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Dossiê Jairo Ferreira

Jairo Ferreira: Amigo/Mito

Por Eduardo Aguilar

Boca do lixo. Rua do Triunfo. 1982. Faço amizade com Carlos Reichenbach e com Antônio Meliande. Conheço Jean Garret e também o Conrado Sanches que depois virou um grande ‘brother’. Mas faltava conhecer o homem que foi o meu guru: Jairo Ferreira.

Eu e Jairo estamos encostados em uma parede próxima talvez do Soberano ou da Cinedistri, ou quem sabe dos escritórios da A P Galante. Não sei ao certo, no meu imaginário, estamos encostados em alguma parede numa conversa monossilábica, surgem algumas divergências em meio a muito silêncio, mas até por isso, o mito permanece intacto. No final, fico com aquele frio na barriga. Enfim, tive a oportunidade de falar e conhecer o maior crítico de cinema do Brasil, ao menos na minha opinião.

Corte no tempo. Sete ou oito anos depois. Estou participando de um filme de terror na Bahia e alguém me pergunta se me lembro de algum fotógrafo de cena, acho que o Conrado é quem está à procura. E eu logo me lembro do Jairo. Os caras topam! Loucura! O Jairo fica no mesmo quarto que eu. Incrível! Mas não se estabelece uma intimidade, o mito prevalece. Jairo prefere Hitch a De Palma e fico um tanto quanto inconformado.

Estamos no set de filmagem, o produtor observa as fotos de cena que Jairo vem fazendo e não se conforma. Simplesmente não há material dos monstros, das cenas ‘gore’, as fotos do Jairo são quase que na sua integra, fotos da equipe. O produtor fica puto da vida! No dia seguinte o Jairo descola uma licença por um problema médico e fica um bom tempo sem aparecer nas filmagens.

Tempos depois, as melhores fotos que tenho de filmagens vem do amigo Jairo. Sim, já somos amigos, e não sei se por amizade ou não, mas o Jairo escreveu as melhores palavras sobre “Dias Cinzentos”, minha ode de amor e ódio à sampa.

E o que isso quer dizer? Que o mito virou amigo e o amigo, mito voltou a ser. E o amigo/mito partiu, mas ficou.



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