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Dossiê Cinema de Bordas

Chupa-Cabras
Direção: Rodrigo Aragão
Brasil, 2004.

Por Vlademir Lazo Corrêa

Antes de estrear com o elogiado longa Mangue Negro (2008), o capixaba Rodrigo Aragão que, por ser filho de um ex-dono de circo ─ também mágico ─, cresceu “vendo pessoas transformarem coisas comuns em coisas flutuantes” (conforme declaração sua a uma reportagem da revista Bravo!), desde criança vem dominando técnicas de maquiagem, o que o levou primeiro a se tornar artista plástico e depois diretor teatral, e daí para o cinema foi um salto - após vinte anos assustando e surpreendendo parentes e vizinhos com sua arte de modelar o terror em suas mais diversas formas e faces.

Há uns cinco anos, os seus amigos na pequena vila de pescadores de Perocão, distrito de Guarapari (ES), resolveram apostar no talento do jovem visionário, decidindo financiar um curta-metragem com a modestíssima quantia de R$300,00. Filmado em um único fim de semana, Chupa-Cabras começa com um sujeito com os olhos vendados sendo arrastado por dois indivíduos que não conseguimos identificar. Eles o levam para uma casa velha e abandonada aonde é jogado para um canto do lugar infestado de sujeira e de teias de aranha. Ainda com os olhos amordaçados, luta para se desvencilhar das amarras que o mantém caído no chão e enclausurado entre as paredes daquele local enodoado e imundo.

A fuga o leva a correr pelo mesmo mato no qual fora trazido de arrasto, mas o perigo que mais o ameaça o acompanha na mesma direção para qual ele dispara. Ao contrário de muitos outros videomakers do mundo inteiro, que se dedicam aos filmes de terror, em seu primeiro trabalho audiovisual, Rodrigo Aragão não cai na tentação de se exceder no abuso de sequências abarrotadas de sangue. A primeira metade do curta relata a desesperada tentativa de libertação de um sujeito perseguido e acuado num matagal da localidade onde reside o diretor. O empenho é mais em criar uma atmosfera de tensão e horror, com os préstimos da trilha incidental que reforça o clima desejado, do que driblar os quase que inexistentes custos de produção.

Um dos méritos parece ser o de evitar que o resultado caia no humor involuntário, o que poderia prejudicar os resultados pretendidos. Perto do final, com a presença do chupa-cabras que, desde o começo se insinuava e que então se revela de vez, o filme, obviamente, passa a usar mais os efeitos de maquiagem e sangue, e se torna mais divertido e alucinado. Sem dúvida uma experiência que serviu de aprendizado e de ensaio para o passo maior que foi o Mangue Negro.

Quem se interessar, pode assistir ao curta no Youtube:

Chupa-Cabras
Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=p65CaHe6HAw
Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=9XTauJ4WU9c




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