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Dossiê Ivan Cardoso

As Sete Vampiras
Direção: Ivan Cardoso
Brasil, 1986.

Por Matheus Trunk

Dizem por aí que faço jornalismo parcial. E como faço questão de assumir minha parcialidade total, apresento aqui meu filme preferido do Ivan e um dos meus brasileiros preferidos: “As Sete Vampiras”.

Segundo longa do diretor carioca, a história começa bem ao molde dos filmes B americanos. E mesmo com grandes pinceladas de Roger Corman: um grande botânico brasileiro encomenda uma rara planta carnívora, de origem africana. A planta, não só engolirá o biólogo como também transformará a esposa dele, Sílvia Rossi (a musa-problema Nicole Puzzi) em vampira.

Ela provocará uma série de assassinatos, que preocuparão a polícia. Diga-se de passagem que o clã policial da trama merece uma atenção especial: temos o gigante Colé Santana (tio do trapalhão Dedé Santana e ator ainda injustiçado, que atuou em diversas chanchadas) interpretando o inspetor Pacheco e mesmo o lendário maestro Benê Nunes, interpretando um chefe de polícia. Benê ainda assina a trilha sonora, juntamente com o rockeiro Léo Jaime.

A polícia fica totalmente desacreditada com a série de mortes. A vampira viúva encontrará num grande amigo de seu marido, Rogério (John Herbert) como sócio ideal para eles montarem o espetáculo “As Sete Vampiras”. Esse show, será apresentado numa boate de um grande hotel. Os crimes continuarão na trama, agora relacionados a boate.

O elenco feminino das vampiras não é de se jogar fora: Simone Carvalho, Lucélia Santos, Susana Matos, Alvamar Taddei, Danielle Daumerie e mesmo Tânia Boscoli. Para se deslumbrar melhor ainda com a musa Simone Carvalho, no auge da beleza nada melhor que ver a cena eem que ela toma banho completamente nua antes de ser assassinada pela vampira.

As coisas só melhoram quando é contratado, a mando de Rogério um desastrado detetive. Esse detetive, Raimundo Marlou é completamente desastrado, medroso e viciado em histórias em quadrinhos. Esse personagem é feito por Nuno Leal Maia, que dá um show á parte no filme. O detetive, possui ainda uma secretária Maria (Andréa Beltrão), que também é namorada dele. Ela tentará arrumar emprego na boate, para ajudar Raimundo a investigar melhor os crimes.

Quanto mais a polícia e o detetive Marlou vão chegando ao verdadeiro assassino, mais o filme cresce. O longa tem tantas qualidades, que se torna quase um erro tentar dar todas.

Mesmo assim, não consigo tirar da cabeça, todos aqueles atores dos tempos áureos da chanchada que mesmo em participações especiais dão um toque especial a fita. Wilson Grey como Fu Manchu, a fantástica Zezé Macedo como uma empregada da boate e mesmo o cantor, humorista e showman Ivon Cury, como o genial Baron Von Pal. Eles, são verdadeiros heróis do cinema e da arte brasileira, que somente quando dirigidos por pessoas da inteligência de um Ivan Cardoso, conseguirão mostrar um pouco dos seus grandes talentos. E falando em chanchada na obra do mestre do terrir, nada melhor que citar mais uma vez a grande presença de Colé Santana. Talvez esse papel dele nesse filme, seja o maior papel de Colé na história do cinema brasileiro. Nada mal pra um verdadeiro poeta do cinema nacional, com tantos anos e filmes na bagagem.

O clima de deboche e mesmo de falsete permeiam toda a duração do filme. Um dos momentos mais especiais é quando um grupo de rock, encabeçado pelo próprio cantor (ator e até comentarista esportivo) Léo Jaime, canta a canção-título do filme .

Exemplar do melhor que o cinema tupiniquim já produziu, “As Sete Vampiras” é um desses filmes tão especiais que devolvem a nós um pouco a alegria de viver.



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