Dossiê Rubem Biáfora
A Casa das Tentações
Direção: Rubem Biáfora
Brasil, 1975.
Por Matheus Trunk
O mais estranho e divertido filme de Rubem Biáfora, “A Casa das Tentações” é uma fita mais chanchada que pra filme experimental. Até pouco tempo atrás, a película podia ser achada em sessões da TV Cultura. Mas depois que a emissora parou de exibir filmes brasileiros mais antigos nos domingos a tarde, o último filme de Biáfora tornou-se um filme perdido e praticamente esquecido.
Sem a mesma complexidade dramática e técnica de “O Quarto”, este longa traz a história do estranho Saul (Flávio Portho), que após andanças por cidades e vilarejos, numa autêntica vida de andarilho, retorna a casa onde foi criado, um velho casarão. Ele traz consigo sua companheira Mônica (Elizabeth Gasper). Quem cuida da casa é uma velha empregada, Ba que criou Saul desde menino. Ela logo estará feliz de vê-lo e criará amizade com Mônica.
A casa pertence não somente ao personagem principal, mas também a seu irmão mais velho Domício (Pedro Stepanenko). Este toma conta da casa e a vende para alguns bandidos, que acabam tomando conta do casarão e a transformando numa boate.
Isso causa revolta no protagonista, e também na mulher de Domício, que tem grande afeição pelo irmão caçula do marido. Embora a trama familiar seja a principal do filme, ela não é o que leva a película.
O drama familiar, que realmente existe no filme, não é aprofundado. Creio que o importante para Biáfora era fazer seu último filme, seja pelo melhor que ele poderia ou mais para fazer algo. Claro, se o crítico-realizador fosse um amante do cinema de Rossellini ou De Sicca, ele poderia tornar “A Casa” um autêntico drama chorado e choroso. Ou quem sabe um novo “Rocco e Seus Irmãos” tupiniquim. Mas o resultado é totalmente contrário.
Mesmo após Saul dormir com a esposa do irmão, pouca coisa ou quase nada das relações dos dois é mostrado no filme. O que seria para ser o fio condutor da fita, acaba ficando para um segundo plano. No resultado final do longa, o tal drama familiar se apaga de tal e real maneira, que praticamente fica inexistente.
O mais legal de “A Casa das Tentações” é seu clima non-sense bem anos 70. Isso reflete na parte em que os bandidos estão selecionando as moças que irão trabalhar na “boate”. A dupla, feita em perfeição por Cavagnole Neto e Francisco Curcio, que são autênticos cafajestes. Fica latente que Biáfora era um excelente diretor de atores, bem na linha de seu amigo e não menos talentoso Walter Hugo Khouri.
A criativa fotografia de Cláudio Portioli, a música do maestro Damiano Cozzela ou mesmo do grande número de participações especiais de (como Selma Egrei, Sergio Hingst, Anselmo Duarte, Paulo Hesse, e mesmo de técnicos que trabalhavam no filme como Antônio Ravagnoli) tornam o filme especial e destacável.
Essa película realmente não é uma obra-prima, mas mesmo assim é um grande filme, realmente engraçado e divertido. Um filme discreto, que encerra com louros e grandes méritos a bela filmografia de Rubem Biáfora.
Direção: Rubem Biáfora
Brasil, 1975.
Por Matheus Trunk
O mais estranho e divertido filme de Rubem Biáfora, “A Casa das Tentações” é uma fita mais chanchada que pra filme experimental. Até pouco tempo atrás, a película podia ser achada em sessões da TV Cultura. Mas depois que a emissora parou de exibir filmes brasileiros mais antigos nos domingos a tarde, o último filme de Biáfora tornou-se um filme perdido e praticamente esquecido.
Sem a mesma complexidade dramática e técnica de “O Quarto”, este longa traz a história do estranho Saul (Flávio Portho), que após andanças por cidades e vilarejos, numa autêntica vida de andarilho, retorna a casa onde foi criado, um velho casarão. Ele traz consigo sua companheira Mônica (Elizabeth Gasper). Quem cuida da casa é uma velha empregada, Ba que criou Saul desde menino. Ela logo estará feliz de vê-lo e criará amizade com Mônica.
A casa pertence não somente ao personagem principal, mas também a seu irmão mais velho Domício (Pedro Stepanenko). Este toma conta da casa e a vende para alguns bandidos, que acabam tomando conta do casarão e a transformando numa boate.
Isso causa revolta no protagonista, e também na mulher de Domício, que tem grande afeição pelo irmão caçula do marido. Embora a trama familiar seja a principal do filme, ela não é o que leva a película.
O drama familiar, que realmente existe no filme, não é aprofundado. Creio que o importante para Biáfora era fazer seu último filme, seja pelo melhor que ele poderia ou mais para fazer algo. Claro, se o crítico-realizador fosse um amante do cinema de Rossellini ou De Sicca, ele poderia tornar “A Casa” um autêntico drama chorado e choroso. Ou quem sabe um novo “Rocco e Seus Irmãos” tupiniquim. Mas o resultado é totalmente contrário.
Mesmo após Saul dormir com a esposa do irmão, pouca coisa ou quase nada das relações dos dois é mostrado no filme. O que seria para ser o fio condutor da fita, acaba ficando para um segundo plano. No resultado final do longa, o tal drama familiar se apaga de tal e real maneira, que praticamente fica inexistente.
O mais legal de “A Casa das Tentações” é seu clima non-sense bem anos 70. Isso reflete na parte em que os bandidos estão selecionando as moças que irão trabalhar na “boate”. A dupla, feita em perfeição por Cavagnole Neto e Francisco Curcio, que são autênticos cafajestes. Fica latente que Biáfora era um excelente diretor de atores, bem na linha de seu amigo e não menos talentoso Walter Hugo Khouri.
A criativa fotografia de Cláudio Portioli, a música do maestro Damiano Cozzela ou mesmo do grande número de participações especiais de (como Selma Egrei, Sergio Hingst, Anselmo Duarte, Paulo Hesse, e mesmo de técnicos que trabalhavam no filme como Antônio Ravagnoli) tornam o filme especial e destacável.
Essa película realmente não é uma obra-prima, mas mesmo assim é um grande filme, realmente engraçado e divertido. Um filme discreto, que encerra com louros e grandes méritos a bela filmografia de Rubem Biáfora.