Dossiê Jairo Ferreira
Jairo Ferreira: Um Crítico de Vanguarda
Por Matheus Trunk
Com seu estilo debochado e anárquico, Jairo Ferreira se tornou talvez, o único crítico brasileiro de vanguarda. É impossível separar o cineasta e principalmente o cinéfilo do crítico. Seja pelo São Paulo Shinbun, pela Folha de São Paulo, pela Filme Cultura ou mesmo em seus derradeiros textos na revista eletrônica Contracampo, Jairo Ferreira é sempre o mesmo.
Jairo Ferreira Pinto nasceu em São Paulo em 1945. Cineclubista acompanhou a Cinemateca Brasileira desde os dezoito anos e foi coordenador do famoso e lendário Cineclube Dom Vital. Entre as pessoas que freqüentavam o lugar estão Alfredo Sternheim e mesmo José Julio Spiewak.
Iniciou-se como crítico no jornal de emigração japonesa “São Paulo Shinbun”, onde em meados de 66 a convite do crítico e poeta Orlando Parolini. Dividiram a coluna juntos, cada um escrevendo-a a cada quinze dias. Porém, a partir do ano seguinte Jairo passou a escrever a coluna sozinho.
Conseguiu por meio da sua coluna divulgar e incentivar jovens cineastas paulistas (como Carlos Reichenbach, Rogério Sganzerla, João Batista de Andrade, João Callegaro, entre outros), tornando-se o grande porta-voz de sua geração, que seria conhecida depois como a do Cinema Marginal. A partir de 68 seus textos no Shinbun passaram a ser dedicado ao cinema da Boca do Lixo.
Em diversas oportunidades, a coluna foi assinada por diversos amigos de Jairo como Reichenbach, Márcio Souza, João Batista de Andrade, Jean-Claude Bernadet e Inácio Araújo. A partir de fevereiro de 72, fez seus célebres artigos sob pseudônimos como Marshall Mc Gang, Ligéia de Andrade e mesmo João Miramar. O fim da colaboração de Jairo no diário nipônico seria em julho do mesmo ano.
Uma seleção dos artigos dessa época estão reunidos no livro lançado pela Coleção Aplauso do Estado de São Paulo com organização do professor e cineasta Alessandro Gamo.
Jairo editou revista Metacinema e colaborou de forma esparsa na revista Filme Cultura. Prosseguiu ainda sua carreira crítica nas páginas da “Folha de São Paulo” durante quatro anos (76-80). Foi assessor de imprensa da Embrafilme, e atuou em diversas produções cinematográficas seja como still ou mesmo como roteirista.
Na Folha, Jairo conseguia ter liberdade total para falar do cinema que o interessava. “Em 70% dos textos da Folha, ele falava de cinema brasileiro. Que era o que ele mais gostava”, define o crítico Juliano Tosi. Assim, ele conseguia muitas vezes dar páginas e mais páginas de um grande jornal diário a cineastas como Julio Bressane, Ozualdo Candeias, Jean Garret, entre outros. E mesmo quando tinha de falar do cinema dominante, Jairo o tratava de maneira bem-humorada e genial (como em artigos como“A Turma de James Bond em São Paulo”).
Sua paixão pelo cinema não-oficial, especialmente experimental o fez escrever sua obra mais famosa, o livro “Cinema de Invenção”.
Nas folgas do jornal, o crítico conseguia dirigir curtas-metragens em Super-8 como O Ataque das Araras (1975), O Vampiro da Cinemateca (1977), Horror Palace Hotel (1978) e O Insigne Ficante (1981). Porém, seu filme mais famoso foi justamente o único dirigido em 35 mm: “O Guru e Os Guris”, de 75.
Após sua repentina saída da Folha, Jairo permaneceu praticamente esquecido durante um longo tempo. Foi necessário esforços de pessoas como Juliano Tosi e a turma da Contracampo, que o chamaram para colaborar na revista eletrônica.
Jairo morreu de forma trágica e precoce em agosto de 2003.
A Zingu! espera que esse pequeno, mas singelo dossiê, possa fazer mais pessoas se interessarem pela sua carreira.
Jairo Ferreira: Um Crítico de Vanguarda
Por Matheus Trunk
Com seu estilo debochado e anárquico, Jairo Ferreira se tornou talvez, o único crítico brasileiro de vanguarda. É impossível separar o cineasta e principalmente o cinéfilo do crítico. Seja pelo São Paulo Shinbun, pela Folha de São Paulo, pela Filme Cultura ou mesmo em seus derradeiros textos na revista eletrônica Contracampo, Jairo Ferreira é sempre o mesmo.
Jairo Ferreira Pinto nasceu em São Paulo em 1945. Cineclubista acompanhou a Cinemateca Brasileira desde os dezoito anos e foi coordenador do famoso e lendário Cineclube Dom Vital. Entre as pessoas que freqüentavam o lugar estão Alfredo Sternheim e mesmo José Julio Spiewak.
Iniciou-se como crítico no jornal de emigração japonesa “São Paulo Shinbun”, onde em meados de 66 a convite do crítico e poeta Orlando Parolini. Dividiram a coluna juntos, cada um escrevendo-a a cada quinze dias. Porém, a partir do ano seguinte Jairo passou a escrever a coluna sozinho.
Conseguiu por meio da sua coluna divulgar e incentivar jovens cineastas paulistas (como Carlos Reichenbach, Rogério Sganzerla, João Batista de Andrade, João Callegaro, entre outros), tornando-se o grande porta-voz de sua geração, que seria conhecida depois como a do Cinema Marginal. A partir de 68 seus textos no Shinbun passaram a ser dedicado ao cinema da Boca do Lixo.
Em diversas oportunidades, a coluna foi assinada por diversos amigos de Jairo como Reichenbach, Márcio Souza, João Batista de Andrade, Jean-Claude Bernadet e Inácio Araújo. A partir de fevereiro de 72, fez seus célebres artigos sob pseudônimos como Marshall Mc Gang, Ligéia de Andrade e mesmo João Miramar. O fim da colaboração de Jairo no diário nipônico seria em julho do mesmo ano.
Uma seleção dos artigos dessa época estão reunidos no livro lançado pela Coleção Aplauso do Estado de São Paulo com organização do professor e cineasta Alessandro Gamo.
Jairo editou revista Metacinema e colaborou de forma esparsa na revista Filme Cultura. Prosseguiu ainda sua carreira crítica nas páginas da “Folha de São Paulo” durante quatro anos (76-80). Foi assessor de imprensa da Embrafilme, e atuou em diversas produções cinematográficas seja como still ou mesmo como roteirista.
Na Folha, Jairo conseguia ter liberdade total para falar do cinema que o interessava. “Em 70% dos textos da Folha, ele falava de cinema brasileiro. Que era o que ele mais gostava”, define o crítico Juliano Tosi. Assim, ele conseguia muitas vezes dar páginas e mais páginas de um grande jornal diário a cineastas como Julio Bressane, Ozualdo Candeias, Jean Garret, entre outros. E mesmo quando tinha de falar do cinema dominante, Jairo o tratava de maneira bem-humorada e genial (como em artigos como“A Turma de James Bond em São Paulo”).
Sua paixão pelo cinema não-oficial, especialmente experimental o fez escrever sua obra mais famosa, o livro “Cinema de Invenção”.
Nas folgas do jornal, o crítico conseguia dirigir curtas-metragens em Super-8 como O Ataque das Araras (1975), O Vampiro da Cinemateca (1977), Horror Palace Hotel (1978) e O Insigne Ficante (1981). Porém, seu filme mais famoso foi justamente o único dirigido em 35 mm: “O Guru e Os Guris”, de 75.
Após sua repentina saída da Folha, Jairo permaneceu praticamente esquecido durante um longo tempo. Foi necessário esforços de pessoas como Juliano Tosi e a turma da Contracampo, que o chamaram para colaborar na revista eletrônica.
Jairo morreu de forma trágica e precoce em agosto de 2003.
A Zingu! espera que esse pequeno, mas singelo dossiê, possa fazer mais pessoas se interessarem pela sua carreira.