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Dossiê Marabá

Sim

Por Matheus Trunk

Infelizmente, o tempo passou. E o tempo das grandes salas de cinema, feitas para pessoas populares e intelectuais nos centros das cidades também passou. Hoje, vivemos os tempos dos cinemas de shopping com muita pipoca e coca-cola.

Eu queria que muitos aspectos dos cinemas dos anos 70 e 80 estivessem presentes hoje em dia: salas de cinema a preços populares nos centros das cidades, sem necessidade de tanta pipoca. Porém, o mundo não é sempre justo e a única maneira de termos um cinema desconcentrado dos shopping centes são esses multiplex de rua.

Apoio incondicionalmente a opção do Marabá em tornar-se multiplex. Será o melhor pela história da sala e para seus freqüentadores. O Brasil é um país sem memória e o grito, os sentimentos e as vivências de milhões de pessoas que passaram por centenas e centenas salas de cinema em São Paulo, no Rio de Janeiro, nas demais capitais e principalmente no interior do Brasil está completamente esquecida.

Que cinemas como o Marabá ganhem novo aspecto e dias melhores. Melhor que virar um supermercado, um bingo, um estacionamento ou um posto de gasolina. Quando não, pra mim pelo menos é o cúmulo ver salas históricas de São Paulo transformadas em cinemas de sexo explícito.

Num filme brasileiro recente, “Tapete Vermelho” um homem simples, rude e vindo do interior tenta a toda custa procurar um filme de seu ídolo, o comediante Mazzaropi. Em sua busca, ele acaba achando os pedaços de filmes jogados quase no lixo de uma sala de cinema que se tornou uma igreja evangélica. Esse é o retrato de toda a memória cultural brasileira: está na lata do lixo, no limbo. Esperamos melhores dias para a memória cinematográfica nacional, seja por novas publicações eletrônicas como a nossa ou pelo esforço desses fantásticos homens simples, rudes e vindos do interior que amam verdadeiramente essa cinematografia.



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