Dossiê José Mojica Marins
Trilogia do Terror (Episódio: Pesadelo Macabro)
Direção: José Mojica Marins
Brasil, 1968.
Por Marcelo Carrard
No lendário ano de 1968 foi lançado um clássico do cinema brasileiro, o longa em três episódios Trilogia do Terror. Um trio de geniais diretores assina, respectivamente, um episódio - Ozualdo Candeias, O Acordo; Luis Sérgio Person, A Procissão dos Mortos; José Mojica Marins, Pesadelo Macabro. Enquanto Candeias e Person exercitaram seus específicos universos de estilo - o Cinema Marginal e a Alegoria Política -, o terror, propriamente dito, ficou aos cuidados do Mestre Mojica em sua breve história sobre Magia Negra e mortos enterrados vivos.
Já nas primeiras seqüências percebemos que a utilização da fotografia em P&B nos três episódios tem muita coerência e ganha atmosferas ainda mais aterradoras no episódio de Mojica. A encenação do ritual de macumba é muito interessante, mesmo não tendo a selvageria de Quando os Deuses Adormecem: a presença diabólica do Exú, a flagelação dos corpos, tudo é encenado de maneira detalhista, numa espécie de introdução para toda a trama que irá se desenrolar posteriormente. A maneira sombria e perversa como surge a seqüência do ataque do casal é outro ponto alto desse episódio, bastante ousado para a época e para a rígida censura brasileira do Regime Militar. Os desdobramentos para a trama principal do morto que não estava realmente morto e a clássica paranóia do horror de ser enterrado vivo se misturam às lembranças do próprio Mojica, que, quando jovem, presenciou o batateiro do bairro levantando do caixão em pleno velório.
O roteiro desse episódio foi escrito pelo próprio Mojica e por Rubens Francisco Lucchetti, seu colaborador em filmes como Finis Hominis e Quando os Deuses Adormecem. A fotografia de Pesadelo Macabro foi realizada por Giorgio Attili, outro grande colaborador de Mojica. Na produção desse projeto, temos Antonio Pólo Galante – o “Galante Rei da Boca - em mais uma preciosa contribuição para o cinema brasileiro.
A montagem de Sylvio Renoldi para a cena em que as personagens correm para tentar desenterrar o homem enterrado vivo é muito eficiente e tem uma boa dose de tensão e suspense, grudando o espectador na poltrona, mesmo que saiba que o protagonista está condenado ao abismo, como em toda narrativa gótica que se preze. A máscara de horror do homem em seu desespero de se libertar do sepulcro é uma das imagens mais emblemáticas da obra de Mojica.
Direção: José Mojica Marins
Brasil, 1968.
Por Marcelo Carrard
No lendário ano de 1968 foi lançado um clássico do cinema brasileiro, o longa em três episódios Trilogia do Terror. Um trio de geniais diretores assina, respectivamente, um episódio - Ozualdo Candeias, O Acordo; Luis Sérgio Person, A Procissão dos Mortos; José Mojica Marins, Pesadelo Macabro. Enquanto Candeias e Person exercitaram seus específicos universos de estilo - o Cinema Marginal e a Alegoria Política -, o terror, propriamente dito, ficou aos cuidados do Mestre Mojica em sua breve história sobre Magia Negra e mortos enterrados vivos.
Já nas primeiras seqüências percebemos que a utilização da fotografia em P&B nos três episódios tem muita coerência e ganha atmosferas ainda mais aterradoras no episódio de Mojica. A encenação do ritual de macumba é muito interessante, mesmo não tendo a selvageria de Quando os Deuses Adormecem: a presença diabólica do Exú, a flagelação dos corpos, tudo é encenado de maneira detalhista, numa espécie de introdução para toda a trama que irá se desenrolar posteriormente. A maneira sombria e perversa como surge a seqüência do ataque do casal é outro ponto alto desse episódio, bastante ousado para a época e para a rígida censura brasileira do Regime Militar. Os desdobramentos para a trama principal do morto que não estava realmente morto e a clássica paranóia do horror de ser enterrado vivo se misturam às lembranças do próprio Mojica, que, quando jovem, presenciou o batateiro do bairro levantando do caixão em pleno velório.
O roteiro desse episódio foi escrito pelo próprio Mojica e por Rubens Francisco Lucchetti, seu colaborador em filmes como Finis Hominis e Quando os Deuses Adormecem. A fotografia de Pesadelo Macabro foi realizada por Giorgio Attili, outro grande colaborador de Mojica. Na produção desse projeto, temos Antonio Pólo Galante – o “Galante Rei da Boca - em mais uma preciosa contribuição para o cinema brasileiro.
A montagem de Sylvio Renoldi para a cena em que as personagens correm para tentar desenterrar o homem enterrado vivo é muito eficiente e tem uma boa dose de tensão e suspense, grudando o espectador na poltrona, mesmo que saiba que o protagonista está condenado ao abismo, como em toda narrativa gótica que se preze. A máscara de horror do homem em seu desespero de se libertar do sepulcro é uma das imagens mais emblemáticas da obra de Mojica.