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Musas Eternas...
PORQUE O QUE É BOM, É ETERNO...

Clotilde Hesme

Por Carlos Roberto da Costa, especialmente para a Zingu!

A maneira como fui apresentado a Clotilde Hesme foi parecida com a de todos os cinéfilos que conheço: a partir do filme Amantes Constantes de Philippe Garrel. Embora tenha achado a atuação dela muito boa, foi com Canções de Amor de Christophe Honoré (seu cunhado na vida real) que comecei a classificá-la com uma das grandes atrizes da atualidade.

Clotilde Hesme nasceu em 30 de julho de 1979, na cidade de Troyes, França. As suas duas irmãs mais velhas, Annelise Hesme e Élodie Hesme, também são atrizes, embora elas juntas não tenham o mesmo sucesso de Clotilde. Mulher de porte alto, com uma beleza que lembra algumas musas dos anos 60 (Anna Karina sempre é a primeira a vir a minha mente) e com um sorriso tímido, em pouco tempo ela passou de revelação a uma das principais atrizes da atualidade francesa, mesmo não protagonizando a maioria dos filmes em que atua.

A musa despertou desde cedo o interesse pela atuação, estudando no tradicional Conservatoire National supérieur d'art dramatique, local que revelou atores como Jean-Paul Belmondo, Isabelle Huppert, Juliette Binoche, entre outros. Em 2002, tem o seu primeiro papel em longas na comédia dramática Le chignon d'olga de Jérôme Bonell. Já em 2004, atua no curta Focus e no longa A Ce Soir. Mas seria em 2005 que Clotilde ganharia visibilidade internacional, ao interpretar a escultora Lilie no longa Amantes Constantes. Ela faria par romântico com um ex-colega do curso de teatro, Louis Garrel, filho de Philippe Garrel, diretor do filme. A química entre os dois atores nesse longa foi tão bem sucedida que se repetiu em outro filme de sucesso, o musical Canções de Amor. Em um papel diferente, distante da introspectiva Lilie, e sendo ao mesmo tempo uma espécie de “elo” e de “motivo de conflito” no triângulo amoroso que também envolve Ludivine Sagnier, Clotilde mostra os seus dotes de cantora em duas músicas: Je n'aime que toi e Il faut se taire. Na primeira canção, ela usa a metáfora “eu sou a ponte sobre o rio”, o que de certa forma simboliza bem a importância dela na história; em um meio-termo entre coadjuvante e uma das protagonistas do filme, será ela quem involuntariamente ligará os personagens de Louis Garrel e de Gregóire Leprince-Ringuet. Por este papel, ela foi indicada ao César de melhor atriz revelação.

Dos filmes que fez posteriormente, De la guerre foi o que teve maior repercussão, fazendo parte da lista da Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes de 2008 e passando no Festival do Rio. Este filme não entrou no circuito comercial brasileiro, nem mesmo em DVD, assim como a maioria dos filmes em que Clotilde Hesme atuou. Ela pode ser vista nos cinemas brasileiros atualmente apenas por sua participação no filme A Bela Junie, sua segunda parceria com o cineasta Christophe Honoré, só que dessa vez em um papel menor, naquilo que claramente chama-se de “uma participação afetiva”.

PS: Em 2008, Clotilde Hesme esteve em São Paulo, na primeira edição do Panorama do Cinema Francês no Brasil, para participar de um debate sobre o filme Canções de Amor.

Carlos Roberto da Costa é jornalista e autor da tese Walter Hugo Khouri e Carlos Reichenbach- Entre a Pornochanchada e o Cinema Autoral- As Obras Sob o Olhar da Revista Filme Cultura defendida na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2008.




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