Coluna do Biáfora
Por Rubem Biáfora, artigo selecionado por Sergio Andrade
VITÓRIA AMARGA (DARK VICTORY)
Por Rubem Biáfora, artigo selecionado por Sergio Andrade
Terceira versão da peça teatral de 1932 que em 39, com direção de Edmund Goulding, deu a Bette Davis um de seus maiores triunfos como intérprete e que posteriormente – em 1963, como “Horas Perdidas” (“Stolen Hours”) – teve uma refilmagem inócua, mas que mesmo assim serviu para que Susan Hayward desse um de seus proverbiais “shows” de talento e personalidade. Agora chega-nos em fita feita para TV, dirigida pelo mesmo Robert Butler do medíocre “S.O.S. a 15.000 Metros”. A situação da heroína foi mudada – desta vez em vez de moça rica como Bette ou Susan, a personagem interpretada por Elizabeth Montgomery é uma bem sucedida produtora de televisão. Mas não concordamos com o colega do Rio Ely Azeredo que, em recente nota, diz que o único ponto em comum entre Bette e a filha do antigo galã Robert é a ausência de beleza física. Para nós La Davis, embora fizesse o “charme” ou utilizasse o esperto truque de se apregoar o oposto, quando moça sempre parecia linda, elegante e encantadora (poder do talento?) como é fácil verificar por memoriais, fotos ou trechos de filmes como “Filhos”, “O Homem Deus”, “Névoa do Mistério”, “Modas de 1934”, “A Barreira”, “Perigosa”, “Mulher Marcada”, “Jezebel”, “Irmãs”, “A Grande Mentira” e mesmo depois ou quando já madura fazia papéis duplos e tinha que aparecer “glamourizada” como em “Uma Vida Roubada” ou até “Alguém Morreu em Meu Lugar”. E o caso de Elizabeth Montgomery é que desde 1953/55 o cinema começou a não ser o mesmo, e não lhe deu a devida oportunidade na ocasião em que ela aos 20 e tal um misto de Virginia Lee Corbin (uma lindíssima “ingênua” do silencioso) e da então também bela e jovem Anne Francis estreou no cinema como a noiva de Jack Lord no filme de Gary Cooper e Rod Steiger “Seu Último Comando” (“The Court Martial of Billy Mitchell”).
*Publicado originalmente no “O Estado de S.Paulo” em 06 de novembro de 1977
*Publicado originalmente no “O Estado de S.Paulo” em 06 de novembro de 1977