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Dossiê José Mojica Marins

Depoimentos

Por Paulo Sacramento

O Mojica foi o cara mais generoso com quem eu já trabalhei. A despeito do peso de realizar enfim um projeto que ele carregava há 42 anos, que ele mesmo encarava como o auge de sua obra, ele sempre esteve atento às colaborações que lhe eram propostas, sabendo separar como ninguém o joio do trigo para fazer o seu cinema.

Mojica entendeu perfeitamente que para a realização do Encarnação do Demônio nos anos 2000 ele teria um enorme desafio à sua frente, tanto técnico quando estético. Não se tratava de filmar exatamente como ele fez seus primeiros filmes, mas de atualizar sua linguagem, de incorporar novos elementos, sem desfigurar aquilo que é seu e único. Nós da equipe estávamos fechados com ele, dispostos a ir até onde ele nos levasse, trazendo cada um a sua contribuição pessoal para o filme.

Mojica acompanhou de perto cada etapa do filme, da revisão do roteiro até a finalização. Ele queria fazer seu filme mais forte, tinha perfeita noção da oportunidade que estava à sua frente e, como Zé do Caixão, não permitiria que ninguém o desviasse de seu objetivo.

O trabalho foi exaustivo, semanas de filmagem com 12 horas ou mais de trabalho. E ele trabalhava à frente e atrás das câmeras, fazendo, portanto, uma jornada dupla, mas nunca se queixou de cansaço, nunca pediu para interromper um dia de filmagem.

Fora do set, fora da ilha de edição ou longe da imprensa, Mojica é a figura que todos conhecem: carismático e carinhoso com seu público, nunca recusando um autógrafo ou uma foto a seus fãs, mesmo nos momentos mais impróprios.

Paulo Sacramento é montador e produtor de Encarnação do Demônio



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