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Musas Eternas...
PORQUE O QUE É BOM, É ETERNO...

Kate Winslet

Por Gabriel Carneiro

São poucas as atrizes que aos 33 anos são tão populares, bem sucedidas e talentosas. Kate Winslet é praticamente um fenômeno. Já ganhou todos os prêmios inimagináveis, mesmo que por filmes e atuações não tão merecedores, a ponto de, tão jovem, ganhar Oscar de compensação, na sexta indicação e sem prêmio algum. E não só isso, mesmo que sempre a tenham taxado de balzaquiana, que a coloquem como a esquisita, a mal amada, Kate Winslet é uma belíssima mulher, em toda potência.

Nascida em 5 de outubro de 1975, na Inglaterra, Kate começou cedo, e com onze anos fez um comercial de cereal de mel. Nos anos seguintes, fez algumas peças e apareceu em algumas séries britânicas, como Shrinks, Dark Season e Get Back. Aos 17 anos, foi escalada para viver uma adolescente obsessiva, apaixonada por uma colega, no quarto longa-metragem de Peter Jackson, Almas Gêmeas, de 1994. No filme, Kate já faz cenas ousadas, que marcaria sua carreira, em especial quanto à sexualidade.

Em 1995, Kate faz dois filmes de época: Um garoto na corte do Rei Arthur e Razão e Sensibilidade, que lhe dá o primeiro grande destaque como atriz. Indicada a um monte de prêmios como atriz coadjuvante, ganhou o Bafta e o SAG. Winslet rouba a cena sempre que aparece, especialmente se contrastada com a protagonista Emma Thompson – que produzindo, comandou boa parte das escolhas, ao lado do diretor Ang Lee, em seu primeiro filme americano. Não à toa, no filme Winslet compõe uma jovem apaixonada, que transita entre a obsessão e a ilusão. Em 1996, Kate ainda fez a versão de Kenneth Branagh de Hamlet, como Ofélia, e Paixão Proibida, de Michael Winterbottom.

A grande virada de carreira para Kate Winslet veio quando o megalomaníaco diretor James Cameron resolveu filmar a megaprodução Titanic (acima), até hoje a maior bilheteria já conquistada e um dos maiores fenômenos de público. No sucesso, Kate interpreta Rose DeWitt Bukater, uma aristocrata inglesa falida, que viaja com o galante e rico noivo. Porém, no navio conhece o pobretão Jack Dawson (Leonardo DiCaprio), por quem se apaixona. Tendo como pano de fundo o naufrágio do lendário navio Titanic, Kate e Jack passam por toda a tragédia do melodrama. Kate Winslet, ainda desabrochando, faz uma clássica cena de nudez, posando para DiCaprio, além de diversas cenas pulsantes de emoção. Novamente indicada ao Oscar, dessa vez como principal.

Tentando fugir do estigma da super produção, Kate buscou filmes independentes, em que pudesse enaltecer suas qualidades como atriz. Até 2001, a atriz estrelou O expresso de Marrakesh, Fogo Sagrado (ao lado) e Enigma. No set de O Expresso de Marrakesh, conheceu Jim Threapleton, que era o terceiro assistente de direção, e se casou com ele em 1998. Dois anos depois, nasceu Mia. Divorciaram-se em 2001.

Em 2000, atuaria em outra produção que chamaria atenção da crítica e do público: Contos Proibidos do Marquês de Sade, que remonta os últimos dias de Marquês de Sade (interpretado brilhantemente pelo Geoffrey Rush). Kate faz uma lavadeira do asilo, por quem Sade tem tara. No ano seguinte, receberia indicação por Iris, como coadjuvante, interpretando a versão jovem da escritora Iris Murdoch. Depois disso, Kate se afastou um pouco das telas para criar sua filha.

Algumas bobagens viriam – filmes bonitos, até, mas que não potencializariam de fato as qualidades artísticas da musa em questão -, como A Vida de David Gale, em que faz uma jornalista investigativa de David Gale – um professor sentenciado a pena de morte que tanto combate – e do sistema judicial americano, e Em Busca da Terra do Nunca, personificando a matriarca da família que inspira a criação de Peter Pan. Em 2003, Kate se casou com o atual marido, o cineasta Sam Mendes, e teve um filho, Joe.

Em 2004, fez também um dos grandes filmes da carreira: Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (abaixo). No longa, dirigido por Michel Gondry e roteirizado por Charlie Kaufman, Kate Winslet contracena com Jim Carrey (em seu melhor papel no cinema), fazendo uma extrovertida, imprevisível e alternativa mulher, que não tem medo de se aproximar do tímido Joel, que troca da cor de cabelo esdrúxula (azul, laranja... ) como troca de calcinha. Querendo não pensar mais em Joel, ela vai a uma clínica apagá-lo da memória.

No ano seguinte, faz Romances & cigarros. Em 2006, estrela A Grande Ilusão, refilmagem do filme clássico de Robert Rossen, e fez a voz da protagonista na divertida animação Por Água Abaixo. Atuou também em O Amor Não Tira Férias, fazendo par romântico com Jack Black (?!) – no filme, ela é uma jornalista inglesa que troca de residência com uma produtora de trailers americana (Cameron Diaz). Como sempre, aqui Kate faz uma mulher balzaquiana, que não encontra o romance, é traída e maltratada pelos homens que não enxergam a beleza interior dela – sempre subestimada, Kate Winslet, mulher deslumbrante, com belo corpo, vê no bobo Jack Black a saída para o amor. Kate Winslet merece algo bem melhor que Black – baixinho, gordinho e bobo! o destino das balzaquianas!, só porque não é esquelética como a Cameron.

Enfim, faria ainda Pecados Íntimos (acima), em que está no auge da beleza, formosura e do talento. Nunca esteve tão bem do que como Sarah Pierce, a mulher de vida suburbana e tediosa, que vê no romance extraconjugal uma saída à futilidade de seu estado de espírito. A bela fotografia de Antonio Calvache, aliada à direção precisa de Todd Field, fazem do filme um exemplo ótimo do bom cinema americano atual. Bela, sensual, e potente, Kate interpreta uma mulher realmente amargura e solitária, mesmo na presença do amante – seu corpo escultural nunca esteve tão alucinante, deitada, nua, de pele alva, ao lado de outro.

Em 2008, Kate fez dois filmes marcantes, ao menos é o que dizem. Em grande momento, na volta da parceria com Leonardo DiCaprio, Kate faz um papel que lembra um pouco o de Sarah Pierce quanto à personalidade, com a diferença de que ela acredita no amor e no casamento, em Foi Apenas um Sonho. Afinal, eram os anos 50, conservadores, mas ainda assim corruptos. O belo filme do marido Sam Mendes não agradou muito nos EUA e a porcaria que é O Leitor (acima) transformou-se no grande engodo. A própria Winlset disse que se fosse ganhar o Oscar, seria num filme de Holocausto. Estava certa, não só o Oscar, mas um monte de outras premiações (que a consideravam coadjuvante), premiaram a moça como Hanna Schmitz, uma carrasco nazista, que se envolve com um jovem. O Leitor é bem ruim, e a atuação de Kate medíocre – mas como disse no parágrafo de abertura, premiou pelo conjunto e pelo excesso de indicações e falta de prêmios. Merecia bem mais por Foi Apenas um Sonho.




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