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Carta ao leitor.

Mojica e os dois anos de Zingu!

Caro amigo leitor, dois anos não se completam todo dia. Para celebrar essa data especial, nós preparamos uma edição bastante caprichada. Não se trata de um simples dossiê sobre a vida e a obra de José Mojica Marins. Trata-se de um dos maiores trabalhos e levantamentos já realizados sobre esse grande realizador. Os jornalistas André Barcinski e Ivan Finotti já fizeram uma biografia à altura do mestre (Maldito - A Vida e o Cinema de José Mojica Marins, o Zé do Caixão) e Eugênio Puppo fez uma excelente mostra sobre ele. Mas ainda faltava um olhar Zingu!

Mojica é um diretor muito especial pra mim. Conheci seu cinema muito cedo, lá por 1999, 2000, tinha onze, doze anos. Lembro que eu aluguei os filmes dele logo quando foram lançados em DVD, na falecida Vídeo Factory, que ficava ao lado de casa. Lembro que era uma locadora que tinha um grande acervo de filmes nacionais. Dos filmes do Zé Mojica, o primeiro a que assisti foi um velho VHS do A Estranha Hospedaria dos Prazeres. Curti o cara por fazer um cinema popular sem grandes recursos. Depois vi À Meia-Noite Levarei Sua Alma e O Estranho Mundo de Zé do Caixão. Aí pirei totalmente, só falava do Mojica em todos os lugares, na escola, com os amigos do futebol e tudo mais. Todo mundo me achava maluco. Me falavam aquelas coisas: “Você gosta do Mojica? Ele não sabe fazer cinema”, essas coisas todas.

Depois voltei à mesma locadora, assisti a outros filmes dele e tudo mais. Meu pai que sempre foi evangélico, não achou muito legal quando eu falei que era fã do Zé do Caixão. Lembro que ele ia à igreja e sempre me falava: “Não diga que você é fã de um cara que nem corta as unhas”. Minha madrasta então, ficou atordoada quando ela me levou numa locadora e eu queria alugar filmes do mestre. Minha mãe foi mais legal: me deu de presente de natal a biografia dele. Puxa, amigos leitores, vocês nem imaginam a minha alegria com aquele livro.

As histórias dos bastidores das películas do Zé do Caixão eram geniais. A vida pessoal dele então, era uma coisa que sempre fascinou. Foi quando fiquei sabendo o nome de outros diretores brasileiros como Ozualdo Candeias, Carlos Reichenbach, Rogério Sganzerla, e tantos outros.

Depois assinei o Canal Brasil. Foi uma coisa que mudou completamente a minha vida - fiquei viciado no canal. Via os filmes, documentários, tudo, tudo. Via desde os filmes do Glauber, Nelson Pereira, até comédias urbanas, pornochanchadas cariocas, Khouri, filmes paulistas, etc. Fui comprando livros e depois foi entrando a idéia de fazer a Zingu!

Tenho certeza de que você, amigo leitor, que nos acompanha a algum tempo, sabe bem que todas as nossas edições foram feitas em nome do cinema brasileiro e paulista. Sempre tentando fazer um jornalismo cinematográfico de resgate histórico sem nenhum tipo de preconceito.

Sei que irão gostar. Abraços e felicidades a todos,

Matheus Trunk
Editor-chefe da Zingu!

PS: Quem pensar que essa edição foi totalmente planejada e editada por mim, está cometendo grave um erro. Essa edição se deve ao amigo Gabriel Carneiro. Desde janeiro desse ano, ele está planejando o dossiê sobre o Mojica com o maior cuidado e atenção. Ele (e não eu) é quem merece os elogios sobre a Zingu! #25.



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