Coluna CINEMA Extremo
ONDE O CINEMA PODE SER VIOLENTO...
Por Marcelo Carrard
Emanuelle e Françoise le Sorelline
Direção: Joe D’Amato
Itália, 1975.
O Mito de Emanuelle é o mais forte e difundido dentro do Erotismo Cinematográfico Mundial. A personagem surgiu em 1973, através da adaptação do romance de Emanuelle Arsan, feita pelo diretor Just Jaeckin. Para encarnar a mulher que se libera vivenciando inúmeras fantasias sexuais, a atriz escolhida inicialmente foi Sylvia Kristel. Uma das mais belas mulheres do Cinema Erótico de todos os tempos, Kristel se tornou a primeira grande encarnação desse Mito, que foi explorado exaustivamente em inúmeras produções mundo afora, com diversas atrizes. Jaeckin faria ainda dois clássicos posteriormente: A História de O e Madame Claude. Essas produções tornaram o erotismo francês um modelo a ser seguido e ainda hoje, principalmente nas produções explícitas feitas na França, é possível perceber a qualidade dessas produções com requintados cenários e atrizes de grande beleza.
O nosso amigo Joe D’Amato, entusiasmado com o sucesso de Emanuelle mundo afora, resolveu pegar carona na personagem e em 1975 lançou o absurdo EMANUELLE E FRANÇOISE-LE SORELLINE aka EMANUELLE REVENGES. Bem antes de criar sua Black Emanuelle, imortalizada pela Musa Laura Gemser, D’Amato escalou como protagonista a loira boazuda: ROSEMARIE LINDT, que atuou no clássico Naziexploitation: SALON KITTY de Tinto Brass e no Giallo WHO SAW HER DIE, de Aldo Lado. A trama do filme gira em torno do universal tema da vingança. A irmã de Emanuelle, a tal Françoise do título, interpretada por Patrizia Gori, é traída e humilhada constantemente por seu amante cafajeste: Carlo, interpretado pelo ator favorito de D’Amato: LUIGI MONTEFIORI. O roteiro do filme foi escrito por D’Amato e seu grande amigo, o genial e picareta: BRUNO MATTEI.
Como resultado das constantes humilhações sofridas, Françoise se mata. Sua irmã Emanuelle passa a investigar os motivos da tragédia e descobre que Carlo é o grande culpado. Inicia assim seu plano de vingança. O roteiro mescla flashbacks do relacionamento de Françoise e Carlo até o momento em que Emanuelle consegue aprisionar Carlo. O tal aprisionamento é bastante engenhoso. Ele é acorrentado em uma sala secreta, diante de uma janela espelhada a prova de som, onde ele pode ver tudo o que acontece na sala de jantar de Emanuelle, sem ser visto por ninguém. A protagonista passa a executar diante dele um leque de perversões e fantasias sexuais como arma de tortura psicológica contra Carlo. Boa parte do filme mostra essa inusitada forma de tortura.
As seqüências eróticas surgem de maneira crescente se transformando em delírios do aprisionado Carlo, que enlouquece a cada minuto. Inicialmente Emanuelle transa com um homem que chega na casa, numa fantasia clássica do Cinema Erótico. Posteriormente vemos uma composição muito interessante onde Emanuelle se “diverte” com duas amiguinhas em um exemplo contundente do estilo europeu de fazer erotismo. Mas o momento mais extremo surge em um banquete onde Emanuelle e seus convidados passam a encenar uma orgia com insinuações de canibalismo que me remeteram ao banquete do episódio final do longa: O Estranho Mundo de Zé do Caixão.
O clima de loucura e perversão dessa trama de vingança tem grandes méritos e torna esse filme obscuro de D’Amato um clássico que merece ser descoberto. Os desdobramentos finais são inesperados e perturbadores, fugindo do óbvio. Visualmente Kitsch e com uma trilha-sonora cafona, Emanuelle e Françoise-Le Sorelline tem todos os ingredientes para se transformar em um filme Cult. Dentro da longa série de filmes com a personagem Emanuelle, esse é o mais bizarro e um dos mais violentos. Ao criar a Black Emanuelle, D’Amato sem querer cria um híbrido Blaxploitation onde Laura Gemser será protagonista de histórias inacreditáveis e de extremos estéticos na configuração de uma total quebra de limites dentro da violência no cinema. Na Zingu de Dezembro, além de um artigo sobre um desses filmes: EMANUELLE AND THE LAST CANNIBALS, uma pequena biografia desse genial e demente cineasta de 200 filmes será feita, além de uma homenagem para Laura Gemser na Coluna Musas Eternas. Terei muito o que escrever em breve, mas com um prazer indescritível. Aguardem...
Direção: Joe D’Amato
Itália, 1975.
O Mito de Emanuelle é o mais forte e difundido dentro do Erotismo Cinematográfico Mundial. A personagem surgiu em 1973, através da adaptação do romance de Emanuelle Arsan, feita pelo diretor Just Jaeckin. Para encarnar a mulher que se libera vivenciando inúmeras fantasias sexuais, a atriz escolhida inicialmente foi Sylvia Kristel. Uma das mais belas mulheres do Cinema Erótico de todos os tempos, Kristel se tornou a primeira grande encarnação desse Mito, que foi explorado exaustivamente em inúmeras produções mundo afora, com diversas atrizes. Jaeckin faria ainda dois clássicos posteriormente: A História de O e Madame Claude. Essas produções tornaram o erotismo francês um modelo a ser seguido e ainda hoje, principalmente nas produções explícitas feitas na França, é possível perceber a qualidade dessas produções com requintados cenários e atrizes de grande beleza.
O nosso amigo Joe D’Amato, entusiasmado com o sucesso de Emanuelle mundo afora, resolveu pegar carona na personagem e em 1975 lançou o absurdo EMANUELLE E FRANÇOISE-LE SORELLINE aka EMANUELLE REVENGES. Bem antes de criar sua Black Emanuelle, imortalizada pela Musa Laura Gemser, D’Amato escalou como protagonista a loira boazuda: ROSEMARIE LINDT, que atuou no clássico Naziexploitation: SALON KITTY de Tinto Brass e no Giallo WHO SAW HER DIE, de Aldo Lado. A trama do filme gira em torno do universal tema da vingança. A irmã de Emanuelle, a tal Françoise do título, interpretada por Patrizia Gori, é traída e humilhada constantemente por seu amante cafajeste: Carlo, interpretado pelo ator favorito de D’Amato: LUIGI MONTEFIORI. O roteiro do filme foi escrito por D’Amato e seu grande amigo, o genial e picareta: BRUNO MATTEI.
Como resultado das constantes humilhações sofridas, Françoise se mata. Sua irmã Emanuelle passa a investigar os motivos da tragédia e descobre que Carlo é o grande culpado. Inicia assim seu plano de vingança. O roteiro mescla flashbacks do relacionamento de Françoise e Carlo até o momento em que Emanuelle consegue aprisionar Carlo. O tal aprisionamento é bastante engenhoso. Ele é acorrentado em uma sala secreta, diante de uma janela espelhada a prova de som, onde ele pode ver tudo o que acontece na sala de jantar de Emanuelle, sem ser visto por ninguém. A protagonista passa a executar diante dele um leque de perversões e fantasias sexuais como arma de tortura psicológica contra Carlo. Boa parte do filme mostra essa inusitada forma de tortura.
As seqüências eróticas surgem de maneira crescente se transformando em delírios do aprisionado Carlo, que enlouquece a cada minuto. Inicialmente Emanuelle transa com um homem que chega na casa, numa fantasia clássica do Cinema Erótico. Posteriormente vemos uma composição muito interessante onde Emanuelle se “diverte” com duas amiguinhas em um exemplo contundente do estilo europeu de fazer erotismo. Mas o momento mais extremo surge em um banquete onde Emanuelle e seus convidados passam a encenar uma orgia com insinuações de canibalismo que me remeteram ao banquete do episódio final do longa: O Estranho Mundo de Zé do Caixão.
O clima de loucura e perversão dessa trama de vingança tem grandes méritos e torna esse filme obscuro de D’Amato um clássico que merece ser descoberto. Os desdobramentos finais são inesperados e perturbadores, fugindo do óbvio. Visualmente Kitsch e com uma trilha-sonora cafona, Emanuelle e Françoise-Le Sorelline tem todos os ingredientes para se transformar em um filme Cult. Dentro da longa série de filmes com a personagem Emanuelle, esse é o mais bizarro e um dos mais violentos. Ao criar a Black Emanuelle, D’Amato sem querer cria um híbrido Blaxploitation onde Laura Gemser será protagonista de histórias inacreditáveis e de extremos estéticos na configuração de uma total quebra de limites dentro da violência no cinema. Na Zingu de Dezembro, além de um artigo sobre um desses filmes: EMANUELLE AND THE LAST CANNIBALS, uma pequena biografia desse genial e demente cineasta de 200 filmes será feita, além de uma homenagem para Laura Gemser na Coluna Musas Eternas. Terei muito o que escrever em breve, mas com um prazer indescritível. Aguardem...