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Coluna CINEMA Extremo
ONDE O CINEMA PODE SER VIOLENTO...

Por Marcelo Carrard

Eaten Alive
Direção: Tob Hooper
EUA, 1976.

No ano de 1974 o Diretor norte americano Tob Hooper chocou o mundo com o clássico marginal e extremo do horror O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA. A importância dessa obra é bastante vasta. Influenciou e ainda influencia uma legião de cineastas, se tornou um marco dentro da bem comportada produção audiovisual americana e se tornou um Cult Movie instantâneo. O grande público, porém, desconhece um de seus melhores trabalhos: EATEN ALIVE, de 1976, uma subversão genial do clássico: PSICOSE, de Alfred Hitchcock. Já na abertura nos deparamos com o então jovem ator Robert Englund, sim ele mesmo, o nosso querido Freddy Krueger de A HORA DO PESADELO, no papel de um caipira que está em um bordel e fala a seguinte pérola: "My name is Buck and i'm here to fuck !!!" ou seja: "Meu nome é Buck e eu estou aqui para trepar !!!". Essa frase aparece em KILL BILL VOL 1 dita pelo enfermeiro tarado e cafetão. Hooper em Eaten Alive, transporta a trama para a região pantanosa da Louisiana, se deslocando do sombrio mundo dos caipiras canibais texanos de O Massacre da Serra Elétrica. A trama se ambienta em um hotel, durante uma noite e todo o filme foi rodado em estúdio.

As possibilidades estéticas de se rodar um filme totalmente em estúdio servem nesse caso para criar uma envolvente atmosfera de horror, com composições que encapsulam as personagens no doentio mundo de um assassino bizarro que tortura e mata os hospedes de seu hotel e joga os corpos no pântano ao lado onde cria seu crocodilo de estimação. No papel do assassino temos NEVILLE BRAND em atuação brilhante ao encarnar um dos mais interessantes serial killers do Cinema de Horror. A primeira vítima é uma jovem que foge do Bordel ao se negar a atender os desejos do tal Buck citado anteriormente. A violência com tonalidades realistas e uma performance absolutamente corpórea dos atores lembra diretamente o trabalho de Hooper em O Massacre da Serra Elétrica. Assim como em PSICOSE, além da trama de assassinatos brutais se passar em um hotelzinho a irmã da vítima aparece para procurar a irmã desaparecida, acompanhada do pai, interpretado por MEL FERRER. Em clima de ação quase contínua o roteiro esperto e a edição enxuta criam uma obra de extremos tanto na representação gráfica da violência quanto na tensão e no suspense.

Eaten Alive teve um circuito mais marginal de exibição, ficando restrito aos cinemas Grindhouse e aos Drive Ins. Por causa disso ficou esquecido injustamente e redescoberto por fãs famosos como o já citado Tarantino. O filme chegou a ser lançado em VHS de maneira clandestina no Brasil e tem entre seus fãs ardorosos por aqui, nosso querido amigo Edú Aguilar. As cenas dos assassinatos são muito bem realizadas e armas como: foices, aparecem em cena. O filme trafega entre o mais descarado exploitation e ao mesmo tempo no cinema autoral. Hooper tem o domínio de seu exercício de estilo nesse filme, estilo que acabou perdendo com o tempo em projetos que não valorizaram seu talento. A atmosfera onírica de horror em Eaten Alive é inesquecível. Os corredores, escadas e quartos daquele hotel isolado são cenários perfeitos para a trama se desenrolar e o mais interessante é que, mesmo com os poucos recursos da produção, detalhes como os ataques do crocodilo não parecem toscos, muito pelo contrário, Hooper foi criativo o suficiente para criar essa pequena e extrema Obra prima.



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