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Coluna do Biáfora

A COLINA DOS HOMENS MAUS (La Collina Degli Stivali)

Por Rubem Biáfora, artigo selecionado por Sergio Andrade

“O segundo filme (italiano, naturalmente) a reunir a dupla Terence Hill-Bud Spencer, isto é, os então desconhecidos atores de Cinecittà, o jovem Mario Girotti e o gordo Carlo Pedersoli, que, depois, com a invenção da série de exageros e pancadarias e acionando os turbulentos personagens de Trinity e Bambino em “Lo Chiamavano Trinitá”, ficariam famosos a ponto de Hill já haver depois contracenado nos EUA nada menos que com Gene Hackman e, agora, com Ernest Borgnine. E de estar também nas cogitações e despesas, nesse ponto inúteis e meio megalomaníacas, até de nosso desavisado Renato Aragão. Neste terceiro filme juntos eles ainda não tinham chamado a atenção internacional de “Trinitá”. Desta vez Hill chama-se Cat Stevens (claro, trata-se de uma daquelas malfadadas contrafacções peninsulares dos “westerns” norte-americanos) e, gravemente ferido, refugia-se numa carroça de um circo ambulante, onde é escondido e protegido pelo velho proprietário e por dois acrobatas negros. Claro que terríveis bandidos o perseguem, mas, ao final, terão o destino que merecem, segundo as ainda mais drásticas normas de bilheteria do “spaghetti western”: acabarão todos enforcados. A fita aqui foi originalmente lançada pela Cia. Cinematográfica Franco-Brasileira, no Cine Coral, a 25 de janeiro de 1971 e, depois, já reprisada pela mesma distribuidora e na mesma sala, a 21 de março de 1974. Retorna agora em distribuição da Roma Filmes no Cine Ouro, naturalmente para aproveitar a atual e desconcertante popularidade dos dois intérpretes. Por ocasião de seu primeiro lançamento, e ainda hoje, sua maior credencial cinemática está com a atuação de Lionel Stander, o antigo ator quase caricatural e grotesco de Hollywood em fins da década de 30 que, marcado por suas convicções políticas, procurou refúgio na Europa, onde Polanski o ressuscitou espetacularmente dramático em “Cul-de-Sac” (“Armadilha do Destino”) e, posteriormente, se integrou no cinema da Itália, como um de seus mais incríveis atores “cômico-truculento-veristas” em “O Deputado Erótico”, “Paulo, o Quente”, “Por uma Graça Recebida” e quase mais duas dezenas de filmes e papéis bem-sucedidos.”

*Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 19/04/1981.



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