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Especial Carlos Imperial

Entrevista com Denilson Monteiro
Por Matheus Trunk

Carlos Eduardo Corte Imperial (1935-1992) foi um dos últimos homens multimídia do Brasil. Compositor, jornalista, apresentador de televisão e rádio, produtor fonográfico e mais um sem número de ocupações. Além disso tudo, foi um grande bom vivant e dirigiu sete pornochanchadas.
O historiador Denilson Monteiro, 41 anos, vai lançar em outubro a biografia oficial do gordo encrenqueiro em: “10! Nota 10! Eu Sou Carlos Imperial” pela editora Matrix. Resultado de sete anos de pesquisa e de entrevistas com mais de 200 personalidades, Denilson conseguiu resumir a vida deste gigante da comunicação brasileira. O escritor encabeçou as negociações com o Canal Brasil, que irá exibir alguns dos longas-metragens produzidos e dirigidos por Imperial em breve.

Zingu! entrevistou com exclusividade o biógrafo do “rei da pilatrangem”

Z - Desde quando vem a vontade de fazer uma biografia do Impera?

DM - Isso começou meio que por acaso. Em 2000, nos 500 anos da descoberta do Brasil, vi numa emissora de TV a promoção: “Faça uma biografia sobre um grande personagem da história do Brasil”. Claro que eles se referiam a figuras como Dom João VI, Cabral, etc. Mas realmente achava que Carlos Imperial merecia ter a sua história contada. Bem, mas nessa época eu era apenas um operador de computador desempregado. Eu apenas achava que deveriam fazer essa biografia. Fiquei esperando, mas nada. Até que um amigo que trabalhava no Jornal do Brasil, o João Pedro Lima, me levou ao arquivo onde trabalhava e mostrou a pasta do Gordo. Isso foi em fevereiro de 2001, somente em novembro é que acabei entrando em contato com o s filhos dele, que graças a Deus, são pessoas maravilhosas que contribuíram muito para o trabalho. Aí comecei a por a mão na massa, com uma grande ajuda do João Pedro, dos filhos do Imperial e de entrevistados que acabaram virando amigos. Depois de alguns meses descobri que havia pego a manha, tinha virado um "imperiólogo".

Z - Quanto tempo você levou fazendo o livro?

DM - Seis anos.

Z - Qual pessoa foi o personagem mais difícil que você conseguiu entrevistar?

DM - Jogadores de futebol. Levei vários bolos.

Z - Qual foi a parte mais dificultosa na elaboração da biografia?

DM - Saber o quê era verdade e mentira na vida do Gordo. Ele sabia criar uma boa história. Muitos fatos pareciam verídicos, mas quando fui investigar, eram tramas muito bem elaboradas por ele. Por outro lado, havia fatos que pareciam absurdo, mas realmente aconteceram. Dá para acreditar em um cara de terno e gravata carregando uma cruz no centro do Rio de Janeiro e adentrando a Câmara de Vereadores? Pois é, isso aconteceu.

Z - Você tentou entrevistar o Roberto Carlos? O que você achou da ação dele que proibiu o livro "Roberto Carlos Em Detalhes" de Paulo César de Araújo?

DM - Tentei, mas não consegui. Tudo bem, consegui falar com pessoas que contribuíram bastante e que me receberam da melhor maneira. Acho a proibição muito triste. O livro do Paulo César Araújo é um trabalho tão sério, uma tremenda declaração de amor. Também fico preocupado com esse precedente aberto pela Justiça. Os autores ficam sob um risco constante, a qualquer hora alguém pode se dizer incomodado e querer processar. Parece aquele desenho animado em que o herói salvou um suicida e o cara o processou porque não queria viver.

Z - Como ele conseguia fazer tantas coisas ao mesmo tempo?

DM - Vontade, algo que falta a muita gente hoje em dia.

Z - O Imperial era mesmo um careta viciado em coca-cola?

DM - Era, mas depois de um tempo, trocou a coca-cola pela água tônica. Ele dizia: “não quero ver o vermelho mais vermelho do que ele é”. Implicava até com pó de guaraná.

Z - Ele era mesmo torcedor fanático do Botafogo?

DM - Sim. Mas em São Paulo andava com a camisa do Corinthians, o motivo me foi contado pelo Erasmo e está no livro.

Z - Como foi a carreira política de Carlos Imperial?

DM - Ele foi o vereador mais votado em 1982 e encarou a função com seriedade. O problema é que depois de um tempo, viu que era muito difícil nadar contra a maré.

Z - Qual você considera o melhor filme do Imperial como cineasta?

DM - Eu gosto muito de "O Sexomaníaco", uma comédia bem amarradinha.

Z - “Um Edifício Chamado 200” era baseado mesmo naquele famoso edifício de Copacabana?

DM - Olha, pelo que sei, o Paulo Pontes escreveu a peça e deu esse nome por dar.. Depois que ela virou um sucesso de bilheteria, as pessoas descobriram que existia o tal prédio na Barata Ribeiro, 200. Acabaram até mudando o número depois.

Z - “Mulheres...Mulheres”, filme do Imperial de 1981 tem mesmo o roteiro do cineasta italiano Pasolini?

DM - Sobre o Pasolini, vou citar o Tim Maia: “Leia o livro”.

Z - Na sua opinião, qual importância do Carlos Imperial para o cinema carioca da época?

DM - Os filmes dirigidos e produzidos por ele são um excelente retrato do Rio dos anos 1970, com muito humor e belas mulheres. Sem falar no desfile de artistas muito queridos. Em “O rei da pilantragem”, dirigido por Jacy Campos e produzido pelo Gordo e Adolfo Chadler, além do genial Paulo Silvino, há a presença de gente como Maria Pompeu, Orlando Silva, Cyll Farney, Monsueto, Lúcio Mauro e Yara Cortes.

Z - Como foi essa parceria do Canal Brasil para exibir os filmes dele? Quando os filmes serão exibidos?

DM- Eu e a advogada da família Corte Imperial, a Dra. Fernanda Freitas, entramos em contato com eles e iniciamos as negociações. Houve o interesse e os filmes serão exibidos. Mas ainda não estou a par de datas.



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