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Dossiê Galileu Garcia

CARA DE FOGO

Por Alex Viany
Seleção e transcrição: Matheus Trunk

Galileu Garcia, assistente de Lima Barreto em O cangaceiro, foi feliz ao escolher a novela A carantonha, de Afonso Schmidt, para seu filme de estréia como diretor. Apesar de todas as dificuldades que teve de enfrentar- orçamento restrito, falta de recursos técnicos, produção deficiente, etc.,- realizou em Cara de fogo uma obra segura, soube contar bem uma história, com personagens quase sempre reais, e um grande senso de medida.

Observou Cavalheiro Lima que Galileu Garcia, conscientemente ou não, enveredo em Cara de fogo pelos rumos indicados nos trabalhos de Humberto Mauro, mineiro com os Santos Pereira e o próprio C.G. E, sem dúvida alguma, já era tempo que alguém seguisse os ensinamentos desse Mauro tão brasil.

Filmando nos arredores de São José dos Campos, o diretor estreante soube colhêr o que há de bucólico e lírico na paisagem da região, uma paisagem que atua como personagem, contribuindo fortemente para o tom brasileiro e gostoso do filme. Há um garoto (José de Jesus) sem prodígios, há um cavalo bonito, há bichos e plantas e rios e coisas- até assombração !- para fazer a delícia de gente pequena e grande.

Pequenas falhas poderiam ser apontadas- como certos erros na iluminação de Rudolf Icsey, como algumas falas supérfulas (particularmente na chegada da família à cidadezinha do interior), como a colocação desajeitada da canção “Bem Querer”-mas as qualidades, em número muito maior, praticamente as anulam.

*Publicado originalmente em VIANY, Alex. Introdução ao Cinema Brasileiro. Ministério da Educação e Cultura, Instituto Nacional do Livro, 1959 entre as páginas 168 e 169.



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