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Musas Eternas...
PORQUE O QUE É BOM, É ETERNO...

Alvamar Taddei


Por Sérgio Andrade

Uma das maiores dificuldades encontradas por quem se interessa em pesquisar sobre atores e atrizes brasileiros é encontrar dados confiáveis na Internet. Dependendo do período histórico em que trabalharam a dificuldade será maior ainda.

Vejamos o caso das musas da pornochanchada. Se já é difícil encontrar informações a respeito das “Grandes Musas”, como Helena Ramos, Matilde Mastrangi, Aldine Müller, Nicole Puzzi, Patrícia Scalvi, Zilda Mayo, Zaira Bueno, imagine então o problema que é achar algo sobre as atrizes que, embora sempre presentes nos filmes, nunca chegaram a alcançar aquele “status”.

Tentem fazer uma pesquisa no Google sobre Magrit Siebert, Suely de Fátima Aoki, Novani Novakoski, Marta Moyano, Meiry Vieira, Neide Ribeiro, Julciléia Telles, Glória Cristal, Sandra Graffi, Nadyr Fernandes, Nidia de Paula, Tânia Gomide, Ana Maria Kreisler, Claudette Joubert, Zélia Diniz etc. O resultado será sempre um muxoxo de decepção. Fotos então, nem pensar.

É o caso, também, da musa eterna deste mês, Alvamar Taddei, uma das preferidas deste que lhes escreve e do editor da revista, Matheus Trunk. Nada de dados biográficos, como data e local de nascimento, filiação, escolaridade, currículo, etc.

E no entanto Alvamar foi uma das mais graciosas e talentosas atrizes do período. Do tipo mignon, morena de cabelos compridos, ela conseguia se destacar no meio de tantas candidatas ao estrelato.

Em seus primeiros filmes era creditada como Alva Mar. Foi assim em “Sexo Selvagem”, de Ary Fernandes, “Mulheres do Cais” e “Nos Tempos da Vaselina”, ambos de José Miziara e todos de 1979. No último ela era uma das garotas de Ipanema que levava à loucura um simplório caipira paulista perdido no Rio de Janeiro.

A partir de Ninfas Insaciáveis, de John Doo, receberia o nome definitivo: Alvamar Taddei.

Ainda em 1979 faria parte do elenco de “Joelma, 23º Andar”, de Clery Cunha, filme que, segundo nossa colega de Zingu! Andréa Ormond, inaugurou um novo subgênero, o espiritismo-exploitation.

Em “O Inseto do Amor” (1980), do Fauzi Mansur, ela tinha uma pequena participação como uma das vítimas do mosquito “Anophelis Sexualis”. Na verdade, era só o tempo de mostrar a bunda (e que bunda!) e pronto.

Em seguida seria chamada para trabalhar com outros grandes diretores da Boca: era uma das modelos que posava para, e eventualmente transava com, “O Fotógrafo” Roberto Miranda, sofisticado filme de Jean Garrett; foi a jovem amante de um velho bicheiro, sonhando com o brilho de uma carreira artística em “Bordel – Noites Proibidas”, caprichada produção de A. P. Galante, dirigida com grande competência artesanal por Osvaldo de Oliveira, e onde ela demonstrava ter talento dramático; e uma das “coelhinhas abatidas” (como diria o Carlos Imperial) pela dupla Marcelo-Luciano em “Convite ao Prazer”, sua primeira participação num filme do Mestre Walter Hugo Khouri; terminando o ano num “Bacanal”, de Antonio Meliande.

Mas o diretor com quem mais trabalhou foi W. A. (de Waldir de Andrade) Kopezky, em três filmes: “Sócias do Prazer”, “A Insaciável – Tormentos da Carne” e “Em Busca do Orgasmo”. A sinopse desses filmes promete algo muito bizarro, na linha sexo + demonismo. Mas onde eles estão para que possamos conferir?

Alvamar voltaria a trabalhar com Khouri numa de suas obras-primas, “Eros, o Deus do Amor”. Aqui ela aparece, num dos flashbacks, como a empregada que cuidava dos cavalos da fazenda dos pais do então garoto Marcelo e lhe revelava aquilo que Gustave Courbet chamou de “A Origem do Mundo”, em seu quadro famoso.

Outro papel marcante foi como a prostituta Florinda no terceiro episódio do filme “Aqui, Tarados!”: “O Pasteleiro”, de David Cardoso. Um dos maiores momentos “gore” já realizados pelo cinema brasileiro.

O grande Alfredo Sternheim é quem lhe deu seu primeiro papel de protagonista em “Amor de Perversão” (1982), contando uma daquelas histórias típicas do autor, com paixões avassaladoras que geralmente terminam em decadência ou em morte. Porém o filme sumiu de circulação.

Mas é como Lilita, a estagiária de uma empresa que fica grávida do patrão e é obrigada a fazer um aborto, em “Amor, Palavra Prostituta”, do genial Carlos Reichenbach, que ela teve sua grande interpretação no cinema.

Depois disso faria pequenas participações em “A Flor do Desejo”, de Guilherme de Almeida Prado; “Volúpia de Mulher”, de John Doo; e “Jeitosa”, de Nello Rossi.

Já em “Tentação na Cama”, de Ody Fraga, é difícil de esquecê-la. Como a primeira das 3 pilantras que tentam seduzir David Cardoso para que ele lhes entregue a chave de um cofre que guarda um segredo, Alvamar tinha cenas de nudez que embalaram os sonhos de muito marmanjo!

E o mestre Ivan Cardoso, que não é bobo nem nada, escalou-a para ser uma das “Sete Vampiras” (as outras sendo Lucélia Santos, Suzana Mattos, Simone Carvalho, Tânia Bôscoli, Dedina Bernadelli e Danielle Dauméri). Um clássico do “terrir”.

No mesmo ano, 1986, seria lançado “Filme Demência”, obra-prima do Carlão, mas que é, infelizmente, o último filme em que ela atuou, lá se vão mais de 20 anos.

Relendo o texto para corrigir eventuais falhas percebi que ele é sobre ausências. Ausência de dados sobre cinema brasileiro, ausência dos filmes com a Alvamar, e ausência da própria Alvamar.

A pergunta que não quer calar é: por onde andará Alvamar Taddei?

Peço então ao leitor que souber o paradeiro dela (ou ela mesma, caso esteja lendo este texto), que entre em contato conosco por e-mail. Queremos, eu e o Matheus, fazer uma entrevista especial com ela para a Zingu! O e-mail é: zingu@bol.com.br

É o mínimo que nós, como fãs, podemos fazer por essa bela e talentosa atriz, nossa maravilhosa Musa Eterna de junho e de sempre, Alvamar Taddei.




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