ALÉM DA PAIXÃO
Por Carlos Motta
Seleção e transcrição: Sergio Andrade
Nas últimas três semanas, três lançamentos (via circuito Gaumont) nacionais movimentaram um pouco a temporada do cinema brasileiro em São Paulo, afogada num excesso de filmes de sexo explícito. Depois de fitas de ritmo sincopado como “Tropclip” (que já saiu de cartaz) e “Estrela Nua”, um exemplo do chamado “cinemão”. Ou seja, o filme linear, sem códigos ou mensagens cifradas – o que não exclui evidentemente a criatividade ou a qualidade. “Além da Paixão” é o mais recente filme de Bruno Barreto, seguindo-se à aventura de “Gabriela”. E traz de volta Regina Duarte, agora em voga novamente, devido à repercussão da novela “Roque Santeiro”, depois de experiências fora da Globo, como o seriado “Joana”, e que está completando 20 anos de carreira no profissionalismo. Interpretando uma arquiteta casada, com dois filhos menores. Ela, aparentemente insatisfeita com o casamento, acaba por envolver-se com um rapaz, Miguel (Castelli), que atropelara. E que vive de encontros pagos com homens, mora com um travesti, Bom-Bom (Patrício Bisso), figura central de um show do qual Miguel também faz parte. Ela termina por acompanhar o rapaz (que também ocasionalmente vive da venda de cocaína) numa viagem, numa intensa ligação física, sem se dar conta de que está se envolvendo em situações graves. O filme – que pode melhor ser considerado uma fantasia sob o ponto de vista do entrecho e fabulação, foi parcialmente rodado em São Paulo. Na sua versão original tinha mais sete minutos (o “release” dos filmes brasileiros, salvo raríssimas exceções, nunca informam o tempo de duração final dos filmes). Bruno Barreto teria eliminado – ainda bem! – o final trágico destinado ao personagem de Miguel no roteiro original escrito pelo diretor Antonio Calmon. Técnica e artesanalmente impecável, o filme tem também comentário musical de César Camargo Mariano.”
*Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 11/08/85.
Por Carlos Motta
Seleção e transcrição: Sergio Andrade
Nas últimas três semanas, três lançamentos (via circuito Gaumont) nacionais movimentaram um pouco a temporada do cinema brasileiro em São Paulo, afogada num excesso de filmes de sexo explícito. Depois de fitas de ritmo sincopado como “Tropclip” (que já saiu de cartaz) e “Estrela Nua”, um exemplo do chamado “cinemão”. Ou seja, o filme linear, sem códigos ou mensagens cifradas – o que não exclui evidentemente a criatividade ou a qualidade. “Além da Paixão” é o mais recente filme de Bruno Barreto, seguindo-se à aventura de “Gabriela”. E traz de volta Regina Duarte, agora em voga novamente, devido à repercussão da novela “Roque Santeiro”, depois de experiências fora da Globo, como o seriado “Joana”, e que está completando 20 anos de carreira no profissionalismo. Interpretando uma arquiteta casada, com dois filhos menores. Ela, aparentemente insatisfeita com o casamento, acaba por envolver-se com um rapaz, Miguel (Castelli), que atropelara. E que vive de encontros pagos com homens, mora com um travesti, Bom-Bom (Patrício Bisso), figura central de um show do qual Miguel também faz parte. Ela termina por acompanhar o rapaz (que também ocasionalmente vive da venda de cocaína) numa viagem, numa intensa ligação física, sem se dar conta de que está se envolvendo em situações graves. O filme – que pode melhor ser considerado uma fantasia sob o ponto de vista do entrecho e fabulação, foi parcialmente rodado em São Paulo. Na sua versão original tinha mais sete minutos (o “release” dos filmes brasileiros, salvo raríssimas exceções, nunca informam o tempo de duração final dos filmes). Bruno Barreto teria eliminado – ainda bem! – o final trágico destinado ao personagem de Miguel no roteiro original escrito pelo diretor Antonio Calmon. Técnica e artesanalmente impecável, o filme tem também comentário musical de César Camargo Mariano.”
*Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 11/08/85.