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Os melhores filmes de 2008
segundo a redação da Zingu!
(só estavam aptos a concorrer filmes que estrearam comercialmente no circuito em 2008, em São Paulo)

1º. Onde os Fracos Não Têm Vez, de Ethan e Joel Coen.
No Country for Old Men, EUA, 2007, Paramount Pictures Brasil.
6 votos, 62 pontos.

Os Irmãos Coen voltaram ao ano de 1980, no Texas, para fazerem uma crítica das mais pessimistas sobre a era Bush. Na trama, Llewelyn Moss (Josh Brolin), veterano do Vietnã, encontra uma mala com dois milhões de dólares, fruto de uma frustrada negociata entre traficantes que deixou vários mortos, e é perseguido por um matador de aluguel psicopata, com um estranho corte de cabelo e armado com um cilindro de ar comprimido, deixando um rastro de sangue atrás de si, Anton Chigurh (Javier Bardem), e os dois são perseguidos pelo xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones). O mais incrível é que, apesar de muitas vezes chegarem próximos uns dos outros, eles nunca dividem a mesma cena! O Texas mostrado aqui não é mais aquele mítico, de cowboys heróicos, mas um local onde impera a violência sem sentido, a total perda de valores, para tristeza do xerife Bell. A arte dos Coen atinge aqui o máximo da depuração: praticamente não há trilha sonora (a música de Carter Burwell só surge nos letreiros finais), os movimentos de câmera são reduzidos ao essencial, a edição privilegia a elipse. O final, onde o xerife conta seus sonhos, foi muito criticado como sendo anticlimático, mas expressa o desejo de uma volta a tempos melhores. Será que eles finalmente chegaram com Obama? (Sergio Andrade)

2º. Falsa Loura, de Carlos Reichenbach.
Idem, Brasil, 2007, Imovision.
5 votos, 55 pontos.

Em um cinema tristemente contaminado pelo ridículo desejo de corresponder aos “grandes temas” dos noticiários e debates políticos, resiste um cineasta que ainda faz filmes verdadeiramente de sentimentos, em que os personagens são mais importantes que qualquer pretensa verossimilhança. O nome desse diretor é Carlos Reichenbach, e Falsa loura, seu último longa até a data, é uma pequena preciosidade na criação cinematográfica nacional recente, e que, claro, passou quase em branco pelas salas brasileiras, que possuem em geral um público já acostumado ao mais do mesmo. É um trabalho centrado no feminino, retratado não com as tintas grosseiras da caricatura sexual habitual. A vida e as desilusões da jovem Silmara (Rosanne Mulholland, excepcional) passam pelo seu cotidiano de trabalho, o escapismo através da música e culminam na perda de qualquer esperança, ao mesmo tempo em que a moça precisa necessariamente encontrar forças para continuar sua jornada. (Filipe Chamy)

3º. A Espiã, de Paul Verhoeven.
Zwartboek, Holanda/Alemanha/Bélgica, 2006, Europa Filmes.
4 votos, 44 pontos.

A Espiã é um extraordinário trabalho do diretor holandês Paul Verhoeven. Uma verdadeira lição de humanidade e cinema. Um drama bastante diferenciado sobre a Segunda Guerra Mundial, contado pelo ponto de vista da cantora judia Rachel (Carice van Houten). Fugindo do nazismo, ela se apaixonará por um oficial alemão de alta patente. Mas nem todos que parecem ser inimigos são inimigos de fato. E nem os que parecem ser amigos são realmente pessoas confiáveis. (Matheus Trunk)

4º. Uma Garota Dividida em Dois, de Claude Chabrol.
La Fille Coupée en deux, França, 2007, Imovison.
4 votos, 43 pontos.

O cinema de Chabrol tem uma coisa interessantíssima: parece que ele consegue transpor para a tela os desejos mais obscuros do ser humano – aqueles mais passionais e (talvez) irracionais. Sua narrativa nos leva a crer e a entender perfeitamente esses desejos, por mais banais ou infantis que sejam – quando Chabrol trata deles, não há presunções, apenas emoções à flor da pele. Em Uma Garota Dividida em Dois, contrapõe os amores de uma jovem - um velho intelectual e um jovem milionário. Claro, como qualquer coisa que envolva a índole humana, as conseqüências fogem do final feliz. O cinema francês, em especial dos fundadores da Nouvelle Vague (há exceções), foram talvez os que mais se aprofundaram na alma do homem contemporâneo. As histórias hiperbólicas de Chabrol mostram o que de mais comum há no ser humano, quando falamos de frustrações e comportamento social. (Gabriel Carneiro)

4º. Senhores do Crime, de David Cronenberg.
Eastern Promises, RU/Canadá/EUA, 2007, Playarte.
4 votos, 43 pontos.

Senhores do Crime segue a mesma linha do seu predecessor, Marcas da Violência, mas com muito mais destreza e sobriedade. A “nova fase” de Cronenberg, por assim é dizer, é mais sóbria, mesmo que ainda assim vise a olhar a alma humana – dentro das contradições da vida e, em especial, da corrupção. Ao falar da máfia russa em Londres e de um infortúnio que liga uma bela garota a esses mafiosos, vemos dois prismas dos eventos, o da moça e o do motorista dos chefões mafiosos – para depois, assim como no fantástico eXistenZ, deturpar e reinterpretar tudo. Não é à toa que cenas como a da luta de sauna – cinema de ação com primor estético – nos levem a uma direção, enquanto na verdade, Cronenberg só insinua uma redenção (de quem, afinal?), para dizer: apenas observe. (GC)

6º. Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen.
Idem, Espanha/EUA, 2008, Imagem Filmes.
4 votos, 32 pontos.

O melhor filme dessa fase européia de Woody Allen. Mais do que isso, um dos grandes filmes de sua carreira, onde ele volta a tratar de um de seus temas preferidos: a confusão de sentimentos. Através de Vicky e Cristina, duas amigas americanas em férias na Espanha que se envolvem com o charmoso pintor catalão Juan Antonio e sua explosiva ex-mulher Maria Elena, Allen satiriza o comportamento racional dos americanos diante do temperamento impetuoso e passional dos espanhóis. Apesar de se passar em Barcelona o diretor não cai na tentação do “filme-turístico”. Claro que o Parque Guell, a Casa Milà e outras obras de Gaudí estão presentes, assim como a cidade de Oviedo, mas servem apenas como cenário para os conflitos amorosos dos personagens. E o final é dos mais melancólicos, mais tristes da obra de Allen. No elenco, em que Javier Bardem mostra porque é um dos melhores atores do cinema atual, Scarlett Johansson está sensual como se espera e Penélope Cruz é um verdadeiro furacão, o destaque vai para a quase novata Rebecca Hall, com a interpretação mais nuançada. (SA)

7º. Encarnação do Demônio, de José Mojica Marins.
Idem, Brasil, 2008, Fox Film.
4 votos, 31 pontos.

Com certeza esse era um dos filmes mais aguardados pelos fãs do genuíno cinema de Horror. Para os fãs de José Mojica Marins, foi uma espera que passou por várias gerações, mas valeu a pena. Encarnação do Demônio mostra a saga do lendário Zé do Caixão renovada, com influências sofisticadas do moderno horror cinematográfico e uma das mais memoráveis direções de fotografia da história do cinema brasileiro. Sequências extremas e geniais são muitas. A mulher que pratica autocanibalismo, a chuva de sangue, o barril de baratas, mutilação e a já antológica cena da mulher saindo do interior de um porco. Destaque para a presença do saudoso Jece Valadão. A Trilogia do Zé do Caixão fechou com chave de ouro! (Marcelo Carrard)

8º. Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto, de Sidney Lumet.
Before the Devil Knows You’re Dead, EUA/RU, 2007, Europa Filmes.
3 votos, 41 pontos.

Aos 83 anos, Sidney Lumet conseguiu fazer um dos filmes mais pulsantes dos últimos anos. Ao pegar a história de dois irmãos com problemas financeiros que resolvem assaltar a joalheria dos pais como solução, Lumet revela a fraude da família americana. A família, a ligação sanguínea de indivíduos, é falível, para Lumet, mas o centro de Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto é a falência do homem civilizado. O que se vê, seja nos irmãos, em suas esposas, ou nos personagens que os cercam, são pessoas dotadas interesses mesquinhos, quase “tribais” – com a diferença que a sobrevivência que buscam é numa sociedade igualmente mesquinha e “tribal”. A consequência da mirabolante história é um soco no estômago – e não é para menos. (GC)

9º. WALL•E, de Andrew Stanton.
Idem, EUA, 2008, Disney.
3 votos, 39 pontos.

A força e o apelo das animações da Pixar são inegáveis. Personagens encantadores, tramas inteligentes e roteiros originais e bem estruturados são características que atraem todo tipo de espectador, e muitos dos filmes da Pixar conseguiram se tornar paradigmáticos na área da animação. O filme conta a história do robô Wall-E, o último de sua linha que permanece na Terra, agora um planeta inabitável devido a quantidade de lixo que polui a superfície. Todos os dias, Wall-E faz seu trabalho de limpeza e recolhe, em meio ao lixo, objetos que chamam sua atenção. Essa rotina muda quando a nave habitada pelos seres humanos manda ao planeta uma sonda para detectar possíveis formas de vida. Wall-E se apaixona pela sonda, chamada Eve, e a segue até a nave mãe. A partir daí, se desenvolve a história de amor entre os dois robôs, em meio a cenas inspiradíssimas (como a dança no espaço entre Eve e Wall-E) e uma narrativa tão bem construída que não há espectador que não torça incessantemente por Wall-E. O filme consegue ser divertido, esteticamente perfeito, repleto de cenas encantadoras e, o mais difícil: passar uma mensagem ecológica e de responsabilidade social sem ser moralista. (Stefanie Gaspar)

10º. Estômago, de Marcos Jorge.
Idem, Brasil/Itália, 2007, Downtown Filmes.
3 votos, 37 pontos.

a arte de fritar coxinhas
leves , simples e precisas
a cidade assusta quem vem de
longe , deslumbre olhos pregados
nos néons , igual macabéia girando
na multidão , o delito o castigo
o rango melhorado pelo tempero
o queijo com sapatos a cidade devora
intoxica os incautos visitantes de terras distantes (Diniz Gonçalves Júnior)

11º. Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, de Tim Burton.
Sweeney Todd: The Demon Barb of Fleet Street, EUA/RU, 2007, Warner Bros.
3 votos, 27 pontos.

O genial Tim Burton surpreende com esse filme sombrio e violento de rara beleza intitulado Sweneey Todd. Mais uma vez conta com a presença de seu ator favorito, o não menos genial Johnny Depp nessa fábula gótica sobre vingança, narrada como um musical e que tem elementos inusitados como assassinatos com navalhas e (até) canibalismo. Influências de Mario Bava e do horror clássico europeu são recriadas com maestria construindo assim um filme inesquecível. A presença de Helena Bonham Carter encarnando a heroína gótica por excelência possui a dose exata de ambigüidade e sexualidade mórbida que acentuam a atmosfera de horror proposta por Burton. (MC)

12º. Juno, de Jason Reitman.
Idem, EUA/Canadá, 2007, Paris Filmes.
3 votos, 15 pontos.

Dos filmes que concorreram ao Oscar em 2008, o meu preferido é Juno. Trata-se de um brilhante filme adolescente, feito de uma maneira despretensiosa e roteirizado por uma das maiores revelações de Hollywood nos últimos anos (Diablo Cody). Juno, adolescente de 16 anos (Ellen Page) engravida de seu melhor amigo, Bleeker (Michael Cera). Desistindo de fazer aborto, ela irá procurar um casal perfeito para criar o filho indesejado. (MT)

13º. Paranoid Park, de Gus Van Sant.
Idem, França/EUA, 2007, Imovision.
2 votos, 27 pontos.

Paranoid Park é uma experiência fílmica que parece afirmar o estilo que o diretor adotou em Elefante. Os filmes de Gus Van Sant não levam o espectador a lugar algum, não oferecem nenhuma conclusão. É tudo pela trajetória, nada pelo resultado. Elefante e Paranoid Park têm em o comum o fato de não oferecerem respostas para as tragédias que problematizam. O mundo que Gus Van Sant apresenta é um diagnóstico aberto a respeito de nossa incapacidade de controlar o destino, o futuro ou o que quer que seja. Paranoid Park lida com a dualidade de Alex em relação ao mundo – quanto mais é confrontado por experiências significativas e intensas, mais parece se isolar da realidade e adotar um ar de placidez e inocência diante do mundo. Nos dois acontecimentos mais intensos e díspares do filme e em qualquer local, Alex mantém uma postura indolente e apática, como se fosse incapaz de agir de qualquer forma diante da realidade que se apresenta.. Seu olhar desfocado, inocente e ausente poderia irritar e ser um grande problema para o desenvolvimento do filme – mas, nesse caso, a apatia é desesperança. É o abandono do ser humano diante de circunstâncias que não são passíveis de controle. É a câmera de Gus Van Sant, que traz todas essas questões e as apresenta da maneira que são, sem moralizar ou responder, a responsável pelo fascínio e importância de Paranoid Park. (SG)

14º. Caos Calmo, de Antonio Grimaldi.
Idem, Itália/RU, 2008, Imovision.
2 votos, 18 pontos.

Durante muitos anos, o cinema italiano foi o melhor do mundo. O país tinha realizadores geniais como Rossellini, Visconti, Fellini, Pasolini, entre outros. Caos Calmo é um filme para lembrarmos a grandeza do cinema desta importante nação. O cineasta Nanni Moretti soube se transformar em ator para interpretar Pietro, um homem que perde a mulher e se vê sozinho na missão de criar a filha de 10 anos. Com certeza, um dos melhores filmes do ano. (MT)

14º. Queime Depois de Ler, de Ethan e Joel Coen.
Burn After Reading, EUA/RU/França, 2008, Universal Pictures do Brasil.
2 votos, 18 pontos.

Queime depois de ler é o primeiro longa de Joel e Ethan Coen após o sucesso fenomenal de seu Onde os fracos não têm vez. Por não ser um trabalho tão “sério” (conceito vago e inútil aos irmãos), recebeu menos atenção do que deveria. Porque é uma obra ímpar, fruto de um profundo senso de cinema. Os realizadores brincam de mesclar os gêneros, comédia, drama, romance, suspense, nada é estritamente definido. Mas essa alternância não desestrutura o filme; ao contrário, torna-o mais inteligente por aproveitar exemplarmente as mudanças de convenções para dar a chave para os caracteres insólitos das personagens. Lidamos com idiotas. Todas as pessoas do filme, ainda que pareça por vezes haver alguma exceção, são estúpidas. Agem sem lógica (e isso é maravilhoso, desamarrar o cinema de suas conseqüências narrativas habituais), cometem ações sem se preocupar com os resultados. Mas preocupa-nos a arte cinematográfica, aqui um brilhante amontoado de cenas bem construídas. (FC)

16º. O Nevoeiro, de Frank Darabont.
The Mist, EUA, 2007, Paris Filmes.
2 votos, 16 pontos.

O terror no último filme de Frank Darabont está na veracidade dos acontecimentos. Pouco importa o papel desempenhado pelos monstrengos (cujos efeitos especiais são propositadamente fantasiosos): quem cria o horror é a parcela da sociedade enclausurada num supermercado que, em momento de desespero, cai no fanatismo religioso, liderada pela personagem de Marcia Gay Harden – em seu melhor momento no cinema. Na primeira incursão no cinema fantástico, Darabont cria uma parábola da sociedade moderna americana – que pode ser tão “arcaica” quanto qualquer civilização de hoje ou da Idade Média. (GC)

17º. Onde Andará Dulce Veiga?, de Guilherme de Almeida Prado.
Idem, Brasil, 2007, Califórnia Filmes.
2 votos, 15 pontos.

Concebido originalmente há mais de 20 anos, em parceira com Caio Fernando de Abreu, Onde Andará Dulce Veiga? só foi de fato ganhar vida com a seleção para um laboratório de roteiro em Sundance. Melhor para nós. Alguns acusam o filme de Guilherme de Almeida Prado de ser histriônico e exagerado, mas isso é apenas mais um recurso para seu cinema alucinatório. Em Onde Andará Dulce Veiga?, as referências e o clima noir voltam – embalados pela vertigem de um mundo de ilusões, com efeitos gráficos coloridos. A busca no filme de Almeida Prado é pela realidade própria – e assim como nos filmes anteriores, a solução está nas mulheres, das mais variadas. É bom saber que após 10 anos sem lançar nada, ele volte com tudo (e um lindo final, homenageando o cinema de Demy). (GC)

17º. O Sonho de Cassandra, de Woody Allen.
Cassandra’s Dream, EUA/RU/França, 2007, Imagem Filmes.
2 votos, 15 pontos.

O veterano Woody Allen continua sendo um dos mais interessantes diretores do cinema mundial. Autor de clássicos obrigatórios como Zelig e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, Allen acertou o pé com o drama O Sonho de Cassandra. A história gira em torno de dois irmãos que passando por sérias dificuldades financeiras, aceitam matar um homem para conseguirem uma grande quantia. Depois do episódio, cada um terá um olhar diferente sobre o crime. Ewan McGregor e Collin Farell são os protagonistas dessa película que contou com uma inspirada participação especial de Tom Wilkinson. Um grande elenco em um grande filme. (MT)

19º. Batman: O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan.
The Dark Knight, EUA, 2008, Warner Bros.
2 votos, 14 pontos.

Batman – O Cavaleiro das Trevas continua apostando nas mesmas características de Batman Begins – a corrupção do ser humano, os horrores de Gotham City, uma atmosfera de perigo intermitente e, mais importante do que tudo, a dubiedade dos personagens. Batman não é um herói maniqueísta, puro, e sim um homem atormentado e corrompido. A questão de como lidar com um mundo apodrecido é o cerne de O Cavaleiro das Trevas, já que a premissa básica do filme parece ser a de que é impossível lutar contra a corrupção sem sujar as mãos. O contato com o mal nunca pode ser benéfico - daí a inclusão de um vilão como o Duas Caras. Porém O Cavaleiro das Trevas tem a enorme vantagem de incluir em sua trama o Coringa, na celebrada interpretação de Heath Ledger – e, por excelência, o protótipo da corrupção. O Coringa, ao contrário de qualquer outro vilão, não possui lógica alguma: impossível de ser compreendido, impossível de ser decifrado. Não há qualquer traço de racionalidade no Coringa de Heath Ledger, e essa recusa em seguir qualquer padrão pré-estabelecido e ser um vilão sem nenhuma vilania calculada é o melhor do filme. (SG)

19º. Gomorra, de Matteo Garrone.
Idem, Itália, 2008, Paris Filmes.
2 votos, 14 pontos.

para não tostar
no bronzeamento
cautela , olhos vivos
ou o ato final entre detritos
químicos perigosos , galpões , feira
de roupas de grife , importa a estampa
atitude , massas e acordos , rituais de iniciação
o tempo escoa a palavra não pode ser contrariada
no estampido final (DGJ)

19º. A Última Amante, de Catherine Breillat.
Une Vieille Maîtresse, França/Itália, 2007, Filmes do Estação.
2 votos, 14 pontos.

A Última Amante é um filme que se destaca pela intensidade – pela supremacia do desejo em cena e pela problematização constante desta característica ao longo da trama. Na alta sociedade parisiense do início do século XIX, o jovem Ryno, conhecido como um notório libertino por sua relação com a passional cortesã Vellini, decide casar-se com a pura e inocente aristocrata Hermangarde. Para isso, mais do que superar a opinião da sociedade, precisa deixar para trás o desejo e a atração incontrolável que sente por Vellini, interpretada pela naturalmente intensa Ásia Argento. O filme de Catherine Breillat torna-se uma problematização do papel do sexo não só como força de dominação social e cultural, e sim como uma experiência complexa que vai muito além do instinto. Ryno ama Vellini com um sentimento de entrega total, permeado por uma dor insuportável não só pelo extremismo das emoções da cortesã, como pela impossibilidade de se afastar deste relacionamento auto-destrutivo. Curiosamente, o que se percebe ao final da projeção é que essa auto-destruição é a verdadeira felicidade de Ryno. A força de A Última Amante está exatamente nessa fruição do desejo e na vitalidade de Ásia Argento como Vellini. (SG)



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