Enfermeiras em Cena
Por Marcelo Carrard
O fetiche dos uniformes e largamente explorado tanto pela indústria audiovisual quanto na venda de artigos eróticos. Todo o universo de significações conectado aos profissionais que utilizam uniformes para seus trabalhos gera um fascínio em homens e mulheres de todos os gêneros. Do lado masculino temos os policiais e os bombeiros, além dos cowboys, ligados diretamente ao universo do masculino absoluto. Campeã disparada como fetiche, com expressiva venda em lojas de artigos eróticos é a fantasia de ENFERMEIRA. Muitas polêmicas surgiram quando surgiu a figura trash da Enfermeira do Funk, uma criação do bizarro Alexandre Frota. O resultado dessa brincadeira foi um processo do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem que acabaram com a tal personagem.
Quem nunca ouviu falar do clássico filme Pornô: Enfermeiras sem Calcinha? O uso dessa figura fetichista aparece em muitas produções. Muitas dessas personagens são vítimas incautas de tarados e psicóticos de plantão. Relembrando brevemente temos a enfermeira perseguida por um assassino em HORÁRIO DE VISITA. Temos a bela enfermeira atacada mortalmente por Michael Caine em VESTIDA PARA MATAR de Brian De Palma. Uma das mais azaradas foi a enfermeira de ANTROPOPHAGUS 2 aka ROSSO SANGUE de Joe D’Amato, onde o bizarro assassino interpretado por Luigi Montefiore atravessa uma furadeira na cabeça da incauta. Fazendo uma pesquisa no You Tube é possível achar essa seqüência, se ainda estiver no ar. Continuando a saga das enfermeiras azaradas, temos em HALLOWEEN 2, uma série de assassinatos em um hospital promovida pelo notório e imortal serial killer da série. Entre as enfermeiras vitimadas temos uma que é morta em uma banheira, numa citação explícita de uma seqüência semelhante a PROFONDO ROSSO de Dario Argento, que por sua vez se inspirou numa notória e polêmica seqüência de SEI DONNE PER L’ASSASSINO de Mario Bava.
É impagável também a cena da enfermeira encontrando um paciente com as vísceras à mostra em ZOMBIE HOLOCAUST de MARINO GIROLAMI. Era para ser uma seqüência dramática, tensa, mas a atuação da atriz transforma tudo em um momento muito bizarro e divertido. E como esquecer da bela Daryl Hannah em KILL BILL VOL 1 ? Sua aparição como enfermeira com tapa-olho segurando uma seringa a la AUDITION é sensacional. MAS o mais bizarro de todos os filmes com enfermeiras é MANIAC NURSES aka MANIAC NURSES FIND ECSTASY, 1990. Dirigido por um ser que atende pelo nome de LEÓN PAUL DE BRUYN, o filme é uma bizarrice absurda. Para fãs ardorosos do Cinema Exploitation e de tosqueiras e picaretagens em geral, o filme tem todos os ingredientes para satisfação garantida. Um grupo de enfermeiras seduz e depois mata pacientes homens em um grande hospital. Nada de grandes recursos de produção e efeitos bem acabados, é daqueles filmes para se ver em grupo sorvendo uma boa cerveja gelada. As enfermeiras em si são muito divertidas. Por favor não levem esse filme a sério, também, com um título desses...
No belo filme de Jean Rollin: LÁBIOS DE SANGUE, de 1974, existe uma seqüência muito interessante onde um dos personagens está em um hospital e surgem em cena duas enfermeiras com uma máscara cirúrgica. De repente em outra cena, as tais enfermeiras tiram a máscara cirúrgica e se revelam vampiras... genial !!! enfermeiras e vampiras, a fusão de dois fetiches, o da enfermeira e o da vampira, que povoam o imaginário masculino dos freqüentadores de cinemas e consumidores de produções eróticas. Nessa breve observação sobre o fenômeno da figura da enfermeira como fetiche, podemos destacar o desejo inconsciente dos homens em ter uma mulher que o sirva, que se dedique a ele, ao mesmo tempo que revela um lado frágil desses mesmos homens, pois, afinal, a enfermeira cuida dos enfermos, dos que estão numa situação de fragilidade. Interessante, não é mesmo crianças? Só para encerrar, cito o recente A ENFERMEIRA BETTY e o Clássico UM ESTRANHO NO NINHO, com a inesquecível “vilã” enfermeira do manicômio interpretada por LOUISE FLETCHER, magnífica, sob a Direção do Mestre MILOS FORMAN.