Coluna do Biáfora
Por Rubem Biáfora, artigo selecionado por Sergio Andrade
FRUTO PROIBIDO
Por Rubem Biáfora, artigo selecionado por Sergio Andrade
“Do ator teatral “off TBC” e aspirante a galã cinematográfico Egydio Eccio transformou-se depois em diretor (o bem-sucedido “O Leito da Mulher Amada”, um deles) e, pouco antes de sua morte, ocorrida em fins do ano passado, num lutador pela causa e direitos do cinema paulista. Mas há ainda a lamentar que ele não tenha podido transformar em filmes pelo menos os dois roteiros que certa vez enviou a um concurso da categoria e que – se não estamos enganados – foram ambos premiados com toda a justiça. “Pintando o Sexo” atualmente em cartaz, não é bem uma fita de Egydio, mas este “Fruto Proibido” não obstante a produção e orientação de mesmo Victor Di Mello de uma filmografia não muito empenhada, o é. E é a derradeira realização do antigo galã de Irina Grecco e Elizabeth Henreid. Aqui quatro setores fundamentais: roteiro, argumento, direção e montagem estiveram a seu cargo. A estupidez da apressada e criminosa lei de regulamentação da “profissão de artista” (será que artista, escritor, compositor, cantor são “profissões” no sentido comum da palavra, ou são dons inatos, intuição, prerrogativas, encargos e direitos sagrados, privilégio, honra, missão benfazeja e excepcional?) não o permitiria, mas duvidamos muito que ela seja exeqüível, assim absurda como está. A história do filme gira em torno de um rapaz que tem um caso com uma viúva algo mais velha que ele (Nathalia Timberg, que esteve excepcional em “Viagem aos Seios de Duilia”) e, ao vê-la ameaçada por um maníaco homicida, se angustia tanto a ponto de assumir a personalidade do criminoso a fim de evitar o desenlace. Mas...O diabo é o ator incumbido de papel tão chave e destinado a sustentar um filme, para não preencher as condições necessárias. Em compensação a fotografia é do excepcional Edward Freund, também valioso como diretor, autor, ator, câmara. (Mais uma vítima e mais um problema com a famigerada lei...) A verificar.”
*Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 04 de junho de 1978
*Publicado originalmente no “O Estado de S. Paulo” de 04 de junho de 1978