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Carta ao leitor.

Os anos 80 representaram uma mudança comportamental em parte da cultura brasileira. Foram anos mais leves, mais debochados, que não se levavam tão a sério. Talvez fosse o fim do Regime Militar, em que não havia mais a mesma preocupação engajada e combativa. Em São Paulo, formou-se um diferente cinema, mais leve, puxando mais para a comédia, apropriando-se de elementos metalingüísticos. Era uma alternativa à produção da Boca do Lixo, quase toda voltada ao sexo explícito, a partir, de 1984.

Boa parte desses cineastas era formada em cinema, especialmente pela ECA. O dinheiro, quase sempre, vinha da Embrafilme. Mas isso não significava academismo ou qualquer oposição ao cinema popular. Muitos desses filmes foram grandes sucessos, como A Marvada Carne, dirigido por André Klotzel, o nosso perfilado do mês. O cineasta é um dos maiores nomes dos últimos 25 anos de nosso cinema.

Paralelamente ao Dossiê André Klotzel, trazemos o Especial Jovem Cinema Paulista dos anos 80, para justamente abordar alguns outros cineastas que compuseram esse mosaico de renovação no cinema paulista dos anos 80. O termo “jovem” vem do crítico e teórico Jean-Claude Bernadet, em seu texto Os Jovens Paulistas (1985) – parte do livro Desafio no Cinema -, em que analisa a produção daquele começo de década, chamando de jovens os cineastas que dirigiam seus primeiros longas-metragens nos anos 80. Pode até ser falha essa denominação e agremiação, afinal, são cinemas bem diferentes. Mas há características em comum, e, mais importante, representaram uma renovação na produção da época.

Apesar da existência do texto do Bernadet e de alguns outros, o cinema paulista florescente nos anos 80 ainda é pouco estudado. Com o fim da Embrafilme, esse cinema acabou, em partes. Muitos voltaram a dirigir, mas após longo hiato. São cineastas com mais de 25 anos de carreira e por volta de 3 longas-metragens – os que continuaram, claro. Com o fim da Embrafilme, o interesse nesses filmes, assim como no cinema brasileiro diminuiu.
Zingu! traz esse dossiê e esse especial justamente para jogar uma luz no tema. Está longe de ser um documento e uma revisão crítica do assunto. O que queremos é chamar a atenção de nossos leitores para essa produção. E esperamos conseguir. Ainda mais porque parte dessa produção pode ser encontrada em DVD, em VHS, no Canal Brasil ou em sites de compartilhamento.

A Zingu! também tem passado por renovações. Primeiro, veio a reformulação gráfica, por conta de nossa webdesigner Anne Freitas – com acertos e realocações a fazer, mas caminhando. A partir desta edição, #37, de novembro e dezembro de 2009, a revista passa a ser bimestral. Dessa forma, teremos mais tempo para elaborar um conteúdo melhor apurado e mais amplo. Para manter um dinamismo, em janeiro abriremos o blog da Zingu!, com postagens freqüentes sobre novidades cinematográficas, além de ser mais uma forma de comunicação com o leitor, que poderá deixar comentários, fazer sugestões, e nos ajudar a melhorar o conteúdo. 2010 trará muitas novidades para você, leitor.

Feliz Natal, e uma ótima virada de ano. Que venha 2010!

Gabriel Carneiro
Editor da Zingu!



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