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Dossiê Cláudio Cunha

Oh! Rebuceteio!
Direção: Cláudio Cunha
Brasil, 1984.

Por Renato Vieira, especialmente para a Zingu!

Oh! Rebuceteio tinha tudo pra ser apenas “mais um” dos filmes explícitos que a Boca Do Lixo produziu a partir de 1981. Por que, depois de 25 anos de lançamento, o filme continua sendo visto e descoberto por filhos dos sortudos que assistiram a esse clássico em 1984? Simples: Oh! Rebuceteio mostra a sexualidade de um jeito sacana e divertido, quase brincalhão, que nenhum filme da Jenna Jameson ou Sylvia Saint vai conseguir. E aquilo que esquerdistas chamam de “raízes brasileiras” está implícito no filme. A sensualidade em seu estado mais tupiniquim (no bom sentido), onde a malícia não é apenas um corpo a corpo, mas sim um jeito de liberdade e expressão. Coisa da raça.

E é essa expressão que é o eixo do filme. Nenê Garcia, interpretado pelo próprio Cunha, é um diretor de teatro que pede a seus atores que se soltem e interajam, mas não de um jeito comum. Nenê determina que só através do sexo entre si seus atores podem se libertar. É possível traçar esse paralelo libertino/libertário com o momento que o Brasil vivia. Sei que essa não era a intenção do diretor/produtor/ator, mas a única barreira quebrada em 1984 era a sexual. Mas Cláudio Cunha utiliza essa barreira quebrada como forma de expressão, da mesma forma que os “comandados” de Nenê Garcia utilizam. Creio que, inconscientemente, Oh Rebuceteio! não só saúda a “putarie” em seu estado mais tropical, mas sim um novo país que estava ali na porta, onde os artesãos da Boca Do Lixo poderiam colocar suas idéias na tela sem a ação censória das “Donas Solanges”.Pena que não foi o que ocorreu.

Esse, foi, infelizmente, o ultimo filme que Cláudio Cunha conseguiu realizar. Muita gente acha que ele fechou melancolicamente a carreira com este filme. Cláudio Cunha ainda está vivo e é bem possível (todos nós torcemos) que ele volte a filmar. Mas, se não voltar, a verdade é que ele fechou com chave de ouro sua carreira com “aquele filme das pessoas que transam com frutas”, que é como as pessoas na internet o definem.



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