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Coluna do Biáfora

TOPÁZIO

Por Rubem Biáfora, artigo selecionado por Sergio Andrade

A última da série de “reprises” Hitchcock que a C.I.C. selecionou e programou tão mal que até poderíamos pensar numa intenção de prejudicar o mito do chamado “mestre do suspense”. Para redourar os brasões do cineasta bastaria pura e simplesmente a reapresentação de “Vertigo”, mas como em matéria de cinema em nosso ditatorial, medíocre e fascistizado ambiente tudo vai da pior e mais alucinada, deslavada maneira possível, nada mais é de espantar – até que a casa caia. Aqui temos uma intriga de espionagem que também se passa num ambiente de farisaísmo, opereta e mistificação – como no caso de Cuba em 1962, quando todos os pseudo-intelectuais e “altruístas” do mundo se preocupavam menos com a desgraça dos cubanos e possível explosão do mundo do que com a comadresca inveja e raiva que eles sentiam ante o poder econômico, ante a imensa e inexaurível burra de ouro – que imaginavam, os EUA teriam por muito tempo e cada “altruísta” não, e, portanto, jamais poderiam fruir a mesma gloriosa vidinha que qualquer Liz Taylor, Ari Onassis, Paul Getty ou Maria Callas em Capri, Roma, Paris ou Cannes. E como lhe doía, e como lhe dói tal fútil pensamento! Mas deixemos essas malévolas Bovarys para lá (que a própria coitada, até que era ingênua e só prejudicou a ela mesma e à sua família) e vamos ao filme, que aqui originalmente lançado a 20 de abril de 1970 nos cines Paissandu e Paulista e depois já até foi mostrado em nossa TV, onde aliás retorna, precisa e inconvenientemente na próxima terça-feira. Nesta reapresentação o que se deve é aproveitar para tornar a anotar a beleza de Karin Dor e a classe de Michel Piccoli.

* Publicado originalmente no “O Estado de São Paulo” de 12 de março de 1978



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