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Dossiê Geny Prado

Entrevista com André Klotzel

Por Matheus Trunk

André Klotzel, 54 anos, foi o último realizador a dirigir Geny Prado. A “rainha do cinema caipira” esteve sob as ordens dele em “Marvada Carne” (1985). Nesta entrevista a Zingu!, Klotzel revela como foi trabalhar com a atriz preferida do comediante Mazzaropi.

Zingu! - Como você escolheu a Geny para a Geny Prado?

André KLotzel - O "Marvada" é, por um certo aspecto, uma homenagem ao cinema popular de Mazzaropi e de toda a tradição que isto representa. A Geny foi a mulher do Jeca desde sempre, e não haveria como deixar de pensar nela. Isto é o motivo mais óbvio pelo qual ocorreu convidá-la para fazer o filme. O menos óbvio foi o imenso talento, que era tão grande justamente por ser sutil e daí às vezes até passar desapercebido por olhares pouco atentos.

Z- O papel foi escrito diretamente para ela?

AK- O papel realmente parece ter sido escrito para ela. Acho que isso acontece porque foi escrito para a parte do universo imaginário que ela representa.

Z- Como era dirigir Geny Prado?

AK- Me lembro de quando aprontamos o principal cenário em que a Geny participava, a casa do filme, e ela entrou pela primeira vez: ficou aos prantos. Ela se emocionava com a simplicidade caipira e a reconstituição daquilo lhe era preciosa. Eu, diretor de primeiro filme, e todos os outros jovens realizadores do filme, fomos tratados como colegas pela Geny, e isso só fazia aumentar o respeito que tivemos por ela.

Z- Como foi a parceria dela com o Dionísio Azevedo?

AK- O Dionísio e ela se conheciam e se elogiavam mutuamente. A lembrança que guardo dos dois é de um trabalho harmônico e divertido.

Z- Ela acompanhou o lançamento do filme? Vocês voltaram a se ver alguma vez?

AK- Vi pouco a Geny depois do filme - ou ao menos acho que deveria tê-la visto mais. Na época do lançamento ela teve algumas dificuldades pessoais que já não permitiam seu pleno envolvimento na "frente de batalha". Gostava muito do filme e me falou isso várias vezes e de diversas maneiras. Eu por outro lado sempre me senti grato a ela e não sei se expressei todo esse sentimento, com a força que ele tem. Por isso é até difícil responder a essas perguntas e dizer o que acho da Geny: é o típico caso de frustração com a parca força das minhas palavras. Fico contente que ela é lembrada e que se faça justas homenagens à grande atriz.




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