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Cantinho do Aguilar...

"13"

Por Eduardo Aguilar

“13” é o livro de estréia de Fabrízio Barberini que assina sob o pseudônimo de S. R. Kneipp. O livro foi publicado pela L.G.E Editora e apresenta ao leitor um conjunto de contos de terror.

O primeiro pensamento que me ocorre sobre esse livro é de que são contos muito cinematográficos, é possível ver cada cena e, no entanto, o livro expõe com clareza a força maior da literatura em relação ao cinema, em especial, porque enfatiza a liberdade do leitor para criar seu próprio universo e faz isso com uma riqueza de detalhes descritivos, mas que nunca são capazes de preencher um décimo do todo. Sua maior aproximação com o cinema, ainda que certamente isso também seja mérito da boa literatura do gênero, é a capacidade de criar uma atmosfera extremamente envolvente como nos contos que resolvi destacar: “13”, “O Jogador e a Cartola” e “Um Toque de Fogo Gelado”. Sem desmerecer os demais contos, na leitura de “Um Toque de Fogo Gelado” por exemplo, pude sentir o famigerado ‘frio na espinha’. Trata-se de um ‘road-tale’ desnorteante no qual entre outras situações assombrosas, surge diante dos olhos do incauto herói, uma garota que anda de ponta cabeça com os seus cabelos tocando o chão. Uma imagem difícil de ignorar e que permaneceu no meu imaginário dificultando algumas noites de sono.

Em “O Jogador e a Cartola”, S. R. Kneipp se aventura pelo tema do duplo, não fosse a necessária ambientação de época, seria perfeitamente viável transformá-lo em um curta. O protagonista trás a vida seu ‘doppelgänger’ (palavra alemã que designa o “duplo” que existe de cada um de nós) e não consegue mais eliminá-lo. Em um crescendo sufocante envolvendo a clássica situação de se sentir perseguido pela própria sombra, o autor nos tortura agonicamente até a última frase.

Em “13”, o título que dá nome ao livro, lembrei-me imediatamente da série “Além da Imaginação”. É a história de um relógio dividido em 13 horas. O que acontece na 13.ª? É de dar calafrios em qualquer um, mas um relojoeiro, ao contrário, não se intimidaria. Azar do leitor!

S. R. Kneipp desenvolve sua narrativa em um estilo assumidamente gótico, quase parnasiano, e em um paralelo com o cinema, eu não me furtaria de apontá-lo como um livro cheio de ‘firulas’. Confesso que por várias vezes tentei entender o que me fascinou nessa leitura diante de uma escrita que em tese, não me atraí. ‘Dessarte’, o que me pegou e me fez chegar ao cabo da leitura, foi seu intenso trabalho atmosférico, algo muito valioso hoje em dia e que poucos sabem conduzir.

Estou longe de me considerar um crítico, muito menos de literatura, mas recomendo o livro de S. R. Kneipp, além dos contos citados, existem outros tão bons quanto, como “Verme” e “Necrópoles” e o poético “Aqueles que vivem nas sombras”. Arrisco dizer que estamos diante de um autor de enorme potencial e que merece ser acompanhado com muita atenção.

“13” - Livro de contos de terror
autor: S. R. Kneipp ‘aka’ Fabrizío Barberini
Publicação: L.G.E Editora
Maiores informações nos sites:
http://www.overmundo.com.br/overblog/novos-escritores-brasilienses
http://www.guerreiro.com.br/busca/default.asp?tipo_pesq=2&autor=KNEIPP,%20S.R.&cate=&busca=&subcatenome



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