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Dossiê Sady Baby

O Ônibus da Suruba II
Direção: Luiz Antônio de Oliveira e José Adauto Cardoso
Brasil, 1992.

Por Matheus Trunk

Prova banal e cabal que os autodidatas podem (e devem) fazer cinema, “O Ônibus da Suruba II” torna-se talvez a mais representativa obra-prima cinematográfica de Sady Baby.

O crítico e amigo Fernando Roveri já disse que os longas de Sady são parecidos com os de Jess Franco. Ele está completamente certo, pois tão pouco faz sentido a história, o que importa realmente é dar gargalhadas com as aventuras dele, Renalto Alves e sua trupe.

O que acontece em “O Ônibus da Suruba II” ? Praticamente nada. Um grupo de atores de teatro atravessam o país dentro de um ônibus promovendo golpes mambembes e orgias coletivas. Inclusive recebe atenção especial a participação de uma freira, que entra no veículo e é recebida de maneira comovente e carinhosa.

Aviso ao leitor que queira se iniciar na obra do polêmico cineasta, produtor e ator: esse filme não possuí cenas de zoofilia (caso de “A Mulher do Touro”, “Emoções Sexuais de Um Jegue”, “Emoções Sexuais de Um Cavalo” entre outros). Mesmo cenas de homossexualismo masculino, tão comum em diversos filmes de Sady.

Embora tenha esse lado mais light, o filme tem claro diversas cenas bizarras de sempre. Um bom exemplo é o da moça que enfia um telefone inteiro em seu órgão sexual. Depois, o ator Feijoada retira o telefone da moça e liga normalmente. Uma das cenas de maior destaque do filme em que um dos atores literalmente defeca por uma das janelas do ônibus.

Atuando, produzindo e dirigindo o ônibus (e o filme) Sady baby demonstrou com doses certeiras de ousadia e sexo explícito que podia e pode fazer cinema de uma maneira inteiramente pessoal.

Perseguido pela polícia, pelos críticos e tudo mais, Baby ainda se reunirá com o fotógrafo e câmera Renalto Alves para novas aventuras cinematográficas. A bizarrice sexual ganhou seu cineasta no Brasil em um realizador extremamente popular, ousado e corajoso.

Filmes recentes de grande apelo pela crítica como “Baixio das Bestas” são inofensivos e não representativos frente a obras do porta de “O Ônibus da Suruba II”. Distante das universidades, dos novos debates e da sociedade em geral e perto de seu público pequeno e localizado, Sady Baby continua com seu ônibus. Resta saber se queremos embarcar nele.



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