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Musas Eternas...
PORQUE O QUE É BOM, É ETERNO...

MISAKI TANAKA

Por Sergio Andrade

No ano em que se comemora o centenário da imigração japonesa no Brasil a Zingu! lembra a mais bela contribuição da colônia ao nosso cinema, Misaki Tanaka.

Misaki Tanaka nasceu em Tóquio, Japão, em 1956. Em 1964 muda-se para o Brasil, naturalizando-se brasileira algum tempo depois. No começo dos anos 70, quando trabalhava como bailarina na TV Record, conheceu o diretor Ody Fraga, o intelectual da Boca do Lixo, que a lançou no cinema na comédia “Macho e Fêmea”, em 1974.

Walter Hugo Khouri, grande admirador da cultura e principalmente do cinema nipônico, lhe deu o papel de uma gueixa no filme dentro do filme que o diretor Marcelo está dirigindo, em seu semi-autobiográfico “Paixão e Sombras”.

Em seguida trabalhou pela primeira vez com um diretor de origem oriental como ela, o chinês John (Chien Lien Tu) Doo, no filme de terror “Ninfas Diabólicas”, cuja cópia parece estar definitivamente perdida. E participou de uma das melhores seqüências da comédia erótica “O Bom Marido” de Antônio Calmon: aquela na qual Afraninho, um empresário carioca falido, e sua esposa Malu vêm a São Paulo a fim de negociar com um empresário do Japão, Simijo Murukai, que está na cidade para comercializar vibradores. Junto de um casal paulista igualmente picareta eles vão parar numa sauna, para participar de uma troca de casais. Caberá a Afraninho (Paulo César Pereio) a tarefa de satisfazer sexualmente a esposa (Misaki) do japonês, para conseguir fechar o negócio.

É dirigida por quatro grandes cineastas no ano de 1978: o esteta Jean Garrett em “A Força dos Sentidos”, numa trama envolvendo suspense e sobrenatural; reencontrou Ody Fraga em “Reformatório das Depravadas”, mais um WIP produzido por Antônio Pólo Galante; no clássico da pornochanchada “O Inseto do Amor”, de Fauzi Mansur, ela salta das páginas de uma revista masculina para saciar o desejo de um presidiário picado pelo mosquito Anophelis Sexualis; e no “Império do Desejo” de Carlos Reichenbach é uma jornalista chinesa que encontra um destino trágico no litoral paulista.

Volta a trabalhar para Khouri em “O Prisioneiro do Sexo”, onde é uma das muitas mulheres na vida do insaciável Marcelo. Foi uma das imigrantes japonesas que chegaram ao Brasil em 1908 para trabalhar em condições sub-humanas nas fazendas paulistas em “Gaijin”, de Tizuka Yamazaki; e encontrou outro diretor chinês radicado na Boca do Lixo, Juan Bajon, no drama erótico “Colegiais e Lições de Sexo”.

Em 1980 participa do “Bacanal” promovido por Antonio Meliande; interpretou uma das modelos de “O Fotógrafo”, sofisticada (em termos da Boca, claro) produção de Jean Garrett, além de ter papéis secundários em “Chapéuzinho Vermelho, a gula do sexo”, de um discípulo de José Mojica Marins, Marcelo Motta, e “A Virgem e o Bem-Dotado”, do artesão de origem polonesa Edward Freund.

Mais três filmes em 1981: José Adauto Cardoso lançou um novo personagem sertanejo, Polêncio, no filme “E a Vaca foi pro Brejo” e aproveitou para homenagear a colônia, colocando uma família japonesa na trama. Misaki era a mocinha ingênua por quem o matuto se interessava.

“Duas Estranhas Mulheres” é um longa-metragem dividido em dois episódios. Misaki trabalhou no segundo, intitulado “Eva”. Dirigido por Jair Correia, é um dos filmes mais insólitos realizados no país, tendo causado ótima impressão entre os espectadores na época.

“A Noite das Depravadas” é mais uma exposição das mazelas humanas feita por Juan Bajon, no qual Misaki novamente dava um show de sensualidade.

Infelizmente logo depois os filmes pornográficos começaram a dominar a produção da Boca, fazendo com que Misaki, assim como quase todas as atrizes das pornochanchadas, se afastasse do cinema.

Apenas 10 anos depois voltaria a participar de um filme, a comédia “Sua Excelência, o Candidato”, lançada numa das piores fases do cinema nacional, durante o governo Collor, tendo passado totalmente despercebida.

Depois disso teve uma participação na novela “O Rei do Gado”, de Benedito Ruy Barbosa e retornou ao Japão para ser diretora na emissora NHK, de Tóquio. Ela também publicou, pela editora Ática, a coleção infanto-juvenil “Os Bichos da Praia”, em 1997.

E em 2003, Carlos Reichenbach a chama para ser a mãe de uma das funcionárias da fábrica onde trabalha Aurélia Schwarzenega, personagem de Michelle Valle, no tocante “Garotas do ABC”.

Misaki Tanaka teve a sorte de ter trabalhado para alguns dos melhores cineastas paulistas, que sempre souberam realçar seu talento e sua doce beleza e sensualidade oriental.

Filmografia
1974- Macho e Fêmea - Ody Fraga
1976 - Paixão e Sombras – Walter Hugo Khouri
1977- Ninfas Diabólicas - John Doo
1977- O Bom Marido - Antônio Calmon
1978 - Reformatório das Depravadas – Ody Fraga
1978- A Força dos Sentidos - Jean Garrett
1978 - O Inseto do Amor – Fauzi Mansur
1978 - Império do Desejo – Carlos Reichenbach
1979- O Prisioneiro do Sexo - Walter Hugo Khouri
1979 - Gaijin, Caminhos da Liberdade – Tizuka Yamazaki
1979- Colegiais e Lições de Sexo - Juan Bajon
1980- Bacanal - Antônio Meliande
1980- Chapeuzinho Vermelho, a gula do sexo - Marcelo Motta
1980- O Fotógrafo - Jean Garrett
1980 - A Virgem e o Bem-Dotado – Edward Freund
1981 - E a Vaca foi pro Brejo – José Adauto Cardoso
1981- Duas Estranhas Mulheres (episódio “Eva”) - Jair Correia
1981- A Noite das Depravadas - Juan Bajon
1991 - Sua Excelência, o Candidato – Ricardo Pinto e Silva
2003 - Garotas do ABC - Carlos Reichenbach




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