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FAROESTES MADE IN BRAZIL - parte 2
DEZ CLÁSSICOS DO WESTERN FEIJOADA

Por Rodrigo Pereira, especialmente para a Zingu!

Talvez você tenha visto na TV Record dos anos 80 algum faroeste do Tony Vieira na saudosa sessão Sala Especial, dedicada a filmes nacionais com mulher pelada (quase uma redundância...). Hoje em dia, assistir aos bangues-bamgues tupiniquins ficou difícil. Mas não desista. Videolocadoras antigas com acervos idem podem ainda possuir cópias empoiradas de Rogo a Deus e Mando Bala, Noiva da Noite e Cainangue. O cineclube Malditos Filmes Brasileiros (malditosfilmesbrasileiros.blogspot.com) ás vezes exibe produções do gênero na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro. E sempre há os comerciantes de filme pirata. A gente não recomenda, mas que eles existe, existem...

1- Meu Nome é Tonho (1969), de Ozualdo Candeias.
Um western feio, sujo e malvado, ao qual caubóis se portam feito os animais em que montam. Não fica nada a dever ao clássico spaghetti Era Uma Vez no Oeste de Sérgio Leone.
Melhor seqüência: Num bordel, Tonho (jorge Karan) descobre que traçou a própria irmã (Bibi Vogel) e sai dando tiro em todo mundo.

2- Cainangue, a Pontaria do Diabo (1974), de Carlos Hugo Christensen
David Cardoso é uma espécie de Shane, o pistoleiro de Os Brutos Também Amam (1953), neste colorido e movimentado remake não-oficial. As montanhas do Wyoming dão lugar aos planaltos do Mato Grosso do Sul.
Melhor seqüência: O vilão Ribeiro (o premiado ator de teatro Sérgio Britto) e seu fiel guarda-costas (Pedro Aguinaga, então considerado o homem mais bonito do Brasil) trocam olhares insinuantes enquanto praticam tiro ao alvo. John Wayne jamais se sujeitaria a isso.

3- A Lei do Sertão (1956), de Antoninho Hossri
A segunda aventura de nosso primeiro caubói, Maurício Morey. Um crítico do jornal “O Estado de São Paulo” chegou a equipaparar o diretor Antoninho Hossri aos gringos Ray Nazarro e William Witneu, mestres do western de baixo orçamento.
Melhor seqüência: Tonico (Morey) quebra o pau com Pedrão Oliveira (Maurício do Valle). Depois se despede da mulher (Gracinda Fernandes) sem que esta perceba que ele tem uma faca cravadas nas costas. Ela parte, ele morre (putz, contamos o final...).

4- Gringo, o Último Matador (1972), de Tony Vieira
Primeiro episódio da trilogia de faroestes estrelada por Tony Vieira, Heitor Gaiotti e Claudete Jaubert. Tony cordenou os atores e o polonês Edward Freund dirigiu a parte técnica, mas somente o galã mineiro recebeu crédito pela direção.
Melhor seqüência: Perseguido pela quadrilha de Gringo (Freund), o trio de protagonistas vaga sob o sol escaldante do deserto mexicano (na verdade, uma fazenda em Sabaúna, interior de São Paulo). Desfalecem. Corte para um urubu sobrevoando. Corte para a visão subjetiva no urubu, a observa os três lá do alto.

5- Gregório 38 (1969), de Rubens da Silva Prado
Quase sem dinheiro, o diretor-ator-compositor-cinegrafista-montador produziu esta pequena obra-prima recheada de violência. Em tempo: o ator Alex Prado e o diretor Rubens da Silva Prado são a mesma pessoa.
Melhor seqüência: Não satisfeito em dar cabo em Gregório (Gran Dini), responsável pela chacina de sua família, Toni (Alex Prado) o amarro ao seu cavalo e o arrasta até a cidade. Pobre do ator, que, ao contrário do personagem estava vivinho da silva.

6- Rogo a Deus e Mando Bala (1972), de Rubens da Silva Prado
Quase sem dinheiro, o diretor-ator-compositor-cinegrafista-montador produziu esta pequena obra-prima recheada de violência. Em tempo: o ator Alex Prado e o diretor Rubens da Silva Prado são a mesma pessoa.
Melhor seqüência: Não satisfeito em dar cabo em Gregório (Gran Dini), responsável pela chacina de sua família, Toni (Alex Prado) o amarro ao seu cavalo e o arrasta até a cidade. Pobre do ator, que, ao contrário do personagem estava vivinho da silva.

7- D´Gajão Mata para Vingar (1972), de José Mojica Marins
O criador do Zé do Caixão transforma um cigano cuja tribo foi massacrada num vingador ao estilo de Django.
Melhor seqüência: A fim de despistar seus perseguidores, D´Gajão (Walter Portella) despeja balas Winchester num fogão em brasa. A munição estoura igual a pipoca e o coronel (Eddio Smânio) alerta aos capangas: “Cuidado ! O homem trouxe reforço”.


8- Noiva da Noite, O Desejo dos 7 Homens (1974), de Lenita Perroy
A artista plástica, figurinista e cenógrafa Lenita Perroy fez um western feijoada com sensibilidade de macho. O covarde interpretado por Toni Cardi recebeu o nome de Galante em “homenagem” ao profícuo produtor da Boca do Lixo Antonio Pólo Galante.
Melhor seqüência: Decidido a vingar a morte do irmão, o ex-presidiário Danilo (Francisco Di Franco) seqüestra e violenta Lúcia (Rossana Ghessa), filha do coronel Batista (Jofre Soares). Que politicamente correto, o que ? No final, ela até cai de amores por ele.

9- Pantanal de Sangue (1971), de Reynaldo Paes de Barros
Na trama do primeiro filme rodado no pantanal, o pequeno fazendeiro José Tavares (Francisco Di Franco) peita o latifundiário Chico Ribeiro (Milton Ribeiro).
Melhor seqüência: As imagens de um boi sendo abatido com pancadas na cabeça são de embrulhar o estômago. Antes que a sociedade protetora dos animais se indigne, Barros explica: “Eles matavam um boi por dia dessa forma para alimentar os peões da fazenda. Eu me limitei a filmar”.

10- Um Pistoleiro Chamado Papaco (1986), de Mário Vaz Filho
Sátira pornô aos western spaghetti. Fernando Benini (o Papai Papudo do programa do Bozo !) encarna uma versão bissexual do Django.
Melhor seqüência: Temas de Ennio Morricone tocam enquanto Papaco (Benini) “papa” quarto prostitutas de uma vez. Saco o trocadilho no nome do herói ? É uma questão de pronúncia.




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