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Cantinho do Aguilar...

Sidney Pollack

Por Eduardo Aguilar

Queria falar de filmes e peças que vi, inclusive, alguns curtas excelentes. Pretendia comentar sobre o novo “Indy” (grande diversão!), mas o que acontece é que Sidney Pollack partiu. Pollack sempre foi visto como um bom artesão e nada mais. Confesso, não vi muitos filmes do diretor, e concordo que alguns dos que vi se encaixam bem na idéia do artesão eficiente. Entretanto, fazem parte de sua filmografia filmes que me marcaram muito:

Mais Forte Que o Ódio – Nunca fui do tipo que abraça a idéia da vingança como forma de apaziguar a alma, mas fiquei absolutamente envolvido pela narrativa de Pollack e a atuação de Redford, e apesar de muito avesso a tudo que remete a natureza, são deslumbrantes as imagens das planícies nevadas.

A Noite dos Desesperados – Uma obra-prima. Irretocável! Jane Fonda em seu melhor momento, e poucas vezes uma metáfora funcionou de forma tão natural ao seu propósito, falar sobre os limites do ser humano em busca da própria sobrevivência através de uma maratona de dança, sem dúvida, foi um grande achado.

Operação Yakuza – Extremamente seco, e ao mesmo tempo, um dos melhores filmes sobre a compreensão da cultura alheia, no caso, a japonesa.

Está Mulher é Proibida – Este filme dialoga com “A Noite dos Desesperados” e tem Natalie Wood no auge da beleza e sensualidade. Impressiona bastante do ponto de vista do domínio da linguagem e do rebuscamento estético, e claro, o elenco está muito bem, inclusive: Charles Bronson. Ah, a sensualidade de Natalie nunca foi tão bem aproveitada quanto aqui.

Destinos Cruzados – Por fim, um dos seus filmes mais tortos e possivelmente, o meu preferido. Considero este filme uma preciosidade no que diz respeito a um olhar sobre atitudes masculinas e femininas. Após o falecimento de seu marido, o personagem de Kristin Scott Thomas descobre que ele a traia, mas opta por esquecer o fato e recomeçar. Na outra ponta, o personagem de Harrison Ford, casado com a amante do marido da personagem de Kristin, passa o tempo todo se ‘afundando’ mais e mais na dor do seu passado. Em certa medida, o filme me lembra o belo e recente “Apenas uma Vez”, no sentido de falar sobre encontros que acontecem em momentos errados.

Por fim, após a triste perda de um grande cineasta, é bom permanecer com alguma coisa que nos faça sorrir, por isso, inicio nessa edição a série “estranhoso”, nome escolhido em homenagem a uma querida sobrinha. A série irá relacionar planos que me marcaram e irei enquadrá-los em algumas categorias “estranhosas”, por enquanto e, apenas pra aguçar a curiosidade, seguem dois planos:

- olhar sinistro – Filme: Possessão. Isabelle Adjani ao se virar no meio da rua e olhar para câmera, para logo em seguida provocar o tombamento da carroceria de um caminhão.

- descoberta melodramática – Filme: "Tarde Demais Para Esquecer". Cary Grant vendo os quadros de Deborah Kerr e entendendo o motivo dela não ter comparecido ao encontro.



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