Inferno in Diretta
Direção: Ruggero Deodato
Itália/EUA, 1984.
Filmes extremos com ambientação na selva são uma paixão do mestre Ruggero Deodato, sendo Cannibal Holocausto o seu maior êxito. Antes de realizar sua obra-prima, ele se embrenhou na selva e dirigiu o excelente Last Cannibal World. Já consagrado como diretor, ele retorna à selva amazônica pelas mãos da produtora de Roger Corman, com a colaboração de Wes Craven, em uma sangrenta aventura sobre mercenários ligados ao tráfico de cocaína, índios assassinos, entre outros elementos, no clássico obscuro Inferno in Diretta (a.k.a. Cut and Run).
A abertura do filme brinda o espectador com uma seqüência de ação em que a câmera se move dentro de um rio - nada devendo às antológicas cenas dos filmes de grande orçamento. No papel do índio que lidera o sangrento ataque do início do filme está o ator Michael Barryman, um freak real que aparece no clássico Quadrilha de Sádicos, de Wes Craven. Ele rouba a cena nos momentos em que aparece, nessa que é a sua maior atuação sem dúvida. A trama gira em torno do filho de um milionário que é seqüestrado pelos tais mercenários. Um casal de jornalistas parte em busca do garoto e dos mercenários, transmitindo ao vivo matérias da selva. É daí que vem o título original do longa, Inferno in Diretta, ou seja, Inferno ao Vivo.
Muitos foram os cortes da censura nos EUA. Na cópia restaurada do DVD, essas seqüências cortadas têm o áudio em italiano, pois somente lá existiam cópias sem cortes do filme. Os corpos mutilados de traficantes em Miami, o ataque liderado pelo índio interpretado por Barryman e a inacreditável cena do homem desmembrado na selva, estão entre as extremas seqüências cortadas na época do lançamento do filme nos EUA.
A excelente trilha sonora de Claudio Simonetti sublinha muito bem tanto os momentos mais extremos, quanto as belas locações do filme. Como aventura de selva italiana, remete a clássicos como Duri a Morire, de Joe D’Amato, mesclando ação, trilha sonora inspirada e violência extrema. Inferno in Diretta é um filme, no mínimo, muito divertido e nostálgico, para meninos, como aqueles que povoavam as prateleiras das videolocadoras nos anos 80. Altamente recomendado.
