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Dossiê Cinema de Bordas

Arrombada – Vou Mijar na Porra do seu Túmulo!!!
Direção: Petter Baiestorf
Brasil, 2007.

Por Gabriel Carneiro

Arrombada – Vou Mijar na Porra do seu Túmulo!!! é um filme difícil e pesado. Muito político, o média-metragem do catarinense Petter Baiestorf é a execução do seu pensamento cinematográfico, o Kanibaru Sinema. Levado às últimas conseqüências, o diretor cria uma fábula grotesca sobre instituições que renega até o último fio de cabelo.

Fazendo paródia sem fazer humor, Baiestorf opta por personagens tipificados para expor um mundo corrupto, com elementos do slasher, da pornografia e da escatologia: o mundo que o diretor mostra é podre, na própria encarnação do putrefato. Um juiz senador promete não prender um traficante de drogas se ele levar uma garota para ele. A arrombada usuária de pó é então ridicularizada e estuprada de forma grotesca e fetichista por um grupo de problemáticos simbólicos da sociedade: o juiz senador eleito duas vezes pelo voto popular que é o mais empolgado com toda a barbárie causada, o padre que se masturba e também estupra a moça e o médico que só se masturba, no filme inteiro e em qualquer situação.

De forma bem explícita, seja nas ações, seja nas palavras, Arrombada é a manifestação de Baiestof no sentido de ridicularizar e criticar o que, segundo ele, são os grandes problemas da sociedade: a religião, hipócrita, personalizada pelo padre; a política, em especial a brasileira, que é impune e aproveitadora; e o capitalismo de maneira geral. O grande problema do filme, porém está na gratuidade dos eventos. Metade do falado e do mostrado era desnecessário: o grotesco não precisa ser explorado aos últimos recursos para se fazer valer. A atribuição avacalhada aos personagens num filme que se faz sério funciona, para mostrar o ridículo – mas expor seus personagens a incessantes e longas cenas de estupros, masturbações e espancamentos só o torna enfadonho e chocante de uma forma negativa, justamente pelo abuso.

Há alguns momentos que se destacam, quando evita o gratuito e as mesmas cenas, como quando se dá a fuga da arrombada e sua parcial vingança – ao aproveitar-se da tara dos fetichistas, dá-se uma guinada no filme, com ótimas cenas sanguinolentas. Assim como a conclusão. Parece haver alento e demonstrações de um cinema que não se rende a nada: mesmo assim, não consigo escapar da comparação desse filme com o cinema do cineasta Cláudio Assis. Assim como os filmes diretor pernambucano, Arrombada é um filme político, crítico da sociedade, que com suas imagens visa ao choque, ao horror, ao desbunde e à náusea – a estética do gratuito. A vantagem do filme de Baiestorf é que não tem a mesma pompa e pretensão dos filmes de Assis, além do fato de Petter manipular bem as cenas terroríficas.

Outro atrativo do longa de Baiestorf é a atriz Ljana Carrion, belíssima e boa atriz, que faz sua estréia em (e como) Arrombada. Ela está também na última “grande” produção do diretor, Vadias do Sexo Sangrento.

Uma pena que, além de Ljana Carrion, a melhor coisa do filme seja o excelente título: Arrombada – Vou Mijar na Porra do seu Túmulo!!! Mesmo assim, fundamental para entender a obra do diretor.

*O filme pode ser adquirido diretamente com Petter Baiestorf, por R$ 15,00, pelo email baiestorf@yahoo.com.br .




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