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Dossiê André Klotzel

No Tempo da II Guerra
Direção: André Klotzel
Brasil, 1989.

Por Gabriel Carneiro

Curta-metragem documental produzido para o Instituo Itaú Cultural, No Tempo da II Guerra é, talvez por ser encomenda, o filme mais desinteressante de André Klotzel. Bem construído e informativo, o curta não tem a mesma verve narrativa de outros documentários do cineasta. Não há nada de novo em seu formato, em seu diálogo com o espectador. O que se vê ao longo de 17 minutos são imagens de arquivo, cinejornais e locuções de rádio da época, além de uma narração feita para o filme. Nada mais.

Em termos de informação, claramente o filme é bem resolvido e amarrado. O que faz Klotzel é um panorama do Brasil no período da Segunda Guerra Mundial (1939-45), especialmente no âmbito cultural e midiático. Vemos o governo Getúlio Vargas pelo prisma histórico, com devido distanciamento para ver o que de positivo e negativo houve nesse governo.

A vantagem do curta é que, mesmo não havendo nenhum dos traços de Klotzel – nem com a cena final, tendo Leon Cakoff encarnando Getúlio Vargas -, não cai num panfletarismo, que condena de cara o governo, assim como não o exalta. Sabiamente, o que faz o cineasta é recuperar documentos de época valiosos imageticamente para novas gerações – o que talvez tenha sido o objetivo do Itaú Cultural, que lançou o filme de Klotzel junto com vários outros curtas, seguindo o mesmo padrão, em DVD, na caixa Panorama Histórico Brasileiro.

Quando digo acima que No Tempo da II Guerra é o filme mais desinteressante de Klotzel, não quero dizer que seja um filme ruim, ou mesmo chato. A questão é que no padrão André Klotzel de fazer documentários, com sua leveza típica, e um extremo bom humor – que renderia o brilhante Brevíssima História das Gentes de Santos -, No Tempo da II Guerra é só mais um documentário. O valor histórico, porém, é inegável.



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