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Coluna do Biáfora

Votação da APCA

Por Rubem Biáfora, artigo selecionado por Sergio Andrade

“O que é mais grave? O Conformismo? A mediocridade? O “mau-caratismo”? O fazer da crítica de arte mero empenho ou trampolim para o próprio brilho, ânsia de aparecer ou prosperidade pessoal? Omitir-se? Dar vazão a despeitos ou recalques? A vinganças por motivo de inveja? Não amar ou não levar a sério a arte sobre a qual se pontifica? Adotar um zelo desavisado ou “inocente útil” por temer a grita calculada e hipócrita dos mafiosos que nunca fizeram outra coisa? Adorar as “viagens” ou a “feerie gay”? Estar a serviço de Moscou?

Claro! Nada disso isoladamente – porque facilmente reconhecível? – importaria muito. Mas quando tudo se mistura e vira combinação? Mesmo quando difuso, casual ou até natural...Assim foi segunda-feira última, pelo menos no que se refere a cinema, na votação da APCA, sobre cujos antecedentes urge esclarecer muita coisa. Em todo o caso, vale acentuar que desta vez – já que os prêmios da Embrafilme e os de mais outra entidade são aquilo que se sabe – de novo prevaleceu o que convém ao comunismo grosseiro que se pratica neste país. Viva ele! De nossa parte, esclarecemos, por exemplo, que ficamos impossibilitados de pleitear o “Grande Prêmio da Crítica” para o talvez penúltimo remanescente do pioneirismo paulista, o professor Canuto Mendes de Almeida (a vez era dele), e também de porfiar pela redentora atuação de Luis Linhares como melhor ator coadjuvante no bem estruturado mas matreiro, antiético e tripudiador “Tudo Bem!”. Mas fica por isso mesmo. Talvez no futuro alguém encontre uma maneira de fazer o PC não manobrar impunemente as cartas.”

*Publicado originalmente em O Estado de S. Paulo de 13/01/80.



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