Dossiê Jairo Ferreira
O Guru e os Guris
Direção: Jairo Ferreira
Brasil, 1973. [11 minutos]
Direção: Jairo Ferreira
Brasil, 1973. [11 minutos]
Por Gabriel Carneiro
O Guru e os Guris é um curta semi-documental sobre Maurice Legeard, fundador do primeiro clube de cinema de Santos e posteriormente da Cinemateca de Santos. Jairo Ferreira busca um retrato cru de uma realidade que acometeu o cinema brasileiro, a ignorância. Legeard assim é homenageado. A câmera passeia com ele, através de conversas de bar, de andanças, de busca e procura de materiais, de divagações... O que mais vemos é uma câmera livre, que observa os dizeres de Maurice.
Vemos então esse francês, aparentemente ranzinza, balbuciando e refletindo sobre o nosso cinema, o nosso público. Os principais pontos abordados foram a falta de prestígio do cinema nacional pelo nosso público, essa preferência pelos grandes nomes de lá, a idiotice e a falta de vontade de entender o cinema, a falta de curiosidade. Entre os momentos emblemáticos está Legeard resmungando algo similar a: “Se eu pedir para um cara me falar dez filmes do Fritz Lang, ele vai falar ‘esse, aquele, [outros grunhidos]’. Mas se eu pedir dois filmes do Candeias, ele vai ficar ‘ah, quem, ãh...’.”
O Guru e os Guris é um curta semi-documental sobre Maurice Legeard, fundador do primeiro clube de cinema de Santos e posteriormente da Cinemateca de Santos. Jairo Ferreira busca um retrato cru de uma realidade que acometeu o cinema brasileiro, a ignorância. Legeard assim é homenageado. A câmera passeia com ele, através de conversas de bar, de andanças, de busca e procura de materiais, de divagações... O que mais vemos é uma câmera livre, que observa os dizeres de Maurice.
Vemos então esse francês, aparentemente ranzinza, balbuciando e refletindo sobre o nosso cinema, o nosso público. Os principais pontos abordados foram a falta de prestígio do cinema nacional pelo nosso público, essa preferência pelos grandes nomes de lá, a idiotice e a falta de vontade de entender o cinema, a falta de curiosidade. Entre os momentos emblemáticos está Legeard resmungando algo similar a: “Se eu pedir para um cara me falar dez filmes do Fritz Lang, ele vai falar ‘esse, aquele, [outros grunhidos]’. Mas se eu pedir dois filmes do Candeias, ele vai ficar ‘ah, quem, ãh...’.”
A crítica é fatídica, o próprio Legeard constatava essa decadência com a instauração do Regime Militar. Algo, aliás, que perdura até hoje. É muito fácil hoje ainda encontrar isso, é só ir na Av. Paulista. É uma nova forma do cinema ‘cult’, ou o que está virando, o ‘pseudo-cult’. Cineastas que são grandes nomes e se tornaram populares para um público mais intelectualizado. Maurice não criticava os cineastas, admirava-os. Porém, o fato de o cinema brasileiro ser extremamente desvalorizado o que incomodava, assim como incomodava Jairo. O problema não é apreciar mais os de lá do que os daqui, e sim, recusar a conhecer os daqui.
Acho que muito mais que a forma tresvariada como Jairo filma, o que marca é a mensagem. É o clima do bar, o suburbanismo, nesse clima do marginalismo que tanto cultuava, desse ‘cinema de invenção’, que faz O Guru e os Guris a obra ser contundente ainda hoje. E fique-se claro, são já 34 anos. O Guru Maurice Legeard [e agora Jairo Ferreira, depois desse relativo distanciamento histórico] continua com muitos Guris por aí a ensinar...
Acho que muito mais que a forma tresvariada como Jairo filma, o que marca é a mensagem. É o clima do bar, o suburbanismo, nesse clima do marginalismo que tanto cultuava, desse ‘cinema de invenção’, que faz O Guru e os Guris a obra ser contundente ainda hoje. E fique-se claro, são já 34 anos. O Guru Maurice Legeard [e agora Jairo Ferreira, depois desse relativo distanciamento histórico] continua com muitos Guris por aí a ensinar...
