Revista Zingu!

Direção: Cláudio Cunha
Brasil, 1979.

Por Marcelo Carrard

A idéia de se aproveitar de um grande sucesso do Cinema e fazer uma versão local ou aproximada desses sucessos não é nenhuma novidade. Desde versões Pornô até refilmagens não oficiais, tanto italianos quanto americanos já fizeram isso, e felizmente aqui no Brasil. Produtores espertos tem em todo lugar e exemplos também como EXORCISMO NEGRO feito pelo Mojica para pegar carona no sucesso mundial de O Exorcista sob encomenda de um famoso produtor brasileiro. Depois do sucesso de OS EMBALOS DE SÁBADO A NOITE começaram a pipocar os Disco Movies, tema que já abordei no Subgêneros Obscuros. O genial Claudio Cunha foi beber dessa fonte em 1979 com o sensacional: SÁBADO ALUCINANTE onde dividiu o roteiro com ninguém menos do que o Sr BENEDITO RUY BARBOSA, sim ele mesmo, o autor de PANTANAL e TERRA NOSTRA, quem diria !!! No elenco temos figuras tarimbadas da filmografia de Cunha como MAURÍCIO DO VALLE, SANDRA BRÉA, ROGÉRIO FRÓES e SIMONE DE CARVALHO. A trama dos j ovens freqüentadores de uma Discoteca carioca é bem ingênua e muito engraçada quando revista agora, dos figurinos e cabelos, passando pelas músicas e pelos diálogos fenomenais.

As sequências da Discoteca são as mais divertidas. MARCELO PICCHI é uma espécie de Travolta, o "Rei das Pistas" vestindo um figurino bizarro. Sandra Bréa é uma espécie de "Rainha Solitária" da pista de dança, sua enigmática personagem aparece nua várias vezes e tenta dar um ar de seriedade dramática ao filme. O Dj é uma figura e Cunha usa uns zooms mostrando os dançarinos. Outro fenômeno Disco da época era a novela global DANCIN DAYS com Sonia Braga, também ambientada no Rio de Janeiro. Os dramas das personagens amarram a história: da jovem grávida, passando pelo garçom velho humilhado pelos fregueses até a dupla de adolescentes que tenta entrar na Discoteca e é barrado pelo porteiro. Na trilha sonora, que chegou a ser lançada em vinil na época, aparecem hits brasileiros como: Grilo na Cuca de Dudu França e uma música onde só se falava "Figueiredo, Figueiredo" numa citação ao General que comandava o Brasil naqueles tempos de Ditadura Militar. O filme tem momentos de comédia mesclados as cenas de nudez e sexo bem ao estilo do saudoso Cinema Popular Brasileiro. A imagem de Sandra Bréa na sequência final, delirando na pista de dança vestida de preto é uma imagem síntese daquela época e da própria atriz, em um grande momento de inspiração do Diretor. Um filme delicioso de assistir, o meu favorito do Cunha ao lado de PROFISSÃO MULHER.