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SUBGÊNEROS OBSCUROS...

WILSON GREY

Por Matheus Trunk

Há certas entidades dentro do cinema brasileiro, que se tornam verdadeiros símbolos da nossa cultura. Só conheço até hoje, um único ator que dedicou toda sua vida ao cinema nacional, fazendo mais de duzentos filmes e passando pelos mais diferentes movimentos cinematográficos sem qualquer tipo de preconceito ou desprezo. Esse homem é Wilson Grey.

Sua presença em nossas telas é muito marcante. Todos os diretores e pessoas que conviveram com ele, sempre ressaltaram seu profissionalismo e amor à profissão. A verdade é que de ponta a ponta, Grey se tornou um verdadeiro subgênero do cinema tupiniquim.

Reuni aqui alguns de seus papéis mais expressivos deste grande ator. Não se trata dos mais conhecidos ou melhores, mas somente de alguns dos mais marcantes em que se ressalta a grandeza desse herói brasileiro. Nas linhas seguintes, dez grandes papéis marcantes dessa verdadeira lenda cinematográfica.

1952- Carnaval Atlântida, de José Carlos Burle
Uma companhia cinematográfica carioca quer fazer “Helena de Tróia”, mas acaba fazendo uma chanchada carnavalesca. Nosso ídolo está ótimo como um amestrador de pulgas que tenta fazer com que seus bichos participem da fita.

1955- Nem Sansão, Nem Dalila, de Carlos Manga
Um dos mais conhecidos filmes da Atlântida, sob bela direção de Manga. Wilson é o rei Anateques, que é destronado por Sansão (Oscarito). Esse papel deu grande destaque ao malandro/astro na época, fazendo ele receber o troféu “O Índio” de melhor ator secundário no prêmio do Jornal do Cinema.

1956- Quem Sabe...Sabe, de Luiz de Barros
Pra quem não sabe, Luiz de Barros (1893-1982), mais conhecido como Lulu foi o homem que mais dirigiu longas-metragens na história do cinema nacional. Chanchada sobre uma cartomante meio malandra, que obtém informações de seus clientes pelo irmão (o excelente Humberto Catalano). Quando este vai preso, fica numa cela juntamente com um vagabundo feito com perfeição por Grey.

1956- Chico Fumaça, de Victor Lima
Wilson Grey fez somente dois filmes com o comediante Mazzaropi, este e “Fuzileiro do Amor”. Nesta excepcional comédia, Chico Fumaça salva um trem de um desastre, tornando-se uma personalidade nacional. Passa então a ser perseguido por políticos como o doutor Limoeiro. O secretário dele, Didu, é feito com a habilidade natural e exemplar de Grey.

1962- Boca de Ouro, de Nelson Pereira dos Santos
Boca de Ouro (Jece Valadão) é o apelido de um famoso bicheiro, que mandou trocar todos os seus dentes por dentes de ouro. Nesse grande filme de flerte com Cinema Novo, WG faz uma participação especial na parte final do longa.

1971- Como Ganhar na Loteria Sem Perder a Esportiva, de J.B. Tanko
Nesta comédia urbana, o ator faz uma pequena ponta como um bicheiro decadente. A moda naquele começo de anos 70, era a loteria esportiva, deixando outros modelos mais românticos de jogo, como o bicho em segundo plano.

1973- Vai Trabalhar, Vagabundo, de Hugo Carvana
No melhor longa dirigido por Hugo Carvana, Grey é um bookmaker. O papel seguinte Carvana, foi escrito pensado no malandro recordista, que era ídolo do diretor. Um filme com um elenco espetacular (Paulo César Pereio, Nelson Xavier, Luthero Luiz, Frengolente, Rodolfo Arena, entre outros) e com a cara de um Rio de Janeiro que não existe mais.

1975- Com as Calças na Mão, de Carlo Mossy
Na primeira pornochanchada dirigida por Mossy, Wilson faz um taxista relaxado que gosta mesmo é de ficar deitado na parte de trás do veículo ouvindo rádio. Quando alguém pede o táxi, o próprio passageiro tem que dirigir o carro.

1978- O Monstro de Santa Tereza, de William Cobbet
Hoje, injustamente esquecido, William Cobbet foi um dos grandes nomes do cinema B carioca dos anos 70. Um simples funcionário público, morador do bairro carioca de Santa Tereza, pensa ser um barão do Império de Dom Pedro II. Um de seus vizinhos que não tem grande simpatia por ele, é interpretado pelo nosso herói.

1979- Sexo e Sangue, de Élio Vieira de Araújo
Ex- madeireiro, Élio Vieira de Araújo se casou com a musa Olívia Pineschi e decidiu tornar-se diretor de cinema. Realizou alguns dos mais inclassificáveis momentos da nossa arte cinematográfica. Uma festa de jovens grã-finos numa ilha próxima ao Rio de Janeiro, tem problemas por conta de uma fuga de presidiários. Grey é um bêbado que é assassinado logo no começo da fita, numa cena memorável. Montagem do mestre dos mestres Leogivildo Cordeiro (Radar).



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