Escrito, produzido e dirigido pelo alagoano Pedro Onofre, O Suicídio narra o drama do jornalista Frederico que, desempregado e com o casamento em crise, vê como única saída terminar com a própria vida. Incapaz de cometer o suicídio, Frederico esquece os valores morais e acaba se envolvendo com a cunhada Berenice, uma jovem de 17 anos que vende o corpo para sobreviver. Em pouco tempo, o alcoolismo, a cocaína e o mundo do crime tornam-se parte da rotina do casal.
O Suicídio é o longa-metragem resultado do II Curso de Teledramaturgia, ministrado em Maceió pelo teatrólogo Onofre e, talvez por isso, carece de uma linguagem mais dinâmica, própria da televisão ou mesmo do cinema. É possível ainda identificar uma pretensão exagerada em algumas escolhas do produtor, como a opção por um filme de longa duração (são quase 100 minutos de duração) e a preferência pelo gênero melodramático, abordando um tema complexo, repleto de discussões polêmicas e existenciais.
Outro ponto negativo, além dessa seriedade pretensiosa, é a artificialidade dos diálogos, possível herança do texto original escrito por Onofre para o teatro. A falta de naturalidade com que agem e falam as personagens impede que o espectador participe e se envolva com o aquilo que vê, requisito básico do gênero melodramático, que busca comover quem assiste.
O elenco principal é encabeçado pelo também alagoano Antônio Freire, que já trabalhou em produções de destaque nacional, como Luzia Homem, de Fabio Barreto. Outros nomes menos conhecidos são Polliana Smith, Helena Caroline, Gidelson Costa e Alexandre Pastl. Filmado em digital, a fotografia é de Alexandre Mello e a cenografia ficou a cargo de Van Lima.
O Suicídio peca também, como ambição à obra audiovisual, ao não aproveitar a possibilidade do uso da trilha musical (toca-se uma única música, durante a abertura). Já as cenas de nudez da belíssima Berenice, que são justificadas como essenciais pelo diretor, dão algum fôlego à longa jornada do personagem protagonista e do espectador.
Enfim, a frieza com que é conduzido o enredo e os personagens, impede qualquer identidade com as idéias propostas pelo filme, principalmente à apologia ao suicídio como renascimento e alternativa viável, mesmo que romântica. Esperava-se mais do dramaturgo Pedro Onofre, que é também juiz de direito e escritor imortal da Academia Maceioense de Letras.