouri, isso há 20 anos: “Uma linda atriz ia filmar nua numa cachoeira. Tudo certo, luz, câmera, ação. Mas eis que a atriz sai correndo de debaixo da água, berrando. Todos ficam espantados, o que foi, o que não foi...a atriz gritava que ia morrer. O que poderia ter acontecido ? Uma cobra d´água esperta havia picado a garota ? Uma aranha havia picado o corpo perfeito da atriz ? Não...ela berrava e chorava, dizendo que havia entrado água dentro do seu cérebro e que ela ia morrer...Olha não dá pra dizer o nome dela. Afinal de contas, fez muito sucesso na Europa, anos depois. Voltou ao Brasil e é hoje considerada uma atriz reconhecida, de destaque”.

Mancada acontece também na hora de formar o elenco. Porque tem atrizes que topam as cenas com mais facilidade, tranqüilidade. Outras, nem tanto. Foi o que aconteceu com Danúbia Alcântara. Ela já havia feito alguns filmes com cenas de sexo explícito, mas nunca, na vida real, havia tido uma transa com lésbica. E topou fazer uma cena assim, num filme do diretor Rubens Reis. Só que Danúbia estava lá, pelada e meio tímida, enquanto a sapatão não perdia a chance: grudava mesmo na garota, esticava a cena. O negócio foi dar um tempo nas filmagens, explicar que não precisava de tanto realismo...

Realismo foi o que trouxe muitos problemas para Juan Bajon e os atores de Sexo e Chantili. Querendo usar chantili, Bajon não imaginou o trabalho que ia ter. Na primeira tentativa, o creme derreteu e ficou amarelado, parecendo manteiga. O jeito foi usar potes e mais potes de “Chantibon”, na cena final, quando o casal central do filme trepa sobre um bolo imenso, que daria para 800 convidados. Usando o “Chantibon”, cena preparada, ator de pau duro e atriz de xoxota aberta, luzes, câmera...luzes. Pra quê. O chantibon começou a endurecer e a rachar, na pele dos atores, que, heróicos, conseguiram continuar trepando, enquanto iam ficando cada vez mais melecados e doces..

O DIFÍCIL É PARAR A TREPADA PARA ACERTAR O FOCO

Doçura. Sem dúvida nenhuma, é necessário haver companheirismo, amizade e prazer num “set” de filmagem de explícito. Ainda mais quando o ator está começando a se concentrar, achar o tesão necessário para uma boa ereção, É nessas horas que a garota precisa ser legal, relaxar seu parceiro, dar uma mão (literalmente...) ou até uma chupada. Só que isso depende. Segundo a atriz Júlia Devassi, se “o cara é chatinho, fica na dele e a gente fica na nossa. Ele cria sozinho, decora o texto, é um profissional, tá ali pra isso mesmo”. Parece que esse tipo de clima pintou em Viagem ao Céu da Boca, do diretor Roberto Mauro. Em entrevista, o diretor disse que “surgiu uma não-aceitação” por parte da atriz em relação ao ator e isso atrapalhou um pouco o desempenho do jovem”. O que fez Roberto Mauro ? Bom, um pouco de conversa, um clima de alcova no estúdio- até revistinhas de sacanagem a produção arrumou, pra ver se Eduardo Black se excitava. Mas o que realmente resolveu foi mexer com os brios do machão brasileiro. Mauro ameaçou usar um cacete artificial nas cenas mais fortes. Pra quê! Black reagiu com impacto e foi em frente, fazendo ao vivo e a cores as cenas de sexo oral e anal com suas lindas parceiras.

Já o diretor Gerald Damiano acredita não haver problemas para acertar o ponto de fogo de seus atores. Quando filmou A B... Profunda, ele não teve maiores problemas. Seus atores eram “cara-de-pau, gente que depois de comer três mulheres, ainda tava tocando punheta e ia se encontrar com a namorada depois”. Ufa! Dá pra encarar uma “fera” dessas? Mas Gerard também aponta os problemas. Afinal, ás vezes os atores têm de ficar longos minutos numa posição complicada, apoiando-se em um só pé, enquanto iluminação e câmera se aprontam ou acertam o foco.

Tensão que para as atrizes é menor que para os atores. Pelo menos é assim que Julia Savassi define a diferença de trabalho entre o ator e a atriz. Apesar de, no final, haver também mais tesão para o homem. “Afinal”, diz ela, “gozar é um elemento obrigatório em sua atuação”. E pra mulher, dá tesão? Para ela, dificilmente, porque é um trabalho, é profissionalismo, amor e prazer só mesmo para o gato de quem se gosta.

E quando o casal que faz sexo no cinema é casado na vida real? As duas coisas são possíveis? Eliana e Walter Gabarron afirmam que sim. Eles se curtem mesmo, e no caso deles é verdadeiro o tesão. Já quando atuam com parceiros diferentes, a coisa muda de figura. Fica mesmo pertencendo a área do profissionalismo.

Profissionalismo difícil, mas rendoso. Oásis Minitti, um supercraque nessa técnica de fazer sexo diante das câmeras, comprou sua casa graças ás inúmeras aparições nas telas. Deve ser verdade, se se considerar que hoje, ao dia, paga-se de Cz$ 1.000,00 a Cz$ 3.000,00 por um bom ator do ramo. Claro, dependendo do talento pra ficar de pau duro e da rapidez com que os atores trabalham.

Rapidez. Para ser comercialmente viável, um filme de explícito precisa ser rodado em pouco tempo. Por isso, os roteiros prevêem histórias curtas, possíveis de ser realizadas em poucas semanas. Porém, pelo menos para o diretor Juan Bajon, isso não é sinônimo de malfeito. Ele aponta no cuidado das cenas de seus filmes, da iluminação, dos roteiros. Afora, Bajon critica nossa crítica. “Se a fita no conjunto não presta, para eles, eles não vêem qualidade em nenhuma cena”.

Nessa linha de também “aprontar” com a nossa crítica, temos o filme Variações do Sexo Explícito, de Alfredo Sternheim. Sabendo do nariz torcido que nossa imprensa faz aos filmes que continham cenas de sexo explícito, Alfredo cita um crítico e personagem de nome Leon Ewald e outro de nome Edmar, numa “homenagem” curiosa a dois conhecidos críticos paulistanos que, ao que consta, ainda agora, passados vários anos da realização do filme, continuam de nariz torcido com o diretor, mal o cumprimentando.

Se a imprensa não liga para os filmes de explícito, o pessoal da direção dos filmes também se diverte “homenageando” jornalistas (caso de Alfredo) ou antigas atrizes de cinema, ou apenas satisfazendo seu humor, quando batiza as estrelas do nosso pornô. Nomes diferentes como X-Tayla, Taramoa, Bim-Bim, Viviane Pu, Markeley, fazem parte do elenco de vários filmes de Sadi Baby.

Nomes também curiosos são Michelle Darc, Najara Kundera (quem lembrou do escritor best-seller Milan Kundera deve estar certo), Pricilla Presley (a esposa de Elvis Presley trabalhando na Boca?). Meire Beliscosa (deve ser boa de briga...), Linda Gay, Natália Flay, Veronika Leike (até artista americana aparecendo em pornô ?), Waldher Laurentis (o produtor italiano pode ter gostado da homenagem...), ou o assumido Tarzan Brasileiro.

Batizar atrizes na hora da filmagem é fato bastante comum. Ou as moças não querem por o nome verdadeiro, ou acham o próprio nome muito fraco e pretendem usar um “nome artístico”.

É isso. Fazer cinema no Brasil já é difícil. Fazer cinema erótico, então, nem se fala. Mas, sem dúvida nenhuma, os bastidores das filmagens trazem todas as histórias deliciosas, repletas de humor, malícia, sensualidade. Porque o que vale queridos leitores, é encher as telas de sexo e erotismo. Tudo pra você usar sua imaginação e “comer” as lindas mulheres que aparecem nas telas.



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